A Fera da Escuridão- parte 3

Toque de recolher voluntário...era assim que se podia analisar a situação na cidade desde o segundo ataque da Fera...quase mais ninguém permanecia nas ruas depois das 20 horas...a polícia redobrara as rondas e os políticos se aquartelavam em suas mansões cercados de seguranças 24 horas no dia.

A fera voltou a sentir fome, aquela fome incontrolável que a devorava por dentro de tempos em tempos...saiu à caça mais uma vez e não tendo o sucesso almejado pelas ruas da cidade, urrou o seu descontentamento em feroz ruído que congelou a alma dos que lograram ouvi-lo.

Caminhou sorrateiramente por entre becos e vielas evitando as rondas policiais com seu instinto apurado, a fome fazia-se cada vez mais presente e , não restando-lhe alternativa partiu para as moradias menos seguras.

Esgueirando-se entre as sombras e farejando o ar, movendo-se com a ligeireza de um felino e o silêncio de uma serpente acabou por chegar ao velho sobrado ao fim de uma rua estreita e pouco habitada. Farejou o local para ver a possibilidade de um ataque bem sucedido, a fome a corroer-lhe as entranhas qual fora um ácido devastador como o que possuem os urubús.

Percebeu, pelo faro a presença de duas pessoas na casa, o seu cheiro não tinha o frescor das vítimas anteriores , mas a sua fome era tamanha que não havia mais tempo para escolhas...partiu para o ataque atravessando uma das frágeis janelas da habitação...à sua frente um casal de idosos fitava-o horrorizado...a mulher tentou até gritar mas a dor no peito denunciava o infarto fulminante, enquanto que o homem antes que tivesse tempo de esboçar qualquer reação já estava dominado e sua cabeça decepada pelas poderosas garras da fera.

O banquete seguiu o mesmo ritual macabro das vezes anteriores , com a diferença de que, desta vez , eram duas as refeições servidas e por isso mesmo
demandou mais tempo para que o monstro saciasse a sua fome de sangue e carne.

Ao mesmo tempo o ataque havia causado um ruido quando rompeu a janela e era preciso precaver-se quanto a uma fuga necessariamente forçada pela chegada de alguém, evitando o confronto com quem quer que fosse já que sua intenção era apenas alimentar-se.

Desta vez o banquete não chegou ao seu final esperado, o telefone fora do gancho denunciava que alguém estava ao telefone com um dos moradores quando da invasão e em poucos minutos ouvia-se ao longe o som de sirenes acorrendo ao local.

A Fera fartou-se enquanto pode , seguindo seus instintos animalescos e esperou a última hora para empreender a sua fuga pela escuridão.

Desta vez porém, chegou a ser vista de relance pelos políciais e alguns vizinhos mais curiosos que abriam suas janelas para espreitar a chegada da polícia.

As descrições da fera eram tão confusas e diferentes que difícil era acreditar que se tratasse de apenas um agressor.
As ilustrações de monstros invadiram as páginas dos jornais e as telas da TV...
mas pareciam tão inverossímeis que muitos acreditavam em uma alucinação coletiva provocada pelo medo.

Biólogos, Zoólogos e outros cientistas, inclusive os geneticistas eram convocados a darem seu parecer diante das cameras de televisão, dos microfones das rádios
e pelas páginas dos jornais.

O mistério ganhava ares sobrenaturais como nas histórias de vampiros ou lobisomens.

continua...ou não...depende de sua atenção...comente