Amor mortal-continuação
Onde me encontrava agora era frio. Algumas velas iluminavam o ambiente e com algum esforço meus olhos vasculharam o lugar. Era uma sala pequena, e o papel de parede era todo preto. Percebi que estava deitado em uma mesa comprida e que ao redor havia uma espécie de altar enfeitado com flores vermelhas, e em cima vários objetos. Facas, tesouras pontiagudas, alguns livros de capa escura, e alguns recipientes contendo coisas que não consegui definir. A dor que começara pela cabeça, agora estava por todo o meu corpo e eu não conseguia parar de tremer. Ouvi o barulho da porta se abrindo e logo fragmento de conversas chegaram até a mim. ”Acho que não está pronto.” “Cansada de esperar.” “Demorando demais.” De repente a porta voltou a se fechar e passos se afastaram.Eu estava muito debilitado, mas sabia que precisava fugir dali antes que as vozes voltassem. Com muito esforço consegui descer da mesa e lentamente me encaminhei para a saída. Considerando minha estrema fraqueza, meus algozes não trancaram a porta e eu não perdi a oportunidade de sair por ela. Segui por um corredor estreito e mal iluminado. Quando estava quase chegando a uma segunda porta, senti as pernas bambearem e caí de costas no chão. Um suor frio encharcou meu corpo, um zumbido forte penetrou em meus ouvidos e a escuridão me envolveu. Acordei novamente na mesa cumprida e desta vez meus braços e pernas estavam amarrados. Eu não estava sozinho. Sentado em uma cadeira um senhor de feições severas me observava. A sede me dominava. Tentei pedir água, mas só um ronco fraco saiu dos meus lábios. O homem percebeu minha agonia e com um sorriso estranho,se levantou e encheu um copo de um líquido amarelado e derramou em minha boca. Era algo de gosto forte e cheiro de coisa podre. Meu estômago se revoltou e não consegui segurar o vômito. O sujeito então tampou meu nariz e fui obrigado a engolir aquela horrível beberagem. (continua) 20-04-2012