O jogo da Forca - Episódio VII - Fase V - Final - "Corrija Com o n, depois tira o ra, por fim tire a roupa e veja como vai findar"
Max estava dentro de seu carro saindo pela portaria daquele lugar. O velho sorriu para ele e perguntou:
- E o senhor, recebeu o que ele lhe devia? Aquele tal de Cris come tudo que vê pela frente. – Max não deu importância para o comentário do velho, apenas acenou com a cabeça e seguiu em frente. O seu terno estava cheio de sangue, jogado no piso do carro. Assim que ele entrou na avenida pressionou o play do gravador e a voz metálica invadiu seus ouvidos.
“Qual é o nome do primeiro? Ele não é bom, mas não é doente, depois com duas ele arranha, com uma ele é aranha, se um pingo não pingar essa letra não há de se molhar, se o animal assim ficar é porque seu apetite irá despertar. Descubra logo para que possa o matar e o mistério desvendar. Você tem uma hora Max! Fim de ligação!”
- O nome do primeiro? – Max começava a pensar alto. – Quem seria o primeiro? Qual seria o mistério? O que Daniela teria feito? Quem era essa mente doentia? Que charada era essa? – Seus pensamentos presos a tantas perguntas enquanto as imagens das vitimas vinham e voltavam à sua mente. Ele ouvia suas vozes. “Ivo; (Não acredite nele Max, ele é louco), Jonas; (Sentiremos muito a sua falta!), Paralelamente as imagens o som do riso sarcástico do assassino sem rosto zombava dele enquanto a voz de Artur chegava lasciva; (Quer que eu cuide dessa aí também Max?), Cristiano; (Que maravilha Dani! E você não nos conta nada. O papai iria ficar muito feliz em saber disso). O riso do assassino voltava. – Maldição! Incesto? Por que Dani? O que eles fizeram com você? – Sua mente voltou anos atrás e ele se lembrou da primeira crise:
Eles estavam saindo do banco, Max acabava de abrir uma conta poupança para Bernardo. Ali depositaria todo mês certa quantia para financiar seus estudos. Max empurrava o carrinho de bebê, Daniela ia a seu lado. Estavam felizes com a chegada de Bernardo. Do lado da portado banco havia um mendigo, sujo, dentes podres, uma enorme cicatriz no rosto. Estava sentado na calçada fria. Segurava um chapéu na mão.
- Me ajudem, por favor! – ele pedia a todos.
Max o olhou com pena, enquanto Daniela ainda estava distraída.
- Querida? – Max a chamou. – Pegue uma nota de dez e dê a esse homem. Ela enfiou a mão em sua bolsa ainda sem ver o mendigo e apanhou a nota. Virou seu rosto e viu a figura sentada no chão. Daniela já havia esticado a mão, Max viu como aquele senhor a olhava estranhamente.
- Obrigado meus filhos – ele disse – Deus lhes pagará em dobro, e dará muita saúde a este bebezinho – O velho de repente agarrou a mão dela que continuava paralisada – E você querida, seja muito feliz. – Max vendo a cena a puxou da mão do homem.
- Solte-a! – Ele disse enquanto o mendigo ria, mostrando seus dentes podres e imundos.
- Desculpe, não queria assustá-la. – disse ainda rindo e tirou os olhos dela, voltando-se aos outros transeuntes – Ajudem-me, por favor – ele continuou a esmolar enquanto Max puxava Daniela que parecia estar em outro lugar, numa outra dimensão.
- Daniela? Dani? – Ela não respondia, Andava arrastada por ele como uma zumbi. Uma lágrima abruptamente desceu de seu olho esquerdo.
- O que foi querida? – Daniela despertou – Não estou me sentindo bem, amor.
- Se assustou com o mendigo?
- Não, não sei o que aconteceu. Minha mente fugiu daquele lugar. – Max a olhava, as mãos dela tremiam, estava pálida, e por puro reflexo ele a pegou antes que ela caísse no chão, desmaiada. E aquele foi o primeiro de muitos desmaios.
O telefone tocou...
- Alô? – Ele atendeu.
- Max? – Perguntou a voz.
- Sim. Quem fala? – Indagou Max.
- Aqui é o Doutor Fábio, como vai? – Respondeu o advogado.
- Muito bem, doutor. E a Nádia? – Max perguntou preocupado.
- Ela está livre, estamos no meu carro e ela pediu para que eu te ligasse. – O advogado disse.
- Obrigado doutor, posso falar com ela? – Max perguntou ansioso.
- Claro! Vou passar o telefone. – Fábio disse entregando o telefone para Nádia.
- Max? – Era a voz de Nádia ao telefone.
- Nadia, que bom falar com você! – Max disse.
- É ele Max! – Nádia disse nervosa.
- É ele quem, Nádia? – Max indagou.
- O homem da lanchonete! O assassino! – Ela continuou. Sua voz revelava um misto de medo e ódio.
- Você o viu? Conseguiu reconhecê-lo? – Max perguntou.
- Sim, mas não pelo rosto. Pelos olhos Max. – Ela disse.
- Quem é ele Nadia? – Max estava ansioso, uma ira enorme o tomava.
- Alex Sales! Ele está brincando com a gente. Na primeira vez não o reconheci, mas quando ele começou a me interrogar, me perguntar sobre o assassino, sobre os corpos na lanchonete. Deus! Eu vi seus olhos, seu olhar, era irreconhecível, Max. – Nadia falava enojada.
- Droga! Maldito! Aquele cretino! Vou matá-lo! – Max gritou ao telefone.
- Não pode fazer nada, Max. Ele é um policial. – Ela advertiu.
- Eu sei! Tenho que descobrir a charada. Encontre-me no posto 103. Peça Fábio pra te deixar lá, e o agradeça por mim. Não posso fazer nada enquanto o Bernardo não estiver seguro. – Max disse desapontado.
