A gostosa do casarão
 
"Quando o ódio e a sede de sangue usam artifícios que seduzem o corpo e a mente..."
Aquele alvoroço tinha hora e lugar marcados em pelo menos 2 dias na semana. 
Era uma praça qualquer em um bairro qualquer, e aquele pequeno aglomerado de jovens tinha uma direção para olhar, exatamente a 200 metros de onde  estavam, e lá no segundo andar, dançava em frente a uma ampla e generosa janela uma escultural mulher,  na verdade o que via-se era a silhueta por trás de uma cortina que por dedução dizia-se: Uma bela mulher!
Havia som alto, assovios, gritos, e tudo para brindar aquele momento, que durava pelo menos 45 minutos, depois as luzes se apagavam no casarão que rodeava a janela, e restava o silencio sepulcral da noite escura.
Mas, alí mesmo na alta madrugada, vindo de dentro do casarão, ouviam-se gritos, estalar de açoites, grotescos ruídos de esganaduras, o cheiro ocre e ácido de sangue fresco...
A manhã trazia no jardim do casarão, apenas as roupas das miseráveis vítimas, a cada noite uma, e a cada manhã a interrogação, quem era o assassino que trucidava suas vítimas, na verdade curiosos que adentravam naquele pedaço do inferno, logo após o show da silhueta misteriosa...
A sedução içava a pobre e inocente curiosidade e com um odor de sangue nas mãos, enforcava, esfaqueava ou degolava, e sistematicamente fazia a quem resistisse a morte iminente.
Mas era uma morte silenciosa, no solitário silencio, a cada noite de espetáculo, somavam-se as almas que se encaminhavam para o além, e nada indicava que ali, no casarão havia um açougue onde algo terrível, estraçalhava seres humanos com o ódio de uma besta apocalíptica. Tudo que ali se via pelo lado de fora era a normalidade do show erótico.
O tempo foi um carrasco para a besta, pois subtraindo as almas daquele lugarejo ela foi tornando-se cada vez mais conhecida, e as roupas que a princípio eram indício de desaparecimento suspeito apenas, foi pouco a pouco tomando forma de certeza, pois rastilhos de sangue nas imediações do casarão atiçaram o faro de investigadores de desaparecidos.
E não teve mais tamanho a certeza quando, não só no casarão, mas a beira do ribeirão foram encontrados pedaços humanos servindo de comida para carcarás e abutres... Havia algo brutal naquele pedaço de fim de mundo...
Era o final da primavera, o crepúsculo pintava de vermelho o horizonte, a brisa fresca acompanhava a pequena multidão... Olhos atentos miravam a grande janela...
Uma rápida introdução musical ecoou e as sinuosas curvas da silhueta começaram sua apresentação, e menos de 20 minutos depois, estilhaçou em milhões de pedaços o vidro gigante que ocultava a silhueta e em carne e osso um corpo era projetado aos olhos de todos... Caiu sobre uma pequena calçada, e puderam ser vistas duas grandes incisões no abdômen da pessoa que regurgitava sangue, enquanto suas vísceras espalhadas pelo chão banhavam-se em uma poça de sangue, vivo e quente.
A multidão em uníssono gritou de horror, e direcionaram a visão para o chão, não viram naquele momento a besta humana de braços abertos lá no alto gritando a plenos pulmões... Destilando sua ira diante da fuga inútil de uma de suas vítimas...
Um...Dois...Três tiros traçantes cruzaram a noite e foram repousar no peito do assassino, que voou para a morte do alto do casarão...Barbudo, cortes profundos cicatrizados no rosto, tinha na mão uma machadinha, e dobrada na cintura uma navalha...
Um policial que havia disparado contra ele, encostou o ouvido na boca do assassino e ouviu...
___A Jeanneeee... Ela está lá em cima, cuide bem dela...
Na manhã seguinte, entre armas, objetos de tortura e máscaras, os policiais tiravam do casarão macabro uma boneca, não uma boneca normal, mas um robô que quando ligado imitava os movimentos humanos em uma dança...
Naquele caso o serial killer maquiava a apresentação da robô com a cortina para parecer uma silhueta, apenas e tão somente para atrair, garotos excitados, mulheres homossexuais e todo tipo de seduzidos curiosos em conhecer a beldade, para saciar sua vontade diabólica de matar...Matar e matar!

Malgaxe
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 29/12/2011
Reeditado em 29/12/2011
Código do texto: T3411544
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