NOITES CANGACEIRAS! MISTÉRIOS DA MEIA-NOITE.

O sol sertanejo já queimava o cramunhão quando Badalada se levantou de sua rede fedida a pinga e a semêm. Seu primeiro aot foi gritar:

- Navalhada; Meioquilo! Cadê ocês baitolas?

Maria Joá e Eliseu foram se aprochegando para vomitar o causo pro chefe:

- Badalada, você num vai acreditar, Meioquilo perdeu a cabeça!

- É! E tava todo cagado de medo - gemia Maria Joá desesperada.

- O QUÊ!!!!! - gritou Badalada, nun tô entendendo patavina nenhuma.

- Vem cá espiá!

Então Badalada foi com seus homens para trás do acampamento e lá chegando, viu o cadaver de Meioquilo decapitado e com as calças arriadas até o joelho.

- E não caparam esse baitola! - disse Badalada nervoso.

Num tom de fúria, Badalada alvoroçado mandou chamar Navalhada, este trêmulo de medo diante do cangaceiro só conseguiu guaguejar e dizer que não viu nada e nem sequer ouviu alguma coisa. Badalada louco de colera mandou açoitar o infeliz 100 vezes com vara de mameleiro e depois passar sal grosso nas feridas do desgraçado.

Os dias foram passando sem que nada de anormal acontecesse no acampamento sertanejo, de vez em quando os homens iam atraz de onça e de veado matreiro, e quando não voltavam nem com um coelho, levavam açoites no rabo ordenado por Badalada que ainda estava cabreiro com a morte de Meioquilo. Ele jurou pra Deus e pro Diabo que ia pegar o desifeliz e ia sangrar o bruto até ele mijar sangue preto. A lua cheia já tomava conta da serra cearense e um ou outro uivo de cachorro do mato era ouvido pelas bandas do Ipueiras. A missão de montar guarda naquele dia era de Torradinha.

Cabra valente que num tinha medo nem de assombração, Torradinha era madeira de dá em doido. Já tinha sangrado pra lá de 50 macacos e tinha cangalha para mais sangramentos. Depois que a volante matou e violentou toda sua família lá nos cafundós da Paraíba, Torradinha se revoltou e caiu no cangaço. Fez parte do grupo de Corisco e após a morte deste se juntou a Badalada que para ele, " era o segundo Lampião". Torradinha estava sóbrio naquele mês, já não bebia havia 2 meses e jurou dá um tempo na mardita.

O silêncio ecoava naquela meia-noite soturna e Torradinha sentado amolava seu facão de 4 polegadas que era seu principal prazer, com ele, já tinha sangrado macaco até pelo cu. E jurava para todo mundo que tinha matado uma onça com aquela faca. Sem desconfiar de nada, Torradinha continuava a amolar o fio de seu facão favorito quando de repente um violento golpe abriu-lhe uma vala profunda na testa. O cangaceiro tomba quase inerte e seu último suspiro e a visão bestial de seu coração sendo arrancado selvagemente por uma criatura demoníaca. Sem manifestar um gemido sequer, Torradinha permanece com os olhos abertos. Talvez sua alma ainda esteja atônita perante o avassalador demônio que o atacou, o certo é que seus olhos estão vitréos e fincados ao longe com se esperasse a redenção de seus pecados!!!! Que DEUS tende piedade daquele infeliz!

O mistério do fel ainda está no embrionário popular!!!!!!!!