- Tudo bem! Até daqui a pouco Max. – Ele não se despediu e desligou o telefone. Seus pensamentos ainda mais confusos.
- Alex Sales? Mas por quê? O que eu havia feito para ele? Por que ele havia me escolhido pra esse jogo? E como ele sabia tudo aquilo de minha vida? Da vida de Daniela! Eu vou matar você Alex! – Max deu um soco no volante. A buzina tocou alto. Olhos se voltaram para ele que passava próximo a um bar. Um homem se levantou e gritou:
- É ele! O homem da casa incendiada! Ele está vivo! – Todos olharam na direção do carro.
- Droga! – Max acelerou e seguiu pela avenida enquanto a charada invadiu seus pensamentos.
- Ele não é bom, mas não é doente? Com duas ele arranha? Com um ele é aranha? Se um pingo não pingar essa letra não há de se molhar? Se o animal assim ficar é porque seu apetite irá despertar? – Mas Max não conseguia pensar. Sua enxaqueca havia voltado. Lembranças invadiam sua mente. Ele voltava dois anos atrás.
- Querida, você está aí? – Ele acabava de chegar em casa, Bernardo estava na escola. Max estava jogando boliche com Jonas, Fábio e Rafael, isto depois de uma audiência onde Fábio o representava pela primeira vez e os livrava de pagar uma quantia enorme para um ex-supervisor dá fábrica. – Meu amor onde você está? – Foi quando ela surgiu com uma faca vindo de dentro da cozinha.
- Seu cretino!! Eu te mato seu filho da – ela apontava a faca na direção dele que se esquivava.
- Dani?? – Max estava completamente confuso e desesperado.
- Eu vou te matar!! Você não vai mais encostar suas mãos nojentas em mim! – Eles pareciam gato e rato. Era uma perseguição em volta da mesa. Daniela avançou na direção dele. Max nunca a havia visto daquele jeito.
- Querida, do que está falando?? – Ele saiu de trás da mesa e estendeu a mão na direção dela. – Vamos, querida abaixe esta faca – ela o olhava, um olhar indiferente. – Querida! Me dê essa faca amor – Daniela fez que ia dar a faca a Max e quando ele levou a mão para pegá-la ela o atacou, fazendo um corte em seu ombro.
- Aaaaaaaa! – ele deu um grito de dor – Dani?? O que você fez?? – Ela subitamente voltou a si, mas por um breve momento, depois seus olhos se reviraram e Daniela desmaiou.
Aquele ataque foi o mais grave. Max dali em diante ficou preocupado com a segurança de Bernardo e pensou em se separar de Daniela. Ele não conseguia mais controlá-la. Segundo especialistas ela havia bloqueado certas lembranças de seu passado e não sabia sequer por que fazia aquilo, qual a origem de tudo, de quem ela falava. Max pensava muito em que trauma seria aquele, ela não se lembrava do que fazia enquanto tinha os ataques. Era como se estivesse em transe. Daniela pediu a ele mais uma chance, implorou seu perdão e juntos procuraram especialistas, mas ninguém conseguia resolver o problema dela, tampouco descobrir a origem dele. Até que Max ouviu falar de um médico nada ortodoxo chamado Arthur Mendes. Daniela progrediu muito no inicio. As seções a estavam a deixando mais calma de alguma forma.
De repente o som exasperado de uma buzina trouxe Max de volta.
- Ei seu idiota! Preste atenção! – Era um homem dirigindo um caminhão baú. Por muito pouco Max não bateu o carro contra ele. Max não se desculpou e continuou dirigindo rumo ao posto. Ligou seu rádio, a fim de ouvir uma música para relaxar os nervos, porém caiu justamente numa rádio que noticiava algo sobre o misterioso assassinato de quatro homens.
- Bem, há indícios que há um Serial Killer solto pelas ruas da cidade, três corpos foram encontrados em um furgão abandonado frente a prefeitura municipal e outro corpo acaba de ser encontrado numa casa de recuperação para drogados, este era um antigo informante da policia. Um viciado em cocaína. Temos informações que todos foram mortos enforcados. O detetive Alex Sales está ligando as mortes a chacina da lanchonete da rua 15, onde seis pessoas foram assassinadas com tiros no pescoço e nuca e sua proprietária Nadia havia sido feita refém pelo assassino. Estamos aqui ao vivo com o pai da moça.
- Sua filha, onde ela está? – Perguntou o repórter.
- Ela saiu da delegacia com um advogado, me deu um abraço e disse pra que eu me protegesse. – Max ficou ainda mais confuso, pegou seu telefone e ligou para Nadia.
- Alô? Era o Dr. Fábio.
- Me deixe falar com a Nadia!! – Max estava nervoso.
- Claro que sim, vou passar pra ela. – Respondeu Fábio.
- Max? – Ela disse.
- Nadia, onde vocês estão? – Ele perguntou.
- Estamos chegando no posto. O que aconteceu? – Nadia perguntou.
- Você mentiu pra mim! Por quê? – Ele indagou num misto de tristeza e desconfiança, ele havia confiado nela como confiara em todos outros.
- Oh meu Deus! Cuidado Dr... !!! – De repente era como se algo de grave estivesse acontecendo.
- Nádia? Nádia? – Max perguntou em pânico sem entender o que se passava do outro da linha.
-Max! – Era a voz do Dr. Fábio. – Ele tem uma arma. Meu Deus! Não faça isso! – Max ouviu o som de dois disparos e então um grito de dor. – Aaaaaaaaaa!!
- Dr. Fábio? Droga! Nadia? Alguém responda, por favor. – O telefone havia ficado mudo. Max tentou ligar de novo, mas desta vez era como se ele estivesse fora de área ou desligado. O que aconteceu. – Alex seu cretino! Você a matou! Não pode ser! Bernardo! Filho, eu vou te salvar. A charada? Eu preciso decifrar a charada. – Max havia entrado em pânico.
O telefone tocou de novo.
- Seu cretino! – Max gritou ao telefone.
