Em busca do braço perdido
Em busca do braço perdido
Jorge Linhaça
Todos , ou ao menos a maioria, já ouviram a expressão " João sem braço", o que poucos ou quase ninguém sabe é a origem da história.
Havia tempos atrás um trabalhador rural que trabalhava em todas as lavouras, cada qual em seu próprio e devido tempo.
Capinava café, arrancava mandioca, colhia laranjas e cortava cana.
Numa dessas fatalidades da vida, João, esse era o nome do trabalhador, teve o braço decepado em um acidente não muito bem explicado, com o facão que lhe servia de instrumento de trabalho.
Foi socorrido a tempo e sobreviveu, embora daí por diante tivesse dificuldades em executar suas tarefas, embora jamais tenha deixado de trabalhar até o último dia de sua vida.
"João sem braço", como ficou conhecido, por conta de sua dificuldade me executar algumas tarefas demorava-se mais que os demais, embora se esforçasse para acompanhar o ritmo de seus companheiros apesar de sua deficiência física.
Quando alguém, no entanto, fazia corpo-mole ou se fazia de desentendido em relação ao cumprimento das tarefas, era logo repreendido dizendo que estava dando uma de João sem braço.
Claro que João não gostava nem um pouco disso, mas, sendo figura muito querida pelos amigos nunca lhe faltou trabalho, por mais que sua renda tenha se reduzido na exata proporção em que sua produtividade caia.
Um dia, seguindo o caminho de todos nesta terra, João veio a falecer de causas misteriosas. Apenas foi encontrado morto e pronto.
Na pequena cidade não houve quem não comparecesse aos serviços fúnebres para prestar a última homenagem ao desventurado amigo.
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Passados exatos sete anos da morte de João, um grande mistério tomou conta da cidadezinha, foram encontrados mortos, ao longo de três noites, três trabalhadores, todos com a face crispada de terror e todos com o braço direito esquerdo amputado na altura do ombro.
A comoção foi geral e por mais que a polícia buscasse encontrar o(s) assassino(s) os meses e passaram e nada foi apurado.
O tempo passou e a vida voltou ao normal, quem quer que tivesse cometido tal atrocidade não voltou a praticar o macabro delito.
Mais sete anos se passaram dos crimes hediondos e novamente , para espanto de todos, a tragédia repetiu-se em número, gênero e grau, mais três pobres diabos juntaram-se aos casos não resolvidos pela policia.
Seria um serial killer? Que fim levavam os braços decepados, jamais encontrados?
Seriam um troféu macabro que o assassino colecionasse?
Novamente o tempo passou e o mistério permaneceu no ar...no entanto agora já era parte do folclore local...já as pessoas se sentiam preocupadas e intrigadas.
O fato se repetiu por mais três vezes , a cada sete anos e as teorias iam ganhando corpo durante esse período.
Começaram a investigar todos os trabalhadores que vinham de outras bandas para o trabalho sazonal, as pessoas olhavam ressabiadas para cada estranho que se mudava para a cidade.
Na falta de explicações lógicas, a superstição toma logo lugar e já se falava em Lobisomens, Chupa-cabras e outras criaturas vindas das profundezas do inferno.
Foi quando mudou-se para a cidade uma mulher de poderes místicos chamada Madame Sayonara.
A tal vidente era uma figura no mínimo inusitada, uma espécie de mãe de santo japonesa, ou ao menos nipo-descendente.
A princípio ninguém deu atenção e achavam muito engraçado uma japa macumbeira, no entanto, como sempre há quem recorra ao sobrenatural para solucionar seus problemas, Madame Sayonara começou a granjear certa fama entre a comunidade, as pessoas lhe atribuíam poderes reais de se comunicar com espíritos
e entidades do outro lado do rio da morte.
Muitos foram os que se consultaram com ela e tiveram resposta para os seus questionamentos através de sua intervenção junto aos do outro mundo.
Ao fim de sete anos do último massacre, as pessoas já preferiam ficar em suas casas, mas sempre há aqueles que desafiam o perigo por mais que este seja iminente.
Mais três cadáveres encontrados em exatos três dias.
O terror tomou conta de vez da população, homens armados com balas de prata, estacas de madeira, crucifixos, água benta e o que mais lhes passasse pela imaginação patrulharam cada recanto da área rural em busca de pistas, dispostos a acabar de vez com o homem ou criatura responsável pela mortandade que se repetia ao final do ciclo de sete anos.
As buscas resultaram em vão, nem sinal de qualquer ser que pudesse ser relacionado aos macabros assassinatos.
Já seis ciclos se haviam passado e logo resolveram apelar para os poderes sobrenaturais de Madame Sayonara.
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continua....ou não...depende de sua petição...rsrs