EI PODE ME AJUDAR?

Ei você! Ei pode me ouvir?

Aqui! Pode me ajudar? Estou aqui dentro! Ei pode me ajudar?

Reginaldo parou, soltou sua bicicleta próximo a boca dentada do bueiro. Tentou agachar, mas o tecido da bermuda não lhe permitia. Desengonçado, com o tronco inclinado perguntou:

Éhh... Olhou para os lados não havia ninguém; o sol era forte e a rua deserta. –Tem alguém aí?

Não houve resposta.

- Tem alguém aí?

Ei amigo! Um grito ecoou fundo no bueiro.

Reginaldo coçou com a língua sua falta de dentes e assustado continuou.

Uaí! É... Que você ta fazendo aí? Precisa de ajuda?

Ei amigo! Pode me ouvir? Pode me ouvir?

Sim !

O que? Amigo não consigo te ouvir aqui é muito fundo.

Reginaldo olhou para os lados como que procurando ajuda, a rua estava vazia, somente o sol a ocupava devastador. Assim é a quente Martinópolis. Tentou se aproximar. O aço das grades parecia m garfos do inferno de tão quentes. Ajeitou o velho boné.

Ei e agora? Quer ajuda? Você está preso?

Amigo! Você está aí. Ei não te ouço. Não vá embora. Estou perdido.

Reginaldo sem pensar, reagindo a um estimulo espontâneo agachou o máximo que pode evitando ao máximo tocar as ferventes grades.

Pode me ouvir agora? Ei e ago...

Duas imensas mãos seguraram a as bochechas de Reginaldo com os polegares por dentro da boca e o puxaram com força para o aço fervente. A dor era imensa, as bolhas surgiam intermitentes. As mãos não soltavam. Dois grandes olhos vermelhos surgiram da escuridão ficando frente à face de Reginaldo.

A rua ardia. A Cidade de gritava silêncio. O sol era dono e Reginaldo sozinho agonizava um terror inesquecível. Sozinho respirava os olhos vermelhos que numa língua nunca vista recitava frases de ódio. Aos poucos as mãos afrouxaram e Reginaldo pode levantar. As bolhas estouravam e surgiam.

O tempo passou as feridas se curaram. O simples Reginaldo agora escrevia livros eram dúzias por ano. Tornara-se rico. Dizia-se escritor de auto-ajuda. Muitas celebridades de todos os âmbitos seguiam seus conselhos inclusive o mais famoso deles: Não amaras a ninguém a não ser você mesmo.