VAMPIROS 4
Anadi era uma princesa e vivia cercada de servos, que cuidavam de suas roupas, de sua alimentação e qualquer outra necessidade. Sem conhecer a dor, ou o mundo lá fora ela, uma jovem de dezoito anos, passava seus dias na floresta, além do castelo, colhendo flores, ou observando os pássaros. Como toda jovem imaginava seu príncipe surgindo num cavalo um dia desses.
E aconteceu assim, numa tarde bela ela viu surgir um jovem triste, muito alto, num cavalo preto, com os olhos vermelhos, com ar de fúria. O jovem disse que o cavalo se chamava Andrei, uma póstuma homenagem ao seu antigo dono. Ela tinha medo daquele cavalo assustador, mas não sabia dizer o porquê. O jovem moço passou a visitá-la toda tarde. Ela não sabia onde ele dormia, ou onde morava.
A convite dela, meio a contragosto, ele passou a visitar o castelo e até passou a fazer parte da mesa do rei. Mas ele só estava ali por Anadi, com quem se engraçara.
Não havia amor em Christoferson, ele queria aproveitar-se da jovem e fugir. Ele não tinha esperanças de uma vida normal mais.
Ao mesmo tempo em que o jovem aparecera, estranhas mortes de mulheres ocorriam em localidades próximas. As mulheres apareciam com furos de dente no pescoço e sem sangue. Imaginavam que animal estaria fazendo aquilo. A força policial fora acionada. O mais estranho é que todas as mulheres atacadas tinham má fama, até as casadas que apareceram mortas. Se era um animal, estava escolhendo sua presa.
Foi por essa época que Christoferson viu pela primeira vez Jhosua, o vidente profeta.
Esse aparecera no reino com idéias de uma nova religião, o que não agradou o rei. O homem era dissimulado e não inspirava confiança. Mas era um homem de conversa e conseguia sempre estar por ali.
Christoferson sabia o que ele era e Jhosua também sabia quem, ou o que era Chris. Nenhum dos dois tinha boas intenções. Christoferson odiava tudo agora, só queria matar.
Um investigador foi levantado após outro, para descobrir quem matava as mulheres e foram mortos um após o outro.
As noticias eram ruins a ponto de alguém jurar que vira uma das mortas e enterradas, vagar pelos campos a noite, com ar feroz, de animal, as roupas sujas da terra do cemitério, ainda.
Numa noite, já tarde, quando Christoferson ia para seu quarto, no castelo, Jhosua saindo das sombras de uma parede lhe confessou que sabia que ele era um vampiro. Ele sentia o seu cheiro. Chris disse o mesmo. Jhosua o ameaçou dizendo que se ele não atrapalhasse seus planos, ele não faria mal algum ao jovem. Não havia um pingo de medo no olhos do falso profeta. Havia, ameaça.
Enquanto isso o namorico, quase infantil, com a linda princesa avançava.
Os dois vampiros estavam matando as pessoas aos arredores. Mas uma morte veio para mudar a situação acomodada de todos ali. Uma menina de quatro anos morreu, morta por um vampiro. Seu corpo foi encontrado pela mãe, no quintal, quando essa indo atrás da filha, que ficara de repente silenciosa, logo após o barulho de um baque surdo, morta, no meio das bonecas de pano que ganhara de presente de aniversário.
Christoferson encontrou Joshua, ainda naquela noite, numa taberna, bebendo sozinho. As mulheres tinham medo dele e os homens também. A menina não fora transformada em vampiro, mas atacar a crianças agora? Chris não concordava e acabaram brigando a socos. O povo conseguiu parar a briga, pois nenhum dos dois queria mostrar a força que tinha para aquelas pessoas.
Os dois não se falavam mais, um odiando o outro. O jovem vampiro pensou em acabar com o namorinho com a princesa, matando-a naquela tarde, quando fossem ao jardim colher flores. No roseiral, que ela gostava tanto, ele a mataria. E assim ele já estava prestes a fazer, abraçado com a jovem, em seu peito, olhando para as nuvens, quando os criados trouxeram a noticia de que o rei estava morto. O feiticeiro, como eles falavam escondidos, sobre o profeta Jhosua, que usava um casebre afastado como igreja da sua religião, tinha matado o rei, que o descobrira nos lençóis da rainha. Correram para lá e prepararam-se para o enterro. Christoferson não sabia que medidas tomar contra Jhosua. A fantasma lhe disse para encontrar o sábio. Onde? Deveria ele ficar, ou ir agora? E naquela noite de dúvidas Anadi sumiu.
Durante uma semana Christoferson os seguiu pelo cheiro do vampiro. Ele estava indo à França, ou assim parecia.
Mas, conforme andavam, ele podia discernir um outro cheiro. O vampiro andava com outro vampiro. Agora eram dois. O outro vampiro tinha um cheiro mais doce, que a principio não discerniu direito, mas pensando numa noite sobre isso, enquanto dormia escondido numa estrebaria, junto ao seu cavalo, que o cheiro, que ia ficando mais forte, era de rosas. Anadi fora transformada por Jhosua.