Atormentado por Estela

Certo dia acordei muito cedo e parti para Mogi das Cruzes, no intuito de visitar uma garota que conheci pela internet.

Já havíamos trocado fotos, centenas de mensagens mas nunca sequer nos falamos ao telefone. Planejamos dessa forma o nosso encontro.

Nosso encontro iria acontecer de forma muito simples. Em uma sorveteria perto da praça central, exatamente às dezesseis horas.

Peguei o trem e ao chegar na cidade, extremo leste de São Paulo dirigi-me ao local, mas como ainda faltava mais de meia hora resolvi sentar-me num banco da praça e observar as pessoas.

Observava atentamente a entrada da sorveteria tentando identificar tal garota, mas dando o horário fui até o local. Aguardei, aguardei por minutos, horas e nada de a garota aparecer. Olhei em meu celular se havia algum SMS e nada. Resolvi então ligar para ela pela primeira vez ali mesmo mas seu telefone estava fora de área.

Tomado de decepção voltei à estação e peguei um trem de volta, bastante chateado. Porque teria feito isto comigo, marcado um encontro e não comparecendo. Antes não marcasse, pensei.

Ao retornar à minha casa liguei o computador mas não haviam novas mensagens.

Os dias se passaram e a garota simplesmente não deu mais sinal de vida. Não sabia se ficava com raiva ou preocupado.

No final de semana seguinte acordei de madrugada com o barulho do celular. Havia um SMS da Estela. Esse era o nome dela. Na mensagem, me pedia desculpas por não ter ido e marcou um novo encontro, prometendo não faltar por nada desse mundo. O estranho foi ela ter marcado tal encontro às onze horas da noite.

Chegando em Mogi, ela já me esperava na entrada da estação. A abracei e sem hesitar, Estela beijou minha boca, como se já namorássemos há algum tempo.

Passeamos pela cidade, namoramos bastante e quando vi já passava da meia noite. Argumentei com Estela que não teria como eu voltar para São Paulo, pois os trens já não circulavam mais.

Estela disse para não me preocupar, pois iria dormir em sua casa. Achei estranha aquela casa, em uma rua muito escondida e cheia de muito mato. Era uma casa velha e Estela morava sozinha.

Entramos e ela me levou para seu quarto. Ao abrir a porta, o quarto era exatamente o oposto da casa. Muito limpo e bem decorado. Para minha surpresa, disse que queria passar a noite comigo e fizemos amor, dormindo em seguida abraçados.

Pela manhã fui acordado por um raio de Sol, atravessado por uma fresta na pequena janela. Ao abrir os olhos levei o maior susto de minha vida.

Aquele belo quarto se tornou um lugar assustador. Foi quando vi que estava deitado em um túmulo. Saltei e ao ver a lápide, estava escrito: "Estela Vieira. Saudades de sua família". Na data de falecimento, dia 20/02/2010 exatamente há uma semana atrás.

Tomado de desespero comecei a vomitar e andar para trás, notando estar dentro de um mausoléu.

Saí desesperado daquele cemitério, o qual não tinha notado na noite anterior.

Até hoje tento desvendar isso e não consigo entender. Afinal, teria Estela morrido no dia do nosso primeiro encontro e por isso não foi à sorveteria? Seu espírito voltou para se encontrar comigo?

Ainda hoje sou atormentado pelo fantasma de Estela. Todas as sextas-feira recebo mensagens no meu celular para nos encontrarmos. Os e-mails continuam chegando, endereçados por ela, dizendo querer me ver novamente. E não tem jeito. Troquei de celular cinco vezes, inclusive de operadora mas ainda recebo tais mensagens.

O que faço? Como me livrar desse espírito atormentado?

Paulo Farias
Enviado por Paulo Farias em 07/01/2012
Código do texto: T3426891
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