- Calma Max! Mais uma traidora. Ela mentiu para você Max. Ela é como os outros. – A voz metálica disse.
- Use a sua voz, Alex! – Max disse com uma ira indescritível.
- Ha, ha,ha,ha – Ria o assassino ao telefone. Adoro sua intuição, você é ótimo Max.
- Ela te reconheceu, Alex! Ela reconheceu seus olhos seu cretino! Por isso você os matou! Foi por isso! Então me mate! Venha me pegar! – Max o provocou, ele estava possesso, não sabia em que acreditar mais.
- Não Max! Eu não a matei. Mas talvez a mate. – Disse o assassino.
- Afinal por que ela mentiu pra mim? Ela é sua cúmplice? É isso? – Max perguntou tentando ainda acreditar em Nádia.
- Não seja tolo Max! Já te disse! As aparências enganam! Tome cuidado em quem confia? É disto que estou falando desde o inicio. Mas você parece estar de ouvidos tapados! De olhos vendados. Pense Max, mate a charada, mate o primeiro e depois encontrara o cativeiro. Venha você me pegar, Max! Estou te esperando e o tempo de seu filho acabando. – A voz disse naquele ritmo quase musical, o tom metálico arranhando os ouvidos de Max e penetrando nos confins de seus pensamentos.
- O que você quer? – Max indagou.
- Você vai precisar de ajuda Max! Não para matar a charada, mas para saber onde ela está. Você não a conhece Max? Ou pelo menos não a conheceu de verdade!
- Como assim? Você disse que eu iria matar pessoas que eu conhecia! Que me traíram de alguma forma? – Max estava a beira de um precipício, mas precisava manter o autocontrole. Precisava fazer isso por Bernardo.
- Pessoas próximas Max! Não pessoas amigas. Não pessoas conhecidas. Mas traidoras. E esse você vai gostar de matar Max. Eu tenho certeza disso! Fim de ligação!
- Seu imbecil! Pare de me atormentar!! – Max estava sozinho agora, o telefone havia ficado mudo. Ele massageava a cabeça tentando amenizar a enxaqueca, enquanto as imagens das vitimas vagavam em sua mente. – Alex, por que está fazendo isso? – Max pegou o telefone e ligou mais uma vez, era para um celular, mas ele estava desligado. Depois tentou de novo, agora para outro número, um fixo.
- Alô? Atendeu a voz.
- Ketlin aqui é o Max, onde está o Rafael? – Ketlin era a secretária de Rafael.
- Ele não esteve aqui o dia inteiro, senhor Max. – Ela respondeu tranquilamente, com a voz suave que sempre o atendia.
- Disse aonde ia? – Max investigou.
- Não disse nada senhor. – Ela respondeu.
- Obrigado Ketlin. – Disse Max desligando o telefone. – Onde está você Rafael? Droga, eu realmente estou sozinho. Vamos lá! Tenho que matar esta charada.
...
Lá estava ele, entrando pelo portão daquela casa, Nádia estava ali desmaiada pela pancada que levara na cabeça, ele a olhava carregando um sorriso frio e um olhar perturbador.
- Estamos quase chegando jogadora. – Uma ópera tocava no som de seu carro. ”Carmem”, ele acompanhava cantando baixo, seus dedos pareciam reger a orquestra. Ele desceu do carro e entrou. Lá estava Bernardo, Nádia em seu colo, ainda desmaiada. Bernardo mal podia se mover, estava preso, lutando por sua vida.
- Como vai a minha isca mais querida, meu menino da forca? – Ele perguntou.
- Solte-nos! Por que está fazendo isso? O que irá ganhar? A voz de Bernardo era quase um sussurro, suas cordas vocais pressionadas pela corda que circundava seu pescoço.
- Seu pai irá ganhar. Ele é o jogador principal Bernardo. Tudo depende dele agora! – O assassino falou calmamente.
- Tomara que ele te mate! – Bernardo disse enquanto lutava para continuar vivendo.
- Agora já é hora de ficar calado Bernardo, disse o assassino, amarrando Nádia e indo em direção a porta de saída. Depois de cinco minutos ele retornava com outro corpo em seus braços. Ele olhou para Bernardo e viu a cara de espanto do garoto.
- Mãe? – Bernardo disse assustado.
...
- Não é bom? Será Ruim? Mas não é doente. São? Isso ta errado! Pense Max!! – Ele raciocinava. – com duas ele arranha, com uma é aranha. Ah Deus é o r, dois r(s), um r! Ah!! É isso! Se um pingo não pingar esta letra não há de se molhar. Pingo, letra, pingo. Letras com pingo? Deixe-me ver, j e i !! Max lutava em busca de uma solução para aquela charada. – Mas, depois do r não dá pra ser um j, o mais provável é o i! Então seria ri! Será que é isso? – Ele perguntava para si mesmo. – Se o animal assim ficar é porque seu apetite irá despertar. Apetite? Despertar? Faminto? Magro? Com fome? Ah, droga!! Voltando pro começo.
Max insistia compenetrado nas inúmeras alternativas a que as dicas o levavam.
- Não é bom?Mas não é doente? Não é bom? Mal!! Mas mal com L é doente. Deus, como sou burro!! Mau com u. Mau com ri, Mauri. Naquele instante Max decifrou o restante do nome – O apetite a que ele se refere é sexual, “O apetite irá despertar”, Cio, o cio do animal. Meu Deus, mas... Mauricio? Ele? Não pode ser! Será que? Mas onde ele está? Tenho apenas 30 minutos! Ah Deus, me ajude! Foi quando o telefone tocou e ele atendeu.
- Quem fala? – Max perguntou.
- Eu vou te ajudar! – Max reconheceu a voz ao telefone, era Alex Sales.
- Seu verme! Imbecil! Onde você está? Eu vou te matar!! – Max queria acabar com ele.
- Acalme-se! Já disse que quero te ajudar. Você precisa vencer esse jogo! – Disse Alex.
