JANELA
Jairo passava todas as manhãs em frente a janela do velho casarão da Rua Augusta apenas para ver a moça que ficava na janela, aliás era a moça mais bonita que havia visto e além disso, ela lhe retribuia o sorrizo de maneira encantadora.
A moça era desconhecida para todos na redondeza, pois perguntava a todos e ninguem a conhecia ou tinha qualquer informação para ele sobre ela, foi ficando apaixonado e entrigado com a vida que ela levava.
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Decidiu que desvendaria aquele mistério e encontraria a moça pessoalmente, a noite, saiu de casa todo vestido em preto para melhor esconder-se caso alguém o visse pulando o muro do casarão, e muniu-se de cordas para escalar o muro, ao pular no jardim enorme viu o janelão abaixo e entrou.
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Encontrou e encontrou uma sala vazia e escura, ligou a lanterna e viu as escadas que o levariam até a janela de cima, subiu devagar, deparou-se com muita sujeira, ratos baratas e teias de aranha, seguiu no corredor a frente, já amedrontado mais esperançoso de encontrar-se com a amada prosseguiu, andou muito e nada, viu várias portas e abriu a primeira e não havia ninguém naquele quarto amedrontador, abriu as vinte portas que havia lá, todos os quartos eram a mesma coisa, vazio e sujo, entregues a sujeira, aranha, baratas e ratos .
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Voltou pelas escadas e caiu abaixo, foi parar num salão onde havia uma velha senhora pintando uma tela, aproximou-se e falou:
_Procuro uma moça, que mora nessa casa, pode me ajudar?
A velha se manteve calada, e apontou para um diário, abriu e lá estava a foto da moça e embaixo estava escrito Tábata Nunes, virou a página e leu, Grécia, 15 de janeiro de 1735, 7:30 min. querido diário, aqui estou sozinha, aprisionada nesse terrível casarão em frente a essa janela a esperar que alguém venha me salvar dessa velha louca, que me acorrentou nessa cadeira, essa hora da manhã é a única que eu consigo sorrir, pois a cada dia ao sol nascer acredito que é um novo dia e que alguém vira me libertar desse cativeiro, a tarde fico triste pois descubro que ninguém me ouviu, a noite choro porque percebo que o dia terminou e que minha esperança foi em vão.
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Trêmulo e mal acreditando no que via, virou para a última página e estava escrito 20 de março de 1790, 7:30 min. Querido diário estou velha, frágio e ainda continuo aqui, tuas páginas acabarão e minha paciencia também, vou encontrar algo para fazer e terminar meus dias, mais aceito a vida que tenho, pois de certa forma eu escolhi, ia ao trabalho todos os dias e passava aqui na frente, me encantei por um jovem que apenas sorria para mim, e não soube esperar que tivessemos um encontro natural, na rua, sei lá, sei que forçei a situação e entrei nesse casarão, para apressar o encontro, fui acorrentada e ninguém me ouvi, ninguém vem me procurar, acho que me precipitei, e acabarei aqui pela curiosidade.
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Apavorado Jairo correu, porém não conseguiu sair dali, as correntes estavam o aprisionando seus pés e havia um diário em branco com sua foto na primeira página datado e uma caneta ao lado.