ARAPUCA PRA PEGAR MULHER

A festa do Bonfim em Salvador sai da zona do comércio na cidade baixa e segue em procissão profana até a Igreja do Bonfim, milhares de pessoa acompanham o cortejo, depois a multidão se dispersa e cada um toma seu caminho de volta. Nesse retorno muitos ainda continuam alegres ou embriagados, até mesmo várias mulheres, apostando nisso os quatro amigos, na casa dos dezoito anos, Alemão, Gutão, Zé Tarado e Lulinha resolveram armar uma arapuca para atrair as moiçolas incautas.

A casa vazia do tio de um dos quatro amigos ficava no caminho de volta do Bonfim, escolheram então o Alemão, o mais simpático da turma, que além de bem falante sabia agradar as mulheres, para ficar na porta de casa paquerando as garotas e os outros escondidos aguardando.

Depois de algumas cantadas em vão o Alemão finalmente conquista uma jovem passante, uma bonita mulata e a leva para dentro da casa onde rolam beijos e caricias no velho sofá até que o ato sexual é consumado, Alemão então faz sinal para os amigos que entram no cômodo já ameaçando a jovem nua:

- Deu pra um vai ter que dar pra todo mundo!

- Essa casa é minha vai ter que transar comigo ou chamo a polícia e digo que invadiram a casa.

Zé Tarado nem conversou, foi logo agarrando os seios da assustada mulher que começou a gritar por socorro.

Alemão intercedeu pedindo à pobre que não gritasse, pois chegaria a polícia e eles seriam presos por invasão de domicilio, a muito custo convenceu a mulher que transasse um pouquinho com os amigos que tudo se resolveria. A malsinada mulata concordou em dar um pouquinho para os colegas com a seguinte condição:

- Tá bem vou transar com esses dois, mas com o negão não dou de jeito nenhum.

O Gutão ficou deprimido com o preconceito e saiu sem dizer uma palavra, agora restava dois para transar que discutiam para ver quem ia primeiro’

- eu sou mais velho vou primeiro, disse o Lulinha.

- Você nada eu que dei a idéia vou primeiro, respondeu Zé Tarado

Trocaram ofensas e empurrões, até que resolveram partir para cima da moça os dois ao mesmo tempo, puxa de lá, estica de cá, um pela frente o outro por trás a mulher resistindo bravamente, uma verdadeira batalha, quando de repente a mulher grita e cai dura no chão. Alemão e Lulinha ficaram paralisados ante a situação, Zé Tarado nem titubeou e tentou se aproveitar da situação, mas nesse momento a mulher levanta toda torta e ainda com os olhos fechados, grita com voz grossa:

- Deixem ela paz, não façam mal a ela!

Zé Tarado e Lulinha saem correndo, Alemão ficou encurralado pela mulher possuída, não podia deixar a moça na casa, pois seus tios chegariam naquele mesmo dia, a mulher continuava falando com sua voz gutural:

- Ninguém vai fazer mal a ela, eu sou seu protetor.

Alemão tinha alguma experiência em frequentar terreiro e tentava se comunicar:

- Quem tá ai? É de paz? Diga o que deseja.

O protetor respondia:

- Ela é de santo, eu tomo conta dela e ai de quem se chegar perto!

Alemão chamou Zé Tarado e Lulinha e pediu para fazerem uma oração para o caboclo deixar a mulher, rezaram e rezaram e nada o caboclo resistia repetindo a falação:

- Ela é de santo, eu tomo conta dela e ai de quem se chegar perto!

A situação estava complicada, os tios de Alemão chegando e uma mulher nua, possuída por uma entidade, sem querer sair da casa. Alemão tem uma idéia manda Lulinha chamar um amigo deles versado nas coisas do além, o Tio Jorge. Rapidamente Lulinha e Zé Tarado vão a procura de tio Jorge e o encontram no boteco tomando cerveja, chamam ele num canto e relatam toda a trama, suplicando por ajuda:

- Tio ajuda a gente, a coisa ta pegando!

O tio Jorge cofia seu bigode e responde com sua sinceridade peculiar:

- Na hora de comer a mulher ninguém me chama, agora para resolver bronca me querem, vão se fuder!

Não teve jeito, depois de meia hora, Lulinha e Zé voltam para casa do tio de Alemão preocupados e com medo de enfrentar a mulata possuída. Quando chegam gelam de pavor ouvem gritos e palavrões, entram sorrateiramente e encontram Alemão fazendo sexo furiosamente com a mulatinha que gritava e xingava de prazer, ainda com a voz rouca:

- Vai mete nela, safado, ai acaba com ela, vai puto mete mais!!

Lulinha e Zé Tarado se olham acabrunhados e vão embora sem fazer barulho, parece que o protetor da mulata também tinha ido embora ou estava presente e gostando da transa.

Paulo Melo
Enviado por Paulo Melo em 07/02/2012
Código do texto: T3484388
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