O Galeão da Morte
Jorge Linhaça
9 de maio de 1737, o galeão português Nossa Senhora do Rosário e Santo André, chega à Baia de todos os santos em uma escala vindo das Índias de onde partira em 1735 em sua carga trazia porcelana, pimenta e marfim e seda.
Durante a aproximação um marujo embriagado deixou cair uma vela acesa sobre o vinho de caju que trazia consigo.
O fogo alastrou-se rapidamente pelo convés e por mais que a tripulação se esforça-se o fogo atingiu as amarras e o galeão foi encalhar em Jequitaia. Ainda tentaram rebocá-lo para a praia de boa viagem, mas a nau, queimando até a linha d'ágau acabou por afundar em frente ao forte de Monte Serrat.
Era o dia 10 de maio de 1737.
Vários marinheiros morreram queimados vivos e outros se afogaram durante a tragédia.
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Conta-se que de 13 em treze anos, ao chegar a época do naufrágio, quando a noite está sem lua e o mar bravio é possível ver o galeão transformado em uma embarcação demoníaca a singrar pelos mar próximo ao forte do Monte Serrat...na quilha da embarcação uma enorme caveira aparece esculpida e podem-se ouvir os gritos dos marujos agonizantes.
Os corpos incendiados dos marujos realizam um macabro festim à bordo entre a dor e maldição dos que foram tragados pelas ondas e jamais encontraram descanso em solo santo.
Pobres das embarcações que cruzem o seu caminho, desaparecem num mar de chamas sem deixar qualquer vestígio.
A macabra aparição dura horas invadindo a madrugada e muitos dos que já presenciaram o fenômeno aterrorizante se ausentam da região quando se aproxima a época de seu retorno.
Dizem que a alma do marujo responsável pelo acidente por vezes pode ser visto pelos corredores do forte carregando consigo uma vela feita de gordura humana, que muitos juram ser feita dos restos mortais dos que cruzam o caminho da demoníaca embarcação.
Certo é que nunca ninguém voltou vivo para contar a história após o encontro fatal com o galeão da morte.