O Crepúsculo dos Anjos
Jorge Linhaça
Introdução
Eram os anjos guardiões dos homens, seres escolhidos para auxiliar
em toda a tarefa divina. Alguns deles existiam antes do homem e outros foram homens que se tornaram anjos segundo os critérios de Deus.
Anjos alados ou sem asas, isso é o que menos importa. Anjos sem asas não são os que as perderam por algum motivo, são aqueles que, para caminhar mais anonimamente entre os homens jamais as tiveram.
Alguns discutem levianamente o sexo dos anjos, tornando-os seres assexuados e mormente identificados com a forma masculina. Tolo engano, quem foi que disse que Deus, em algum momento, proibiu as mulheres de desempenharem esse papel?
Claro que, em sociedades onde o sistema patriarcal prevalecia, era mais conveniente que os anjos se apresentassem como homens, a fim de que os líderes religiosos e o próprio povo aceitassem que eram emissários de Deus.
Ao longo dos anos criou-se a figura do "anjo da guarda" largamente reproduzida em gravuras onde principalmente zelavam pela segurança das crianças.
A verdade é que os anjos tem como principal papel ser mensageiros de Deus e dar suas orientações aos homens ( e mulheres ).
Assim como existe entre os humanos os anjos seguem lá sua hierarquia e cada qual é mais especializado em alguma função.
Houve um tempo, perdido na história do tempo, em que parte dos anjos rebelou-se contra Deus, sendo privado de permanecer em sua presença, esses foram chamados de anjos caídos, não porque tenham despencado do céu como Ícaro com suas asas derretidas, mas por haverem caído em desgraça perante os olhos do Senhor.
Mas o que os levou a tal condição? A resposta mais frequente é que foi a rebeldia, coisa bem comum entre os adolescentes e mesmo entre os adultos de nossa era.
Rebelar-se contra Deus, portanto, não é uma novidade dos tempos modernos, a história e as escrituras estão recheadas de fatos que demonstram essa propensão da alma humana e também angélica.
É importante salientar que discordar é diferente de se rebelar.
Quem discorda possui uma opinião diferente à apresentada mas procura manter-se em seu lugar e quiçá provar seu ponto de vista.
Quem se rebela, afronta a autoridade e dela se desvia de forma consciente, assumindo os riscos de seu comportamento.
Vivemos a fase crepuscular dos anjos, não porque eles a hajam perdido o seu poder ou função diante do Criador mas sim , porque o homem cada vez mais busca a satisfação de seus instintos e desejos materiais. Pobre do anjo que se revelasse diante dos homens hoje sem que lhe fosse permitido usar de todo o seu poder para defender-se.
Provavelmente seria considerado uma aberração e literalmente depenado em praça pública em meio ao frenesi dos que negam a existência de Deus e qualqur coisa ligada a ele.
Se algum deles tivese a sorte de encontrar um frupo de pessoas que não estivesse preocupado em obter fama imediata e algum retorno financeiro com sua presença, talvez alguns até mesmo se ajoelhassem diante dele reverenciando-o.
O fato é que criaram-se tantos mitos sobre os anjos que para alguns a sua presença seria atribuída a alguma força demoníaca.
É nesse contexto que este conto tem o seu início...
Salvador, 19 de janeiro de 2012