VAMPIROS 10 – A INVESTIGAÇÃO DO PRIMEIRO DIARIO

Eu li hoje o primeiro Diário e de alguma forma, algo me chamou a atenção, mas não sei bem o que seja. Aqueles escritos antigos mexeram comigo. Talvez a minha mente estivesse captando algum fato que ainda não assimilara racionalmente. Escapava-me algo nessa história tão fantástica da Ordem dos vampiros e monstros que imaginávamos que só existissem em nossas imaginações. A história toda é muito fantástica. Fadas, bruxas, fantasmas, vampiros, demônios e lobisomens existindo entre nós, era algo que não era fácil de acreditar, convenhamos. O detetive Andrei foi o primeiro a registrar num diário sobre o caso dos vampiros.

...

Andrei estava na Delegacia vazia, registrando em sua velha máquina de escrever, já bastante tarde da noite, os acontecimentos do caso. “Segundo consta na Investigação, Lia estava em casa, quando o telefone tocou...”

...

Já era umas oito da noite e estava bastante escuro, quando o telefone tocou.

- Alô? – disse Lia.

- Alô, é da pizzaria? – disse alguém com uma voz bastante alegre do outro lado da linha.

- Não, desculpe. – disse Lia, também rindo. – Acho que você se enganou.

- Ta, desculpe, boa noite.

Lia estava fazendo café. Ela já tinha separado uma fatia de bolo, que colocara na pequena mesa de cozinha e calda de chocolate. Enquanto a água fervia ela foi até a porta da cozinha, no fim do pequeno corredor e a fechou. Atravessando a casa em transversal, fechou também a porta da sala. A linda casa, herança de seus pais falecidos, era um pouco longe do próximo vizinho, coisa de uns cinco minutos de carro. Seu namorado dissera que seria bom ela morar no centro, já que trabalhava lá, como Auxiliar de Contadoria, num escritório pequeno. Lia sabia que Joel não viria hoje, pois ele disse que haveria uma reunião na empresa, portanto tomaria o seu café, comeria o seu bolo e leria durante umas duas horas. Até umas dez, era o seu plano e depois tomaria um banho para dormir. Amanhã era sábado, dia de faxina.

O telefone tocou novamente.

Haviam três extensões na casa. Um telefone estava na cozinha, que era o mais próximo agora, o outro na sala, mas como ela já tinha apagado a luz, não iria voltar e o outro estava no quarto.

- Alô?

- Alô, é da pizzaria?

Lia sorriu meio irritada. Era o cara de novo.

- Não, você ligou para o mesmo numero, de novo.

- Puxa, desculpe. Parece que cismei com o seu numero.

- Olha, por que você não procura na Lista Telefônica qual pizzaria você está querendo.

- Eu não tenho uma Lista próxima. Mas já que acabo ligando errado, vamos conversar. Quem é você? Onde mora?

- Ah, não, essa cantada é muita velha. Desculpe mas vou desligar. Boa sorte com suas pizzas.

Ela pegou a água da panela e jogou no coador, que estava na pia, fazendo o cheiro gostoso de café inundar sua casa toda. E ai o telefone tocou novamente.

- Alô?

- Oi, sou eu de novo. Você poderia conversar um pouquinho comigo, não é? Por favor. Só um pouquinho.

- Tá bom, mas só um pouquinho e acabou. – disse ela sorrindo. O homem do outro lado tinha uma voz gostosa de se ouvir.

- Como é o seu nome? – perguntou ela.

- Pode me chamar de John, igual um dos Evangelhos.

- Você é religioso John? O que você faz para viver? Qual é o seu trabalho?

- Eu trabalho num circo, como palhaço. É isso que eu sei fazer e é isso que eu sou, um palhaço. E quanto à outra pergunta eu sou bastante religioso. Sou católico.

Lia ficou curiosa, que profissão diferente.

- Puxa, você me deixou curiosa agora. Nossa, deve ser tão legal trabalhar num circo? Como é que você entrou para esse ramo? – disse Leia colocando um copo quente de café fumegante, ao lado do pratinho de bolo.

- Ah, não é tão interessante assim. É igual a sua profissão, sem muito glamour. Não deve ser muito bom ser Auxiliar de Contadoria, não é Leia? – Leia gelou.

- Eu não me lembro de ter te falado o meu nome e nem o que faço.

- Ah, mas não precisa, o teu namorado já me falou isso. Aliás, o café está cheirando bem. Olhe no gramado de trás de sua casa, Joel está lá.

Leia desligou o telefone, realmente assustada e saiu correndo para a sala. Ela olhou, no escuro da sala, pela janela, mas Joel não estava em lugar algum.

Lia ouviu uma chave abrindo, o mais silencioso possível, a porta da cozinha. Ela correu assustada para lá e viu um palhaço enorme, todo colorido, cabelos vermelhos, com uma faca enorme, de cozinha, ao lado do corpo, olhando pra ela.

pslarios
Enviado por pslarios em 19/02/2012
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