Ela Abortou
"Este fato ocorreu entre 1987 e 1994"
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Sueli começou a namorar Carlos, após serem apresentados em uma festa de sua amiga Luana, no bairro de Varzinha, zona sul de São Paulo.
Após alguns meses de namoro, o casal resolveu fazer uma viagem juntos para Ubatuba, passando um fim de semana por lá. Ambos viviam como casados, porém morando em endereços diferentes.
Sueli sentia uma certa estranheza, porque Carlos nunca a havia levado para conhecer sua família. Como desculpa, sempre mencionava que seus pais moravam muito longe e tinham saúde debilitada.
Num dia comum, Sueli começou a sentir um mal estar e procurou o médico, o qual, após alguns exames constatou que ela estava grávida. Contente, a moça saiu do consultório direto para sua casa, onde mais tarde receberia Carlos e contaria tal novidade.
Quando Carlos foi à sua casa, Sueli, radiante contou ao seu amor a notícia da gravidez. Carlos, porém teve uma reação agressiva, cobrando explicações por que a moça não havia se prevenido e acabou contando a ela que jamais ficariam juntos, pois ele era casado e tinha três filhos, saindo em seguida apressado.
Sueli ficou arrasada. Chorou a noite toda.
Após alguns meses, a barriga começou a crescer, e junto com ela uma revolta imensa tomou conta da moça. Sueli passou a odiar a criança que esperava, dizendo ela ser a causa do fim de seu namoro. Em um momento pouco pensado, Sueli ingeriu uma série de comprimidos, tentando abortar e acabou conseguindo. Expeliu um feto e o jogou impiedosamente no vaso sanitário, dando descarga em seguida.
A criança sacolejava sob a água da bacia, enquanto Sueli tentava de todas as formas fazê-lo descer, inclusive forçando com o cabo de vassoura, numa tortura terrível, fazendo a criança romper seus membros inferiores e separando o crânio, indo aos pedaços descarga abaixo.
Sueli tocou sua vida. Os anos se passaram e ela se esqueceu de Carlos, após conhecer Gabriel. Apaixonados, se casaram oito meses depois e aquele triste passado, nunca fora revelado ao seu novo amor.
Após um ano de casamento, Sueli novamente engravidou. Os dois estavam muito felizes e decoraram o quarto da criança. Após uma gravidez normal, o filho do casal nasceu saudável, recebendo de ambos todo o carinho que podiam dar.
No primeiro ano de aniversário, Gabriel e Sueli prepararam uma bela festa para o pequeno Henrique. Muita alegria, crianças e várias fotos. Um momento mágico e inesquecível para aquela família feliz.
Quando as fotos foram reveladas, os dois quiseram visualizar o álbum, mas havia algo de errado. Muitas fotos, principalmente as que apareciam Henrique, o filho do casal, havia uma mancha, parecendo um clarão. Tal clarão lembrava uma lâmpada, brilhando contrária à câmera.
O casal foi até o fotógrafo, reclamando por tais falhas nas fotos. Após uma análise minuciosa, o fotógrafo constatou que aquela luz estava no local das fotos, apesar de, conscientemente não se lembrar de nada.
Olhando fixamente em uma das fotos, em frente ao bolo, foi notado algo ainda mais estranho. Tal foto formava algo parecido com um pequeno rosto, o rosto de um bebê.
Em cinco, das demais fotos, tal imagem era notada também, apesar de exigir um olhar mais fixo.
Nesta ocasião, Sueli se lembrou do aborto que provocou, julgando tal imagem ser a de seu filho abortado.
A moça ficou atormentada e chorando contou a Gabriel toda a sua história. Seu marido, para sua surpresa teve uma reação positiva, apoiando-a a procurar ajuda. Em outros momentos da vida dos dois, Sueli dizia ver o rosto do feto em outros lugares, como postes de luz, olhos d'água e até vitrines de sua casa.
Em um estágio avançado de loucura, Sueli foi internada em um hospital para doentes mentais. Após vários anos, ela permanece viva, ou morta, não se sabe ao certo o que se tornou aquela garota cheia de sonhos. Nos frios corredores do sanatório, ouve-se seus gritos, pedindo que o feto morto a perdoe pelo mal que fez.