O PALHAÇO
Linda estava tonta. Sempre que fechava os olhos via a sua volta sorrisos em circulo gargalhando no silêncio em meio a escuridão.
Aquele olhar aterrador e a sombra fantasmagórica, indo e vindo em sua direção. O nariz vermelho, de tão grande parecia uma ferida. Aquilo a assustava.
-Linda!! Papai e mamãe te amam!! – Eram os ecos que ecoavam em sua mente.
Abria os olhos, via a imensidão do quarto vazio. Uns brinquedinhos pairavam sob o teto, uns girando, outros fazendo barulho. Em cima da estante suas pelucias pareciam olhar fixamente para ela, e na janela, o vento s os trovões faziam a árvore de seu quintal dançar um maligno balé.
O sono chegava. Mais uma vez fechava os olhos e via aquele riso largo e vermelho gargalhando em meio a escuridão. Tremeu. Não sabia o que era aquilo, mas sabia sentia um algo diferente. Também, com apenas um ano não conseguia se lembrar o que era.
De repente, o nome lhe veio a mente.
-Olha Linda! – dizia o pai – este é palhaço que veio te dar feliz aniversário!
Gargalhadas, rosto assustador... um... como é mesmo o nome?? O que era? Se lembrou do que mamãe disse.
-Pare Augusto! Não vê que ela está com medo??
Medo... repentinamente sabia que estava sentindo. Era medo...
E então, tremula, fechou os olhos e tentou dormir ao som invisível das terríveis gargalhadas que vinham da feia cara daquele palhaço. O que é mesmo? Palhaço... Linda finalmente dormiu, sem saber o que se passava na sua cabeça, apenas sonhou. No dia seguinte, mais calma brincava com seus ursinhos sem se lembrar do lindo sorriso que hora ou outra a fazia chorar...