Bem, comecei a escrever esse texto às 15:43, sem saber se acabaria a tempo, enfim, espero que gostem.
 
Amaldiçoado pela Lua

  O que escrever em tão pouco tempo? Sei lá! Por isso inicio assim enquanto aguardo a idéia brotar...
 
  Estou andando por uma rua escura, enquanto sinto o cheiro da carne fresca. Luto com todas minhas forças contra essa atração irrefreável que sinto. É um desejo imundo e devasso que me toma por completo, e enquanto meu corpo começa a ceder eu ainda vejo a nuvem que revela aos poucos o que me controla.
 
  Meus olhos acesos se apagam, tornando-se negros, sombrios e assassinos enquanto corro descalço e minhas roupas ficam para trás, em pedaços mal rasgados. Sinto meus poros se abrirem e a dor me cerca por completo, e como agulhas me perfurando de dentro para fora meus pêlos crescem instintivamente, grossos e visguentos. Olho para minhas mãos e contemplo a total insanidade de minha carne, que se expande por todo o extremo de meu corpo tornando-me um ser maior e mais forte, enquanto garras desenvolvem-se estranhas, bizarras, afiadas e ferozes.
 
 Meus sentidos já aguçados fazem com que eu ouça as batidas compassadas do coração que pulsa sem saber que de repente não emanará mais vida alguma, aquele mesmo corpo que se encontra a cerca de quinhentos metros de mim.
 
 A lua se aproxima enquanto minha boca se alonga e meus dentes crescem desproporcionalmente. Caninos enormes tomam minha boca e sinto o sangue brotar quente das gengivas enquanto os olhos incham e as orelhas crescem imitando um enorme lobo. Sou a criatura da noite, não um ser alado sugador de sangue desprovido de qualquer laço humano e vital. Sou um ser único, metade humano, metade lobo, sou a sombra da lua cheia.
 
  Não é o sangue que me interessa e sim a carne viva e crua, a pele sobre ela, o osso ruído e todo seu cálcio, o coração vivo e mal passado. Eu quero cada fatia.
 
 Eu quero sim é aquele corpo que já sente minha presença, e começa a andar já desacertado, temeroso e certo da perseguição. Seu coração dispara ao ouvir o uivo macabro que exasperado é proferido por mim. E a ultima coisa que ele vê sou eu, uma fera, um lobisomem assassino guiado pela fome grotesca e devastadora. Um lobo, um homem que logo acordará saciado, nu e cheio de culpa.
 
 Esse sou eu, amaldiçoado pelo feitiço da lua.
 
E assim eu termino em 17 minutos, espero que tenham gostado, e não saiam por aí em noites de lua cheia.

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Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 14/02/2012
Reeditado em 14/02/2012
Código do texto: T3499630
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