- Pelo menos parou de se esconder! – Max retrucou.
- Não sou eu quem está se escondendo! Ligue o gravador. – O que você procura é o primeiro, depois encontrará o ultimo e o substituirá por outro que a corrigirá, do alfabeto elas são cinco e a terceira é a do meio, depois ela pode ser o “u” mas não na palavra, e a derradeira é tão pessoal e obliqua, como a cabeça de Nadia na forca erguida. Onde ele está? Não demore! Você tem pouco tempo! Reze Max e o encontrará! – Disse Alex.
- Pare de brincar comigo! Inferno! Seu louco! O que eu fiz pra você? – Max perguntou enquanto seus olhos ardiam e as lágrimas cheias de ódio e aflição invadiam seu rosto.
- Salve o garoto, por favor! Fim de ligação! – Disse Alex.
- Alex! Eu te mato seu cretino!! – Max disse mais uma vez.
Max estava imerso em ódio, uma ira absurda tomava conta de si, e o seu autocontrole estava cada vez mais abalado. Suas lembranças teimavam em voltar. E lá estava ele.
- Querido? – Chamou Daniela.
- O que foi amor? – Ele respondeu.
- Aquele homem há dois meses na entrada do banco. – Ela começou a dizer.
- O mendigo? – Ele interrompeu.
- Era meu pai, quer dizer, meu padrasto. – Ela revelou com o olhar melancólico.
- Mas querida, por que não me disse isso antes. – Ele perguntou enquanto olhava para o semblante já tão sofrido de Daniela.
- Tenho vergonha dele. Eu já não o via há tanto tempo e quando o vi como um mendigo. Meu Deus, me assustei com aquilo. O que ele estava fazendo na entrada daquele banco? Ele só podia estar me seguindo amor. – Ela disse.
- Te seguindo? Você tem medo dele? – Ele indagou.
- Eu não sei Max! Eu não quero vê-lo! Não sei o que sinto por ele! Não deixe que ele nos visite Max. Por favor! Não quero vê-lo! – Ela então ficou confusa e começou a dizer frases sem sentido, era um novo ataque. – Me solte Mauricio! Não me bata, por favor! Não! – E ela desmaiou.
- Seu filho da mãe! O que você fez? Eu tenho que descobrir onde você está! – Max precisava encontrá-lo. – O que você procura é o primeiro. O primeiro?Primeira letra?A? Depois encontrará o último e o substituirá? A ultima letra? Z? Isso ta complicado! – Max insistia enquanto a charada martelava em sua mente. – Do alfabeto elas são 5 e a terceira é a do meio. A,b,c,d,e. A 5ª letra é o e. Aze? Ela pode ser o “u” mas não na palavra. Mas eu não sei qual é a maldita palavra! Paciência Max! Paciência!! Mas o que pode ser o “u”? Espera aí! O W e o, L!! Na palavra. Na “palavra”.Em palavra ele tem som de L mas em mal ele tem som de U. Azel? Tenho que continuar. E a derradeira é tão pessoal e obliqua como a cabeça de Nadia na forca erguida. Pessoal e obliqua? Seria torto, uma espécie de cone é uma forma obliqua, mas por que pessoal? Como a cabeça de Nádia na forca? A brincadeira! O jogo da forca!! A cabeça é um circulo, um “O”. Pronome pessoal obliquo! Mas Azelo? O que é azelo? Não, não pode ser azelo! Estou deixando passar algo. Substituirá por outro que a corrigirá! O z pode ser substituído por “s”. Aselo? E a do meio? Do alfabeto são 5? O que são 5? As vogais!! A,e,i,o e u! A do meio é o “i”! Asilo! Ele está no Asilo municipal!
Max acelerou o carro e pegou o caminho do Asilo. Estava a dez minutos de lá! Max dirigia contra o tempo, estava ansioso pelo fim daquilo tudo. Matar o primeiro, tudo fazia sentido, o trauma de Daniela, quando os ataques começaram. “Mas e o Cristiano?” Ele pensou e naquele momento lembrou-se do que estava escrito no peito dele. “Incesto. Eu sei o que ele fez Max”
- Maldito! Covarde! – Max estava a 200 metros da entrada do Asilo, passou por um trailer velho abandonado, provavelmente uma antiga banca de revistas, dirigiu mais um pouco, parou o carro e desceu, andou até a portaria e um rapaz de cerca de 20 anos o recebeu.
- Sim? – disse o rapaz interessado em saber o que ele desejaria.
- Meu nome é Alex Sales. Vim fazer uma visita aos idosos. Sou da igreja Unidos na Crença. – Max disse olhando seriamente para o jovem.
- Ah sim! Só faltou o terno pro senhor. Mas nunca ouvi falar desta religião. – O rapaz falou enquanto seus olhos o investigavam.
- Meus pais são fundadores, meu jovem! Estou aqui em nome de uma força maior! – Max respondeu de supetão, ele mesmo não sabia de onde havia tirado aquela idéia ridícula.
- Sim, sei, muitos dizem isso, mas eu, me perdoe pela sinceridade, sou meio cético. Quase um ateu. Mas entre senhor Alex. Não é a primeira vez que vem aqui né? – O garoto perguntou.
- Não! Não é não! – Ele respondeu.
- É, mas memória é fraca e sou péssimo fisionomista. Lembro-me apenas do seu nome. Pode ir! – Max entrou e suas suspeitas acabavam de se confirmar. Alex esteve ali. Agora ele precisava encontrar o seu sogro. Haviam velhos por todo aquele lugar. Muitos sentados em bancos, feito aqueles de praça, um lugar parecido com a casa de recuperação onde Cristiano havia morrido de maneira tão humilhante.
- Qual o destino te aguarda, em velho? – Max pensava. Seus olhos percorriam todo aquele lugar. Uma enfermeira passava empurrando uma cadeira de rodas com uma senhora magra e raquítica sobre ela.
