O PÂNTANO
O PÂNTANO
O pântano é triste, misterioso, assustador. O pântano esconde muitos segredos, tesouros, cadáveres e bruxarias. E lá no meio entre constante cerração, há uma casa abandonada. Abandonada há mais de cem anos.
Aquela mansão em ruínas fora outrora um lar feliz. Era a casa de campo do senhor Pierre, sua esposa Marie e sua formosa filha Isabelle, uma simpática família irlandesa. No início do século XIX, eles vieram de New Orleans e ficaram três meses na mansão.
Em New Orleans começou a tragédia, quando uma carruagem atropelou Marie passando por cima do corpo dela. Com a morte da esposa, o senhor Pierre ficou bastante abalado e continuadamente triste. Passou a dedicar a maior parte do tempo a cuidar de sua filha, o mordomo Gregor e sua esposa tomavam conta da casa.
O tempo ia passando rapidamente, sem grandes novidades para o senhor Pierre. Agora, Isabelle estava prestes a completar dezoito anos de idade e lamentava a falta de motivação de vida até então presente em sua existência. Desta forma, por ainda conservar a de alguns momentos breves de uma infância feliz que havia passado na casa de campo a jovem Isabelle de forma muito cautelosa e apreensiva resolveu fazer um pedido a seu pai:
- Papai, no natal farei dezoito anos e gostaria de fazer meu aniversário na nossa casa no pântano.
- Tem razão Isabelle, querida, desde que sua mãe morreu só ficamos aqui.
Arrumaram as bagagens e partiram no dia seguinte, o casal Gregor acompanhou pai e filha.
A mansão fechada há tanto tempo ganhou nova vida. Isabelle sentia-se feliz: ria cantava, passeava e até tinha feitos alguns novos amigos.
O senhor Pierre também se sentia tão satisfeito que chegou a comentar com o mordomo:
- Grégor, notou que Isabelle está muito feliz?
- Tem razão senhor, acabará casando logo senhor.
- Ainda bem, Isabelle merece ser feliz, já eu, estou no fim, sem vontade de viver.
O tempo prometia a realização pessoal do senhor Pierre pela felicidade promissora de sua filha, seguida da esperança da chegada dos netos. Uma casa cheia de movimento, crianças brincando no jardim, chegando da escola. Sim havia de leve uma promessa de felicidade no ar. A tragédia pela morte da esposa parecia mais distante agora, pois Isabelle era a continuidade da vida.
Tudo transcorria suavemente para o senhor Pierre, contudo, a vida está sempre mudando conduzindo novas personagens a um mesmo caminho e as visitas nem sempre são aquelas que gostaríamos de receber. Uma tarde, porém, o senhor Pierre foi surpreendido por uma visita. Eram dois agentes da polícia:
- É o senhor Pierre?
- Sim, por favor, o que aconteceu?
- É... que sua filha...Isabelle... está morta.
O sofrido Pierre desmaiou e quando recobrou a consciência, não podia acreditar que sua querida filha Isabelle estava morta Apenas ficava caminhando de um lado para outro da casa repetindo:
- Isabelle...morta...morta...
-Entretanto, lá estava o ataúde no meio da sala principal da mansão. O casal Gregor tomou conta de tudo, os amigos fizeram as últimas homenagens, o padre fez as últimas orações. O senhor Pierre não quis tomar conhecimento do fato. O enterro prosseguiu normalmente.
Passaram-se dois dias, o senhor Pierre continuava no quarto. Veio a noite, acompanhada de uma tempestade com chuva e escuridão, quando de repente, alguém bateu na porta. Pierre surpreendeu-se a imaginar qual seria o infeliz que perambulava àquela hora numa noite de chuva e tempestade. Relutou um pouco, mas decidiu atender. Quando abriu a porta tomou o mais susto de sua vida, pois lá estava Isabelle.
- Não se aproxime de mim...você morreu...você é um fantasma...
- Papai olhe bem para mim, pareço um fantasma?
Pierre tomou coragem e olhou para sua filha. Isabelle estava suja de lama e sangue e faltavam-lhe as duas mãos. “Fantasma não vertem sangue” Pierre abraçou sua filha. Foi um abraço feliz, de uma felicidade terrível, sofredora.
O casal Gregor veio até a sala para ver o que estava acontecendo e ficaram aterrorizados com a cena que viram.
-Não pode ser...Isabelle está morta...
-Não Gregor, eu não estou morta, estava em estado cataléptico, mas vocês imaginado que eu estivesse morta violaram meu túmulo para roubar minhas joias e isso me salvou a vida, mas olhem com fiquei!
Isabelle apontou-lhes os pulsos sangrando. Diante da triste cena, o senhor Pierre abiu a gaveta, puxou um revólver e apontou em direção ao casal, que gritou apavorado.
- Piedade senhor, nós devolveremos as joias, estão no quarto.
Não houve piedade no coração de um homem arrasado pelo infortúnio. Pierre disparou apenas dois tiros contra o casal, mas foi o suficiente para estirá-lo no chão.
Ainda atordoado conseguiu advertir sua filha:
- Isabelle querida, prometa-me que venderá esta casa amaldiçoada e voltará para New Orleans. Após estas palavras, a ação foi rápida, Isabelle não teve tempo de confortá-lo, nem impedi-lo, Pierre colocou a própria arma em direção ao seu ouvido e apertou o gatilho.
Isabelle conseguiu apenas gritar:
- Não papai, não me deixe... não me deixe...
Enfim, Isabelle enlouqueceu e desapareceu no pantanal. Os corpos apodreceram na casa que foi ficando em ruínas, as joias estão em alguma parte do quarto, mas todos os que se aventuraram em procurá-las desapareceram para sempre. Dizem que a casa é habitada pelo espírito sem vida de Isabelle ou de algum fantasma.
Se você tiver coragem, tente desvendar “o segredo da mansão do terror”.