Memórias De Um Serial Killer -5
Capítulo 4
Desta vez teria de ser um homem, escolhido entre os moradores de rua já que ninguém dá a mínima importância se algum deles desaparece.
Descobri um solitário que tinha sua rotina restrita a alguns quarteirões da periferia. Seu vício pela bebida me ofereceu a oportunidade perfeita para engendrar meu plano.
Após atraí-lo mantive-o prisioneiro no porão de meu refúgio por três dias, sedado e alimentado intravenosamente a fim de livra-lo do cheiro horrível do álcool que emanava de seus poros.
Foi preciso desinfetá-lo e dar um fim em suas vestes imundas para não comprometer o odor tão aguardado da morte.
Minha fome só poderia ser aplacada pelo cheiro puro da transformação de um corpo vivo em um cadáver, aquele exato momento em que a alma parece deixar ou corpo ou em que cessam todas as atividades biológicas por mínimas que ainda persistam por algum período desde a inconsciência final e o último batimento cardíaco.
Passados os três dias, pareceu-me que já não havia o odor residual do álcool, ao menos de maneira perceptível ao meu olfato.
Já era hora de passar ao trabalho.
Bastava aguardar que o sedativo perdesse seu efeito, afinal não poderia privar o meu hóspede de estar completamente consciente para apreciar cada um dos seus instantes finais.
Era preciso que ele tivesse a oportunidade de expiar todos os seus pecados, sofrendo na carne os martírios que o livrariam do sofrimento eterno.
Nesse aspecto eu sou um redentor de almas como qualquer religioso que promete a salvação, a diferença é que os meus métodos impedem uma recaída do meu prosélito nas malhas do pecado em que se encontrava antes de minha chegada.