Pesadelo Real

- Socorro! – alguém gritava no meio da escuridão. – Socorro! Alguém me ajuda por favor! – suas suplicas eram ouvidas enquanto a noite soprava longas cortinas de vento frio.

Ele estava em uma longa estrada de chão batido, enquanto corria a procura de um abrigo o vento lançava contra a sua costa grandes gotas de chuva que mais pareciam grandes pedras que a cada impacto contra o seu corpo lhe deixava grandes marcas da violência que sofria.

- Quem esta aí? – gritou depois de parar bruscamente na estrada, começou a olhar atentamente ao seu redor e via apenas árvores, grandes árvores que não o deixava ver o que tinha entre elas.

- Socorro, por favor, alguém me ajuda!

O vento uivava a cada grito de suplicas, o grito vinha de todos os lados, e algumas vezes parecia estar distante, no enquanto quando surgiam novas suplicas elas estavam ali, bem próximas de seu ouvido, mas sempre que olhava ao redor nunca encontrava nada, nunca descobria de onde vinham os pedidos de socorro.

Ele continuou correndo sem saber por quanto tempo, e quando tudo parecia não ter mais fim encontrou uma pequena estrada a sua direita, e cansado daquela estrada que parecia não levar a nenhum lugar desviou-se para o novo caminho. Ali era mais escuro, mais quente e quanto mais mergulhava naquele caminho mais tranquilo a noite ia ficando, a sua frente havia uma pequena placa, ela estava muito suja, mais não foi o que estava escrito ali que o chamara a atenção, e sim o que estava preso nela, era uma pequena pulseira que parecia um terço, era algo delicado, sua cor branca e prateada era familiar, mais quando começava a pensar muito naquele objeto algo o interrompeu, ele não conseguia respirar, ao seu redor ficou tudo negro, sem brilho, a lua que brilhava agora havia desaparecido, ele estava numa escuridão total, e der repente sente-se como se estivesse respirando pela primeira vez depois de um longo período com os pulmões cheios de ar.

Carlos se viu dentro de seu quarto, estava muito suado, ele havia tido um pesadelo, algo que o assustou tanto ao ponto de quase cair de sua cama, sua cabeça doía, seu corpo tremia como se tivesse sentindo um frio muito forte como o que sentiu em seu pesadelo. Ele nunca havia passado por isso, e o mais estrando disso tudo era que JP também havia tido o mesmo sonho, mais eles nunca compartilharam isso um com o outro.

- Fale Will, o que o senhor manda hoje? – perguntou Carlos ao ouvir a voz de seu amigo pelo telefone.

- Mando nada hoje, vou ter que ficar estudando pra uma prova na casa da Eli e provavelmente chegarei tarde em casa, eu vou precisar de sua ajuda pra hoje assim que chegar no Cabral.

- Diga lá, o que aconteceu?

- O computador do JP chegou hoje em casa, mais a memoria RAM do PC veio solta e estou precisando montar ele novamente, e queria saber se tem como você me ajudar nisso, também estou precisando de um pente de memoria de pelo menos 1 GB, você tem por ai?

- Creio que tenho sim, eu levo na sua casa assim que você chegar, mais vê se dessa vez você me liga, quando eu sair da minha aula eu vou voltar direto pra minha casa. – falou Carlos ao amigo.

- Pode deixar, ligo sim, aproveita e leva o seu Notebook, pra eu lhe ensinar o DOTA.- disse Will e logo se despediram.

Will ficou a tarde toda e parte da noite na casa de sua namorada estudando, ele tinha uma prova para fazer e alguns projetos de fim de curso para apresentar ate o final do ano, pois esse ano seria o seu ultimo como acadêmico e logo iria começar a lecionar, tudo que sempre quis desde quando entrou na faculdade.

- Amor, eu tenho que ir agora, já esta ficando muito tarde e não quero que minha mãe fique sozinha em casa. – disse Will para sua namorada enquanto olhava para o relógio.

- Mas amor, o seu padrasto não vai dormi por lá hoje? Esta muito tarde pra você voltar de moto pra sua casa. – questionou Eli.

- Que nada, pode deixar amor, eu vou pra casa, pois tenho algumas coisas pra fazer, combinei com o JP e o Carlos que iria estar em casa hoje, mais quando eu chegar eu te ligo avisando que cheguei bem, certo? – sorriu tentando deixa-la mais tranquila.

- Tudo bem, mais, por favor, vai com cuidado. – pediu Eli antes de se despedirem.

- Pode deixar, agora vou indo. – falou enquanto a abraçava. – Te amo minha linda. – disse e logo em seguida lhe deu um beijo e partiu.

Will fazia um longo trajeto da casa de sua namorada ate a sua casa, pois os bairros eram muitos distantes e poucas ruas davam acesso aos dois bairros, ela morava no bairro Infraero I e ele no bairro Cabralzinho. Hoje era feriado de 7 de setembro, que felizmente caiu numa quinta-feira e logo foi prolongado ate domingo, a cidade estava bastante movimentada, pois haviam vários eventos na cidade para comemorar essa data tão importante.

- Alô. Quem esta falando? – perguntou Carlos ainda cansado depois de atender o telefone no meio da madrugada.

Nada se ouviu do outro lado da linha, apenas uma longa respiração, alguém estava tentando falar alguma coisa, mais parecia não conseguir. Carlos olhou no visor de seu celular para ver quem havia ligado para ele, era João Paulo, ele estranhou a ligação do amigo.

- Fala JP, o gato comeu a sua língua? – perguntou tentando fazer piada.

- Carlos, você estava dormindo? – perguntou em uma voz pesada e aparentemente cansada.

- Sim, mais pode falar, o que aconteceu?

- Bem, cara, aconteceu uma coisa muito chata...

A voz de JP foi sumindo, Carlos não entendia mais nenhuma palavra que o amigo falava, apenas ouviu algumas coisas falando de horário, carro, e outras coisas, mais não conseguiu assimilar nada do que era falado. Carlos tentou pedir para o amigo repetir o que ele estava falando, mas nada saia de sua garganta, ele começou a ficar preocupado com o que estava acontecendo, sua visão começou a ficar turva, e antes que escurecesse totalmente olhou para seus braços, seus dedos estavam desaparecendo, eles haviam virado cinzas e se quebrado com o próprio peso, sua respiração ficou pesada ate que não conseguia mais respirar, sua visão havia se apagado como um grande blecaute, e tudo a sua frente desapareceu.

Nesse dia eu perdi o meu melhor amigo, meu irmão e companheiro para todas as horas, o mundo para mim tinha acabado, pois me arrancou uma das minhas partes mais importantes, a amizade.