O Cemitério

Alexandre saiu correndo em direção ao cemitério. Não gostava daquele lugar - sua mãe sempre lhe dissera que almas penadas vagavam ali - almas que não aceitaram a morte, aflitas, vingativas e más. Pensou consigo - Que ideia de sua mãe, era tão ignorante e supersticiosa que aquilo dava nos nervos.

Pulou o muro do cemitério. Estava exausto e suas roupas pingavam de suor, mas finalmente estava a salvo, a polícia não o encontraria ali. Recém roubara a carteira de um homem rico e as jóias de sua mulher. A passos lentos caminhava pelas quadras em meio a tumbas e a nevoa do lugar. O ambiente mórbido dava calafrios e um arrepio subiu pela espinha.

Podia ouvir o miado dos gatos que habitavam o cemitério e o barulho do vento nas árvores e outros ruídos sinistros, que mais pareciam um sussurro das sombras. Sentiu medo - Que faria agora? - resolveu continuar a caminhar, de certo acharia um esconderijo para passar a noite e quando o dia clareasse, sairia dali sã e salvo.

Ao chegar a quadra 12, a figura de um homem muito alto, magro, pálido e com um terno abarrotado estava a encará-lo. O susto foi tão grande que ao tentar fugir, tropeçou e caiu de rosto em meio as pedras. A dor foi intensa e o sangue escorria pelo corte profundo em sua testa. Mesmo tonto, levantou-se e ao fazer isso, o homem alto de terno preto estava ali, em sua frente. Ele gritou e o homem deu um golpe com a pá e ele novamente caiu e desmaiou. Quando acordou viu-se dentro de algo escuro, estava sem ar e entendeu o que havia ocorrido, deu um grito que foi abafado pelo apertado espaço. Passou a desesperar-se, como iria sair de dentro de um caixão? lembrou-se dos conselhos de sua mãe e arrependeu-se de ter pisado ali. Não restava mais nada a não ser conformar-se com a morte que viria lenta e sufocante. Sentia muito calor, o ar lhe faltava, a respiração ofegava e as formigas passaram a vir em centenas a picá-lo com voracidade, todo o seu corpo tornou-se um vermelhidão, as unhas sangravam de tanto arranhar inutilmente o caixão. Estava esgotado e sem muito o que fazer. Sentiu o peso da terra ao sufocar os pulmões e deu o ultimo suspiro...

Ele observou a morte ceifar a vida do ladrão e estava aliviado. Olhou a carteira que sabia ser roubada, tirou o dinheiro somente e jogou em um mato descampado e sombrio ao lado. O trabalho estava feito. Logo mais compraria comida a seus amiguinhos, mas antes precisava descansar, enterrar aquele ladrão tinha o cansado. Dirigiu-se até uma cuidadosa tumba; a abriu, deitou-se e fechou - finalmente adormeceu sem nunca sonhar.

Anna Azevedo
Enviado por Anna Azevedo em 08/03/2012
Código do texto: T3542201
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