- Por favor, enfermeira, eu procuro por um velho chamado Mauricio. – Ele perguntou interrompendo-a.
- Mauricio? – Respondeu a velha. – O Mauricio está morto!
- Como? – Max ficou surpreso com aquela resposta.
- Não dê ouvidos a ela senhor, a velhice a deixou confusa. Ela não bate bem da cabeça. – A enfermeira lançou um sorriso para Max, enquanto a velha o fitava, os olhos perdidos em meio as cataratas que os consumiam enquanto sua boca murcha e sem dentes estava cercada por uma baba branca, talvez algum resquício de um remédio que havia tomado. – Ele estava conversando com um amigo hoje de manhã, depois disso não o vi mais, alguém que veio visitá-lo. Eles foram em direção a antiga capela, o senhor Mauricio é muito religioso, sempre vai pra lá, gosta de ficar sozinho. – a enfermeira respondeu.
- Antiga capela? – Max perguntou.
- Sim! O caminho é por aquela trilha! Nós construímos uma nova e bem mais cômoda, mas ainda não demolimos a antiga. E ele adorava ir orar lá. Talvez esteja lá ainda. – Ela disse.
- Ok! Muito obrigado! – Max se lembrou do que Alex o havia falado antes de desligar o telefone. “Reze Max e o encontrará” – Deus, ele está lá! – Max seguiu a passos apressados pela trilha.
A capela ficava distante do prédio onde ficavam os dormitórios. Max aproximou-se. Era uma velha capela feita de madeira. Uma cruz se destacava no alto e um sino de bronze pendia um pouco abaixo da cruz. Havia uma porta de vidro na frente e através dela os olhos de Max enxergaram o velho nu, era uma visão bizarra, a coisa mais horrorosa que Max já havia visto.
- Meu Deus! – Ele entrou na capela. O velho de dentes podres, seus olhos estavam furados, ele estava amordaçado, duas voltas de arame farpado, seus lábios cortados e sangrando. Estava suspenso no ar, preso a corda do sino, mas não havia cordas o prendendo e sim arames farpados, enrolados por todo seu corpo. Uma coroa de arame farpado enfeitava horrorosamente sua cabeça. A coroa estava ligada a dois outros fios de arame que desciam próximos as suas orelhas, um pela esquerda e outro pela direita. Eles amarrados a outro arame que circulava seu pescoço, o sangue escorrendo por sua face. Suas mãos presas a seu corpo, suas pernas da mesma forma ambas atadas pelo mesmo arame que o imobilizava, as luzes ali apagadas. Ele estava a 80 cm do chão, seus pés apoiados sobre uma prateleira de taboa fixa na parede, algo que antes era utilizado para hospedar a imagem de um santo, o local molhado por um vazamento que surgia da encanação que era presa no teto, vindo da caixa d’água que ficava acima deles, no centro da capela. Em seu peito uma forca desenhada à sangue,e abaixo escrito... “Vem aqui no papai Dani! Perdoe-o Max! Guie-o pra luz!”.
- Por quê? Não! Você é um doente! Ela era sua filha! Filha de sua mulher! Deus! E o Cristiano! Ele via tudo e não impediu! Você abusava dela seu imbecil! Uma garotinha! Você batia nela se ela não fizesse o que você pedia! Era isso? Responda! – Max o olhava com um ódio incontrolável.
O velho balançou a cabeça negativamente.
- Eu disse responda! – Max bradou.
- Não! – Ele disse com uma voz rouca, abafada pelos arames e pelo sangue de seus lábios.
- Deus, então o que acontecia? – Max queria a verdade a qualquer custo.
- Ela gostava! – Ele gaguejava enquanto falava. – Ela me pedia! – Sua voz era como um sussurro, mas chegava como um grito venenoso nos ouvidos de Max. Os olhos do velho tentando o enxergar lá de cima.
- Como? – Max perguntou incrédulo.
- Ela era doente! – O velho falava devagar, Max cada vez mais louco! – Ela quem começou! Eu não queria, mas ela era insinuante, era atrevida! – Mauricio cuspia sangue enquanto falava. – Até que eu me apaixonei por ela. – E então a verdade foi cuspida em meio a saliva e sangue de Mauricio.
- Meu Deus, eu não posso acreditar nisso. O que você está dizendo? Blasfêmias? – Max estava cava vez mais confuso andava de um lado para o outro e massageava a cabeça completamente sem chão.
- Cris descobriu tudo, mas ao invés de ajudá-la, simplesmente se revoltou. Começou a usar drogas. Ele não a ajudou, não delatou. Na verdade não fez nada! Era um fraco, assim como eu fui. – Disse Mauricio.
- Deus! – Max caiu de joelhos. – O que vocês fizeram? – Ele se lembrou novamente do que estava escrito no peito de Cristiano. “Incesto”. – Ela não sabia o que estava fazendo. Era uma criança e mesmo assim você cedeu. Não interessa se era o padrasto, estava no lugar de pai.
- Eu pequei e me arrependo disso tudo – Ele dizia.
- Você pecou? Você fez muito mais que isso. Você acha que merece o perdão de Deus! É isso que busca em suas orações?
- Não! Busco a morte! Busco o inferno! Um melhor do que este onde vivo afogado em culpa! – Max olhou para o fio de arame que saia de seu pescoço, ele acompanhou-o e viu que ele estava conectado a outro fio. Olhou novamente para o peito de Mauricio. “Guie-o pra luz”.
- Vou te ajudar! – Ele disse com a voz serena tal qual a de um anjo anunciando algo. – Mandarei você pro inferno! – Max olhou a sua volta e encontrou o que queria. Primeiro passou seus dedos levemente pelo apagador, olhou na direção de Mauricio. – Que pena que você não vai poder ver isso, sogro! – E acenderam-se as luzes da capela. Porém por muito pouco tempo.
