Eu sou a morte -Final
Fantasmas não gostam de inércia e aquele estado vegetativo de João Carlos aborrecia. O pobre-diabo não reagia nem quando eu lhe espetava com agulhas! Resolvi que estava chegando a hora do seu fim. Poderia simplesmente mata-lo, mas alguém que passou toda uma vida fazendo o mal merecia um final digno de um assassino. A vizinha que cuidava da casa entrava o mínimo possível em seu quarto. Somente para levar alimento e água. Em uma tarde assim que ela entrou, eu me apoderei do corpo do bandido, puxei à senhora para a cama e a violentei. Com as roupas rasgadas e chorando muito, ela chegou a sua casa. Seu filho que chegava do trabalho nesse momento, armou-se de uma faca e foi lavar a honra de sua querida mãe. Esperando pelo desfecho eu estava em um canto do quarto, quando o rapaz chegou e desferiu várias facadas em João Carlos ,que quis gritar, mas estava privado da voz. Quis se defender, mas possuía somente um braço. Quis ver o rosto do seu assassino, mas o único olho que restava ,foi perfurado por uma facada. Enfurecidos os vizinhos apedrejaram a residência. Da janela de sua casa, a bondosa velhinha que fora aviltada, assistia a tudo sorrindo satisfeita. Ninguém mais compareceu ao enterro, somente eu. O fantasma do meu assassino não queria acreditar que seu tempo de maldades acabara e olhava desolado enquanto o coveiro cobria de terra sua sepultura. Vingada me aproximei e ia dizer que eu o levara onde estava agora, quando um homem muito alto e feio , envolto em um manto preto, chegou e o arrastou consigo. Resignada perambulo agora pelo cemitério a espera que aquele homem com ar bondoso, que veio ter comigo quando morri, apareça para me conduzir para meu descanso eterno. Enquanto isso pode ser que eu mate ainda algumas pessoas, afinal quando quero, eu sou a morte! (Fim) 09/04/2012