O ÓDIO

Danilo acordou naquela sexta-feira do mês de outubro, olhou, pela janela, o bonito dia que fazia fora de seu quarto e sentiu uma profunda tristeza. A mesma que o aconpanhava todas as manhãs. Sabia que estava na hora de ir a escola, mas não suportava sequer lembrar do fato; odiava aquela rotina tortuosa mais que qualquer coisa na vida. Passara toda a noite sem dormir apenas pensando no quanto sua vida era medíocre e sem importância para ninguém. Um corpo inerte no infinito. Por vezes sem conta chorou durante a noite quando se pegava pensando em Sílvia, sua colega de classe, a garota mais linda que conhecera e seu único amor. Um amor que reprimiu por temer uma resposta negativa.

Sonhava com o sorriso dela , que era pequeno e gracioso, com seus olhos singelos, seus cabelos, seu corpo, seu tudo... e então acordava e sentia um grande vazio dentro de si. tinha vontade de declarar a ela todo o seu amor, de dizer-lhe coisas bonitas (que sempre falamos nessas ocasiões), puxa-la pelo braço e beijar sua boca na frente de todos, mas o máximo que fez, num dia que havia decidido falar com ela, foi dar um "oi" que quase o matou de tanto medo, apesar dela ter retribuído com sua meiguie característica.

Ela era a única que não o atormentava. o mais, todos tinham uma piadinha guardada para ele; Os óculos, o peso, as espinhas, a dificuldade para falar em público e muitas outras coisas que ele fingia indiferença porque era muito covarde para manifestar qualquer irritação. Sílvia não achava graça em nenhuma das piadas ou não queria fazer parte daquilo, mas certa vez não se contevee se desmanchou em lágrimas de tanto rir. olhando para ele.

Danilo se sentiu traído sem nunca ter tido algum vínculo com ela. Não se lembra de ter chorado tanto quanto naquela ocasião. Jurou que não haveria mais risos e nem piadas. Não haveria mais sonhos e nem Sílvia. Mais nada...

Levantou-se da cama, pegou sua mochila, visivelmente mais pesada e foi para a escola. Decidido a mudar de vida.

Aquela manhã Danilo entrou na sala de aula, esperou que todas entrassem, trancou a porta, sacou duas pistolas sem identificação, disparou em seus colegas de classe, jogou as armas no chão, destrancou a porta e saiu. Seis pessoas morreram, inclusive Sílvia, e mais sete ficaram feridas. A polícia o encontrou quatro quarteirõesadiante, sentado em um banco de praça com um sorriso indescritível na face.

"O período escolar è a época mais perigosa de nossas vidas"

M.A.L