Mauricio urrou pelo susto do choque, mas a distância era muita para que alguém o ouvisse, ele tremeu, seu corpo naquele misto de sangue e da água que descia pelo vazamento, o choque foi intenso, ele não conseguiu se equilibrar por muito tempo e escorregou, descendo 60 cm para o chão e ficando suspenso no ar acompanhando o badalar do sino que tocou alto, o arame perfurou todo seu corpo, enrolou-se ainda mais pelos seus braços e pernas perfurando sua pele e conduzindo a eletricidade por todo seu ser. Queimaduras começaram a surgir, a coroa de espinhos adentrou em sua carne, seu pescoço ensangüentado tentava resistir, mas sem sucesso sentiu as farpas de metal cortar cada milímetro de sua pele, perfurar cada camada de sua epiderme e o sangue desceu livremente, o mesmo sangue que ainda escorria de seus olhos perfurados e vazios. Enfim fechou-se um curto e a energia simplesmente caiu. Mauricio estava morto, ele era o último, ele era o primeiro.
Max saiu correndo de dentro da capela, seus olhos cheios de lágrimas. Olhou pelo caminho, duas enfermeiras vinham correndo na direção da capela. Ele olhou ao seu redor e viu um muro à direita, era a única saída. Correu antes que elas o vissem, subiu e caiu do outro lado, no passeio. Por sorte atrás de um trailer abandonado, próximo a um banheiro. Levantou-se e saiu andando em direção ao seu carro. Entrou, fechou a porta e girou a ignição. Passou ainda em frente a portaria e viu uma enfermeira correndo desesperada e gritando. Ele acelerou mais o carro e fugiu dali. Foi quando o telefone tocou.
- Fale logo! – Ele disse exausto.
- Muito bom Max! Você venceu o jogo! – Disse o assassino.
- Eu quero meu filho! – Ele disse num tom de autoridade escondendo o medo de que seu filho pudesse estar morto a essa altura do campeonato.
- E terá! Agora só precisa me encontrar. – Disse a voz.
- Onde você está? – Ele perguntou.
- Rua Tarcisio Palhares, nº 67. Surpreso Max? Venha me pegar! – Disse o assassino enquanto sorria.
- Na casa do Rafael? – Ele perguntou tão surpreso como poderia estar.
- As aparências enganam, Max! Fim de ligação.
Max dirigiu rumo a casa que ele tanto conhecia, nem viu um Peugeot 207 prata que o seguia. Andou mais quinze minutos e chegou até o portão, desceu do carro e entrou. Era uma casa enorme. Só o terreno eram seis lotes. Herança deixada pelos pais de Rafael.
- Rafa? – Max chamou. – Rafa você está aí? Alex seu cretino! Apareça logo! Eu quero meu filho! O que você fez com o Rafael? – Alex gritava desesperado. Foi quando Nádia chegou até a porta.
- Entre logo Max! – Ela disse.
- Nádia! O que está havendo aqui? – Ele perguntou absorto em um mar de desconfiança.
- Entre se quer que o Bernardo continue vivo? – Ela disse olhando dentro de seus olhos.
- Não pode ser? O que está acontecendo? – Max estava confuso. Onde estava o Alex? Por que a casa do Rafael? Sem alternativa ele entrou sendo seguido por Nádia.
- Me desculpe! – Ela disse constrangida.
- O que você fez Nádia? Você não pode estar envolvida nisso? – Foi quando Alex Sales entrou arrombando a porta, com a arma nas mãos. A mesma arma que ele havia utilizado na lanchonete.
- Alex seu cretino! Max não se importou com a arma e partiu pra cima dele. Mas Alex não queria matá-lo, apenas se desvencilhou de Max jogando-o no chão.
- O que pensa que está fazendo? Eu não sou quem você pensa! – Alex disse olhando para Max.
- Como? Você me ligou! Você matou as pessoas na lanchonete! – Max falou sem acreditar no que acabara de ouvir.
- E você Max, matou cinco homens! Matei apenas um a mais. E por isso sou o assassino? – Alex retrucou.
- Como? Mas se não é você? Quem é? Nádia? – Ambos se viraram para ela.
- Acalmem-se! Acordei à pouco. Levei uma pancada na cabeça. Estamos todos no mesmo barco. Todos somos jogadores. Ele nos usou, Max. Eu identifiquei o Alex, mas não sabia que ele estava sendo forçado a fazer tudo aquilo como eu e você. Ele só quer o garoto, o filho dele! Como eu quero minha irmã, e por isso tive que mentir pra você, foi isso que ele ordenou que o Alex me dissesse para fazer antes de me enfiar naquele freezer. O Alex deveria deixar as vitimas prontas para que você as matasse, enquanto eu era obrigada a te ajudar a matar as charadas, você era o executor, o jogador principal. Ele disse que quer te ver antes de revelar onde eles estão.
- Deus! E quem é o assassino? O Rafael?
- Ele quer que você mesmo o veja Max! Se eu o revelar antes, ele mata os três. Ele está nos vendo pelas câmeras. – Max olhou para o alto no canto da sala, uma câmera focava neles.
- Rafael? Será possível! Não entendo! – Max não sabia mais o que pensar! Estava completamente aturdido pela quantidade de informações que acabara de receber. O que estava acontecendo? Por que o Rafael faria isso com ele?
- Me sigam, e Alex jogue sua arma no chão. Alex deixou sua arma ali e os dois seguiram Nadia pelo corredor. Entraram numa enorme sala, e de repente Max tomou um susto.
- Rafael! Lá estava Rafael. Sentado. Seus olhos fixos no nada, seu peito repleto de sangue, uma faca estava enfiada do lado direito de seu peito. Ele estava encostado na parede com as pernas esticas, sentado, ele estava morto. – Meu Deus! Quem é esse cretino? – Disse Max enquanto Alex olhava ao seu redor buscando alguma explicação.
- Veja aquilo Max! Na parede! Era uma enorme forca! Uma seta, e ao lado escrito a sangue:
“Você venceu Max!”
