Dias Inglórios - Cap.1: Apenas Boatos.
13/03/2017
O Corpo na Minha frente estava imóvel. Deus! Parte do tórax esquerdo estava esmagado. A mão direita amputada e o crânio inchado devido a várias pancadas.
Mulher Branca aparentando aproximadamente trinta e cinco anos. Constatei. A sala estava vazia, as luzes piscavam enquanto eu tentava em vão enxergar o canto mais escuro da sala, dei um passo ainda tremendo de medo. Realmente eu deveria prestar total atenção á mulher atrás de mim, mais havia algo naquele canto da sala. Algo naquela geladeira cheia de cadáveres que me fazia arrepiar todas as vezes que entrava ali. Parecia que conseguia ouvir um fraco arranhar de unhas ou algo vivo dentro da geladeira. Mas, sabia que era só minha imaginação. Os mortos não voltam à vida.
-Mulher Branca, Trinta e Cinco anos. Atropelamento - Falou o responsável pela minha residência, abrindo a porta inesperadamente.
Meu coração parecia ter parado, enquanto todo meu corpo se paralisava com o susto. Consegui recuperar o sangue frio e meu corpo voltou ao normal. Confesso que levei um puto de um susto de um velho de quase 70 anos.
-Algum Problema, Mocinha? – Ele perguntou despreocupado, arqueando a sobrancelha direita.
“Não. Nenhum problema. Tirando o fato que você quase me matou de susto” – pensei mal humorada, apenas o encarando com um olhar hostil.
- Nenhum problema, Doutor – Respondi séria, voltando a minha atenção novamente para minha paciente.
- Excelente – Ele limitou-se a falar – Sua paciente é uma mulher de aproximadamente 1,78 de altura, pesando cerca de 65 Kg. Foi espancada e depois atropelada. Causa da morte hemorragia interna devido a varias pancada, esmagamento parcial do tórax sufocando a vitima até a morte e múltiplas fraturas.
Doutor Roberto era um médico de cerca de setenta anos, magro e alto com fartos cabelos brancos. A barba longa e branca emoldurava uma imagem de médico respeitado e rígido. Respeitado por grande parte dos residentes e odiado pelo restante. A fama de extremamente rígido com os residentes era visto com bons olhos por alguns e não tão boa para outros.
- Por Deus – Doutor Roberto exclamou – Fale alguma coisa, Mulher. Você é uma médica ou uma idiota?
Eu tremi por dentro ao ouvi-lo elevar a voz. Apertei os lábios para não responder algo que pudesse me prejudicar ou até mesmo fazer com que o resto da minha residência fosse um inferno. Apenas respirei fundo e olhei para Doutor Roberto que me lançava um olhar analisador. Circulei novamente a bancada e comecei a examinar minha paciente.
- A vitima teve traumatismo craniano devido às várias fraturas sofridas – Apontei parte da cabeça, passando o dedo levemente pelo lugar – Fraturas que provocaram cortes bastantes profundos na mulher. Perdeu uma razoável quantidade de sangue e deve ter ficado inconsciente em poucos minutos. O que possibilitou seu agressor a posicionar seu corpo do modo que pudesse atropelá-la seguidas vezes, esmagando seu tórax e causando fraturas no tórax, pernas e braços.
Ele olhou para mim e começou a bater palmas. Eu não sabia bem o que fazer.
- Parabéns –Ele falou – Já estou a um ano tentando ensiná-la como realizar uma autopsia e quando finalmente permito que a senhorita realize. Você me vem com um Laudo de morte de perito criminal, digno de uma serie de televisão. Já percebi que estou ensinando idiotas televisivos – Ele disse furioso e saiu da sala.