O Livro dos Mortos- Parte 1

Ao visitar sua avó, uma jovem começa a enfrentar seus piores pesadelos...

Era manhã de quarta-feira quando Leila viajou para o interior no intuito de visitar sua avó, a qual não conhecia. Na verdade, Leila acabara de conhecer seu pai e aos poucos ia se aproximando da família dele.

Ao chegar, à primeira vista parecia ser uma bela casa antiga, impressão que ficou mais evidente ao entrar na residência.

Sua avó a recebeu de braços abertos e com muito carinho. Assim que chegou, Leila ligou para sua mãe para contar que estava tudo bem e ficaria por ali alguns dias.

Ao chegar na sala, Leila teve uma impressão negativa e um mal estar naquele ambiente. Haviam muitos adornos, estátuas e símbolos mas o que chamou sua atenção foi ver um quadro de um senhor de olhos fechados. Perguntou à sua avó e ela respondeu que era seu avô, fotografado no caixão, instantes antes de ser enterrado.

Leia ficou surpresa, pois nunca tinha visto nada igual. À noite, já em seu quarto, aquele quadro não saía de sua cabeça.

Com cede, ficou com receio de ir até a cozinha e ter que passar pela sala. Resolveu ficar ali mesmo.

Sem sono, Leila abriu algumas gavetas à procura de algum livro até encontrar um com uma capa preta e uma cruz. Seria uma Bíblia?

Ao abrir, para sua surpresa era um álbum de fotografias. Leila começou a olhar uma por uma. Eram fotos antigas em preto e branco, de pessoas geralmente em família. Havia um bebê muito lindo, num bercinho.

No dia seguinte, Leila comentou com sua avó sobre esse álbum. Ao ouvir isso, a velha senhora ficou espantada e disse para Leila não mexer mais ali.

Leia ficou curiosa e perguntou quem eram aquelas pessoas. Sua avó respondeu ser aquele o famoso "Livro dos Mortos". Leila sorriu e perguntou o que era o tal "Livro dos Mortos".

-É um livro com pessoas que foram fotografadas já mortas.

-E aquele bebê, perguntou Leila.

-Também. Todos nas fotos estavam mortos. Isso era uma tradição do século XIX. Muitos familiares não haviam fotografado seus entes queridos em vida ou simplesmente queriam uma última recordação. Por isso eles eram colocados de pé ou sentados, sustentados por estruturas de madeira parecendo vivos.

Naquele momento Leila estremeceu os lábios diante de tal revelação. Seu semblante ficou frio e tomado de terror. Mesmo assim, Leila arriscou uma pergunta:

- Por isso você fotografou o vovô já morto no caixão?

A avó ficou paralisada alguns instantes, mas depois falou:

- Por que me faz tantas perguntas? Eu nem conheço você direito, sua cretina.

Leila começou a chorar e correu para o quarto. Ela iria pegar suas coisas e partir daquele lugar sombrio.

Sua avó correu e a segurou pelo braço:

- Você não irá a lugar algum!

- Me solte, por favor, me deixe ir embora.

Então a velha golpeou a moça com um vaso, vindo esta a desmaiar, e a trancou no porão da casa.

Horas depois Leila acordou transtornada naquele lugar mais aterrorizante ainda. Sob meia luz começou a caminhar até ver uma série de vidros de remédios e mais adiante garrafas grandes cheias de formol.

À sua direita viu algo muito macabro. Sobre uma prateleira muitos corpos de pessoas, conservados e todos de olhos abertos. Leila chorava sem parar e gritava para que a tirassem de lá. Viu também estruturas de madeira para segurar corpos de pé. Ainda tomada pelo terror e tentando sair dali andou mais alguns passos até ver o pior de seus pesadelos.

Sobre um cavalete estavam seu pai e seu namorado, mortos, de olhos abertos posicionados para fotografia, num espaço parecendo um mini estúdio, e mais à esquerda um outro cavalete. Para quem seria?

Leila começou a gritar muito e chorar. Batia nas paredes inutilmente tentando sair daquele inferno até sentir algo atravessar-lhe o pescoço, tirando-lhe o ar e manchando-a de sangue.

A velha matou a pobre ali mesmo. Limpou-a colou suas partes e a pendurou nos cavaletes, de olhos abertos para sua última foto de família. Esta ao invés do livro, ficou pendurada na parede da sala, ao lado de seu avô.

continua...

Paulo Farias
Enviado por Paulo Farias em 19/01/2012
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T3450430
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