- Cretino apareça!! – Max gritou.
- Então você veio me pegar, Max! Lá estava ele, terno e gravata, um olhar dissimulado para Max. – Que bom que conseguiu. Que parceria a nossa. Estou emocionado pela perfeição com que tudo foi executado. – Disse a voz, não a voz metálica que até ali arranhava os ouvidos de Max, mas sim a voz conhecida do sádico assassino.
- Você? Mas como? – Max estava pasmo, surpreso com tudo aquilo. Ele nunca imaginaria que aquele seria seu algoz.
- Eu Max. Viu! As aparências enganam Max! Nós limpamos sua casa Max! Extraímos o câncer que lhe cercava. Eles eram traidores Max. Todos eles. Daniela era uma doente, sempre foi – o assassino ria enquanto falava – ela seduziu o próprio padrasto Max e te enganou o tempo todo com essa história de “eu não sei de nada”, que se dane Max, ela poderia até não lembrar de nada, mas era culpada, causou a morte da mãe dela, o irmão virou um viciado, mas pela covardia também merecia morrer e o padrasto, onde estava sua fé nessas horas? Só funcionava depois do erro? Depois que pecava? Deixar se influenciar por uma garotinha? Ele era um pedófilo Max, e tinha uma escolha. Talvez tivesse sido diferente se ele resistisse, talvez. E Jonas, esse era um mercenário, só pensava em dinheiro, me pagou uma fortuna para roubar sua parte da fábrica. E o Ivo, um traidor, vendeu sua alma pro inferno por tão pouco Max, sem falar naquele médico sem escrúpulos que ao descobrir o que Daniela tinha. O que ele fez? Era um pervertido Max, aproveitou-se de sua amada, lembra-se que eu o indiquei a você? Ele me contou cada detalhe sórdido depois de alguns drinques, era um cretino. Mas todos eram, e quando descobri tudo, resolvi lhe ajudar Max.
- Você é um louco Fábio! Por que fez isso tudo! E daí se são traidores. O que o Bernardo tem a ver com isso? – Max perguntou completamente confuso.
- Era preciso Max. Como foi preciso matar aqueles seis na lanchonete, o idiota que roubou sua casa, o tolo do Rafael. Aquele era um amigo Max. O único que você tinha. Mas era um inútil. Eu pelo contrário fiz tudo por você. Te salvei de uma matilha sedenta por sangue Max.. Adorei a sua voz ao telefone furioso com o Alex. – Fábio ria friamente. Eu sempre te vigiando, quando não estava lá, Alex fazia o serviço por mim. Como uma freada no carro pode parecer alguém nos atacando – ele ria cinicamente – “Cuidado Fábio” – mais risos – desmaiá-la foi tão fácil, e te enganar, ah, isso parece que todos conseguem. – Ele disse com um tom de voz debochado.
- Onde está o Bernardo, seu louco doentio? – Max perguntou.
- Não se preocupe. Ele está vivo Max. Como a Cíntia e o Marcos. Estão todos bem. É claro que o Marcos perdeu um pedacinho de sua orelha. Mas está vivo. – Disse Fábio.
- Eu te mato! – Ameaçou Alex.
- Bem que você quer não é! – Retrucou Fábio sacando uma 9mm – Eu acho que sua arma ficou para trás! Acho que não dá pra competir com isso não é Alex. Uma velocidade de 400 m/s. Acho bem rápido. Quer arriscar? – Ele perguntou apontando a arma para os três.
- Você é um covarde Fábio, um fraco! O que você fez aqui? Apenas se escondeu o tempo todo. – Disse Nádia.
- Sim, é verdade. Me escondi. Mas não por ser covarde. Como eu disse. Não se tratava de mim, nem de nós, era apenas você Max, e seu circulo vicioso. E por isso você era o jogador principal. Agora eu vou sair daqui. E vocês, é melhor estarem prontos pro último ato.
- Mais uma charada? – Perguntou Max.
- Não Max! Não há mais charadas para você. Eles estão na piscina. Salve-os! A água está subindo muito rápido e as colunas não resistirão por muito tempo. Aliás, pelos meus cálculos, vocês têm apenas uns dez segundos. E não se preocupem. Eu sei o que fiz. E irei pagar por isso também. Mas não agora. – Ele foi saindo na direção oposta. – Ah, me esqueci. Não me siga Alex. – Foi quando Fábio deu dois tiros em Alex, um em cada perna o fazendo cair aos gritos no chão.
- Nãooooooo! – Gritou Nádia.
- Vocês dois tem pouco tempo. E Max aceite a ajuda da Dani! Fábio caminhava devagar em direção a porta. – Foi quando Alex caído no chão pegou uma arma escondida em suas costas e atirou em Fábio. Ele caiu sentado no chão.
- Bem no joelho? – Ele disse segurando a arma apontada para Alex.
- Vamos nós dois então! – Foi quando Max pulou encima dele e deu-lhe um soco no rosto, os dois rolaram pelo chão, a arma entre eles, até que Max tomou a arma e lhe deu outro soco. – Você não vai morrer assim? E nem vai sair livre daqui? Quem pensa que é pra brincar com a vida das pessoas?? Eu é que vou te matar!
- Eu cuido dele Max! Acerte as contas depois de salvá-los!
Max e Nadia correram na direção da piscina. – Quando Max abriu a porta dos fundos o corpo de Daniela caiu sobre eles. Ela tinha uma faca em sua mão. Estava lá, o corpo não havia se queimado, mas de que adiantava, estava morta. Fábio estava dando seu último presente a Max, mas Max queria seu filho. E lá estava Bernardo coma corda no pescoço, estava vestido, assim como Cíntia e Marcos.
