Quer jantar comigo ??

Abri a porta e peguei no congelador aquele pote plástico hermeticamente fechado que lá estava há alguns dias já.

Retirei a carne e coloquei para descongelar em uma água morna.

Enquanto isso me sentei na cadeira, e fiquei observando.

Minha mente então viajou até aquele dia cinza e frio de começo de inverno.

Quando nos encontramos ela parecia apaixonada, seus olhos verdes eram lindos. Seu lábio, sua voz, enfim, tudo me deixava embriagado.

Mas eu não podia deixar que esse sentimento tomasse conta de mim. Não era para isso que eu havia ido até lá.

Ela falava muito, talvez para disfarçar sua timidez. Sentir o calor de sua mão foi algo surpreendente para mim. E rapidamente coloquei minhas mãos nos bolsos.

O sorriso dela era algo incomum. Quase não consegui fazer o que precisava ser feito.

Mas era necessário.

Ao voltamos para casa, sugeri que passassemos em minha casa.

E aí foi onde tudo aconteceu.

Entramos e fomos para a cozinha.

Eu disse que ia ao banheiro e logo voltei com um pano embebido em formol.

Não foi difícil me aproximar dela e deixá-la desacordada.

O resto do processo foi bem fácil. Ainda sinto sua carne sendo cortada cirurgicamente, cada pedaço. Sua fisionomia parecia de uma princesa dormindo. Além do formol apliquei outras drogas, não queria que ela sentisse dor alguma. Nem mesmo quando enfiei o punhal em seu coração.

Parece loucura isso, não? Mas o que nesse mundo não é uma loucura?

Me diga você. São os instintos que precisam ser saciados.

Não sei por quanto tempo terei carne na geladeira. Não sei quando terei de me mudar e sair à casa de uma nova vítima.

Mas por uns dias estou tranquilo.

Bem tranquilo.

A propósito, aceitaria jantar comigo um dia desses? Sei fazer uma carne de panela ótima.

Hummmmm, muito boa mesmo.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 11/04/2012
Código do texto: T3606731
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