Em Busca do Braço Perdido, parte 11 de 12

Em Busca do Braço Perdido, parte 11 de 12

João manifestou-se após três dias de evocação e explicou a demora dizendo que estava esperando ser autorizado a lhes

ouvir e auxiliar no que fosse possível.

Explicaram-lhe o fato de haverem restos mortais sobrando pois na Mata da Jurema , outros esqueletos se encontravam por ali espalhados.

João revelou que muitas outras coisas haviam ali acontecido e vários escravos haviam sido supliciados com vários castigos, desde serem amarrados em estacas e deixados para morrer até serem enterrados até o pescoço para que as formigas os devorassem vivos.

Muitos horrores a hoje Mata da Jurema havia presenciado ao longo de séculos.

Os olhares dos presentes encheram-se de lágrimas diante das imagens horrendas que se desenhavam diante de seus olhos.

No entanto o que lhes interessava realmente era saber como identificar os ossos de Tião e, mesmo em meio a toda comoção, mais uma vez o neto de João foi direto ao assunto.

João ouviu- lhe acerca de todos os esforços impetrados por eles e da dificuldade de chegar a uma conclusão sobre a montagem do esqueleto de Tião.

João disse-lhes que deveriam juntar todos os ossos que selecionaram como possíveis de ser de Tião e colocá-los sobre a lápide de João no cemitério na primeira lua nova que se aproximava, não sem antes deixá-los imersos em um banho de sal grosso e vinagre.

Os ossos deveriam repousar 3 dias na solução e depois três noites ao sereno sobre sua tumba, após o que eles teriam um sinal de quais pertenciam ao negro.

Assim fizeram e passado o período estipulado foram ver o resultado do sortilégio, se é que assim se podia dizer.

Encontraram os ossos de Tião totalmente branqueados enquanto que os demais permaneciam escurecidos pelo tempo.

Finalmente o esqueleto estava quase completo faltando apenas o braço perdido e duas semanas para o prazo final...

Agora era realizar a empreitada nas ruínas da antiga fazenda...torcendo para que o braço fosse logo encontrado.

Foram dias de angústia e preocupação, o medo era visível nos rostos daqueles que se empenhavam em levar a cabo a macabra tarefa. O Morro do Judas não era um lugar agradável e poucos foram os que tiveram coragem de para lá se encaminhar.

Novamente a forquilha encontrou vários ossos de animais e de humanos, mas nada de encontrar o tal braço de Tião ou outro qualquer...esquadrinharam o terreno e foram progredindo quadrado a quadrado sem deixar passar um vestígio sequer...

Dois dias faltavam para a lua cheia, os corações disparavam no peito a cada sinal dado pela forquilha...e as almas se desolavam quando percebiam que não era o braço tão esperado.

Finalmente , no alvorecer do último dia encontraram os ossos do tal braço do negro...restava ainda montá-lo de forma que nada

ficasse fora do lugar. o resto do esqueleto já recebera esse tratamento e estava à espera somente do membro decepado.

Mandaram vir o restante do esqueleto de onde estava guardado, enquanto que enviaram as partes do braço para que fosse montado.

Restava saber ainda quem seria a alma corajosa e cheia de fé a quem caberia cumprir a derradeira tarefa de montar por fim o esqueleto de Tião sobre o antigo pátio da fazenda em ruínas.

Continua ...o epílogo da história vocês só saberão se pedirem...