Ambos estavam amordaçados e imobilizados. Bernardo suspenso no ar, outras duas cordas saindo de seus pés, bem esticadas, amarradas nos pescoços de Cíntia e Marcos, um amarrado na perna esquerda e outro na direita. Bernardo se segurando no trampolim, suas mãos livres de cordas, mas salvando sua vida, ele não conseguia subir pois estava amarrado aos pescoços lá embaixo e também não podia descer pois seria estrangulado pela corda de seu pescoço presa ao trampolim. . Cíntia e Marcos estavam dentro da piscina, tentando se manter vivos, a piscina enchendo-se, a água já chegava a seus queixos. Eles eram quase da mesma altura, Marcos era um garoto mais forte que Bernardo.
Eles não podiam se desesperar se não Bernardo seria puxado e cairia sendo estrangulado. E Bernardo era a única firmeza que eles tinham já que seus braços e pernas estavam imóveis, se ele se soltasse eles se afogariam.
- O que vamos fazer Max? Como vamos salvar os três? – Perguntou Nadia.
- Nós vamos Nádia. Você ajuda o Bernardo. Nádia correu para ajudá-lo. Max correu e pegou a faca da mão de Daniela. Cortou a corda que prendia o corpo de Cíntia e pulou na água enquanto ela afundava. Ele a pegou e colocou-a na borda da piscina. Nadia ainda tentava desamarrar a corda do pescoço de Bernardo, mas sem sucesso. Max agora cortava a corda de Marcos, e depois pulou na piscina, fez a mesma coisa e tirou-o para fora da água. Foi quando Max viu Bernardo caindo. Nádia havia soltado a corda, mas não conseguiu puxá-lo para cima. Bernardo afundou e Max mergulhou atrás. Ele o levantou e tirou-o para fora. Saiu da piscina e juntos libertaram os três.
- Pai? Eu sabia que viria. Sabia que venceria. Ele matou a mamãe pai. – Bernardo disse quase sem fôlego.
- Eu sei filho! Eu sei! Agora tudo ficará bem! Que bom que você está a salvo Bernardo. Graças a Deus! – Max disse o abraçando.
- Onde está meu pai? – Perguntou Marcos enquanto Nadia abraçava Cíntia.
- Ele está ferido, mas está bem. Está lá dentro. – Marcos correu e encontrou seu pai sentado no chão. Os outros chegaram logo depois.
- Agora dá pra chamar uma ambulância por favor! Disse Alex.
- Sim, é claro! – Respondeu Nádia.
- E eu? O que vão fazer comigo? – Max andou na direção de Fábio.
- Você é um idiota, um doente. Merece a morte, mas não da forma que você quer. Você quer ser enforcado, não é? – Perguntou Max olhando nos olhos do homem que havia o salvado de tantas mentiras, o mesmo homem que o havia tornado alguém completamente diferente. Aquele dia Max enxergou o mundo por outros olhos.
- Esqueça-o Max! Eu cuido dele!! – Disse Alex. Max olhou para Alex.
- Esquecê-lo?? Vou esquecê-lo sim Alex, com certeza. Mas ele não vai ser preso. Nem nunca mais perturbará a vida de alguém! – Disse Max.
- Não faça isso Max! – Disse Nádia.
- Eu disse que ia matá-lo. E que também iria agradecê-lo antes. E vou fazer isso. Ele não vai ir pra uma cadeia viver a minhas custas, à custa dos impostos da sociedade. E não vai simplesmente morrer da forma que escolher. Ele me deu certo poder hoje e vou usufruir dessa maldição mais uma vez. – Max olhou nos olhos de Fábio.
- Max? – Chamou Nádia.
- Obrigado seu monte de merda! O Jogo acabou! – Max colocou a arma na testa dele! O que tem a dizer agora seu verme?? – Ele perguntou.
- Uma ultima charada Max. Esta não é pra você! – Ele falou.
- Ainda quer brincar? – Max perguntou enquanto engatilhou a arma.
- Não é uma brincadeira! Isso foi previsto, eu sabia que poderia morrer Max. Você era o primeiro. Mas quem disse que seria o último! Corrija Com o n, depois tira o ra, por fim tire a roupa e veja como vai findar!
- Para quem você está dizendo isto? – Max perguntou forçando o cano da arma contra a testa de Alex.
- Qual é o metal mais abundante do corpo humano? Não acerte! Se não está aqui, onde pode estar? Qual é o nome com Cinco letras? Foi ótimo jogar com você Max! Pra você, fim de jogo!
- Que se dane! – Max puxou o gatilho e o projétil fez um buraco no meio da testa de Fábio que caiu inerte no chão da sala. Todos se entreolharam. Os garotos haviam tapado seus olhos. Nadia correu até Max e abraçou-o.
- Acabou Max! Acabou! Ele não vai mais nos fazer mal! – Ela disse.
- Eu precisava matar ele, Nadia! Me desculpe! – Max disse enquanto sua respiração ficava mais forte.
- Fique calmo Max! Daremos um jeito nisso! Agora o que significa? – Perguntou Alex.
- O que significa o quê? – Max perguntou ainda zonzo, por tudo que tinha passado. Ele sentia uma estranha sensação. Era um misto de alivio ao mesmo tempo em que parecia carregar um mundo inteiro em suas costas.
- A charada Max?
- Acabou Alex! Ele está morto! – Max respondeu. – De que importa a charada?
- O que significa Max? – Alex insistiu.
- Não sei! Nádia? – Ambos voltaram-se para ela.
- A do nome eu não faço idéia, mas a outra é fácil. Corrija Com n, corrigir “com”, corrigir com “n”, fica Con. Tira o ra, tira o ra resta o ti! Tire a roupa e veja como vai findar. Aí pode ser nu ou nua, é aí que ele deixa claro que está falando de um nome de uma mulher. Mas não sei quem é ela!
Max, Nádia e Alex se entreolharam e disseram juntos.
- Continua?
Fim!
Obrigado(a),
A todos vocês que me lêem...
Um abraço de coração!
Leiam Pena de Morte.
Sidney Muniz
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Leiam Pena de Morte.
Sidney Muniz