Histórias de Chernobyl- Ucrânia

Daryna tinha dezoito anos na época. Este episódio começou em 25 de abril de 1986, um dia antes da maior tragédia nuclear da humanidade.

Moradora de Chernobyl, esta garota lecionava em uma escola de filhos de trabalhadores da usina.

Após terminar de ministrar suas aulas, Daryna dirigiu-se até um café-bar nas imediações

para fazer uma rápida refeição e depois voltar para sua casa.

Estava tudo normal naquela tarde. O frio natural ucraniano era apenas quebrado por bebidas

quentes como um tradicional chá, com geléia de granboesa.

Terminado o lanche, Daryna foi para casa e dormiu, após mais um dia de trabalho.

O dia seguinte seria igual aos demais, a mesma rotina de sempre: acordar, se vestir e sair

rumo à escola para dar suas aulas, há alguns metros de casa.

Daryna, como muitos outros ucranianos, tinha sua casa em uma vila de trabalhadores perto da

usina, à qual seu pai trabalhara em período integral até se aposentar no início daquele ano.

Por volta da 1 da manhã, ouviu-se um ruído estranho vindo da usina.

O telefone da casa tocou e seu pai, sem dizer muitas palavras, colocou novamente seu uniforme e saiu apressado, sem dar detalhes sobre o que iria fazer ou qual horário estaria de volta.

Daryna pressentia que algo muito grave tivesse acontecido e não conseguia dormir.

Horas mais tarde, seu pai retorna para casa, muito cansado e com uma aparência nada boa.

Na mesma noite, caiu enfermo e antes mesmo que o socorro chegasse, acabou falecendo.

A garota foi tomada pelo desespero e inquietação. Perdera o pai, com o qual tinha uma amizade

imensa e não sabia como viver sem ele.

A cena se repetiu com vários vizinhos, até as autoridades passarem a triste notícia: ocorrera

um desastre nuclear e a ordem era que todos se preparassem para o pior.

Daryna ainda muito abalada saiu às pressas. iria avisar seus alunos, para não irem à escola, sob o risco de se contaminarem ainda mais, porque a escola ficava somente há alguns metros do reator nuclear.

No caminho, a jovem começou a se sentir mal. A essa altura, quase todas as pessoas já haviam deixado aquela área, e alguns também tinham deixado Chernobyl.

Suas forças se esvaíram e Daryna caiu em um pequeno corredor entre casas, morrendo no local.

Vinte e seis anos se passaram. Uma equipe jornalística da Rede BBC foi autorizada a fazer imagens da cidade fantasma de Chernobyl.

Um dos cinegrafistas entrou em uma escola, possivelmente a que Daryna ministrava suas aulas,

mostrando muitas máscaras de oxigênio esquecidas, bonecas, cadernos com meia lição e carteiras vazias. A forte radiação não permitia sequer que pequenos insetos sobrevivessem por ali.

Ao sair da sala de aula, pois a permanência era de muito risco, devido à forte radiação, algo

estranho aconteceu.

A câmera, ao focar os fundos da escola mostrou o vazio imenso. Entretando, na edição das imagens, um vulto foi visto na imagens. Tal vulto assemelhava-se a uma mulher jovem.

Não havia ninguém no local, além dos repórteres da BBC e os seguranças que os acompanhavam.

Nenhum morador residia mais naquele local.

Quem seria a tal moça misteriosa, vista apenas na edição das imagens?

TAlvez fosse ” Daryna”, após mais de vinte anos ainda tentando avisar seus alunos sobre o

acidente nuclear.

Paulo Farias
Enviado por Paulo Farias em 28/03/2012
Código do texto: T3580392
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