Madrugada sinistra

Silvia, acordou, com seus inumeros pearcing espalhados pelo rosto, com sua boca com hálito de alcool barato, acordou, e não foi um despertar normal, era madrugada e um longo grito a despertou...
Do surrado sofá, Silvia levantou-se, jogando longe os trapos que serviam de cobertas...
Seu coração acelerado, olhos esbugalhados, davam a dimensão do seu susto, mas de onde, de onde viera aquele grito tenebroso...
Assustada, transitou seu olhar de terror, por cada canto visível daquela casa, estava sozinha, e em cada sombra visualizava algo ameaçador, esticou sua mão tremula e apertou com força a garrafa de vodka sobre a estante, retirou a tampa e sorveu um longo gole da bebida, sentou no sofá, sentindo a ardência alcoolica percorrer-lhe
o esofago indo alojar-se no estomago, não demorando a ocorrencia de uma ansia de vomito que lhe contorceu o abdomem, vindo a boca somente um liquido esverdeado e fétido...
O rosto pousado entre as duas mãos escondiam um desespero trágico, de seus olhos vermelhos corriam abundantes lágrimas, e quando pelo menos 4 relâmpagos anunciaram a vinda uma tempestade, não teve mais tamanho o horror de seu desespero, alucinada e bêbada, arrancou de um bolso de sua surrada bermuda um cigarrinho de maconha, e do mesmo lugar um isqueiro sujo de terra que a duras penas acendeu o cigarro, que ela
baforou nervosa, enquanto analisava confusa a situação, mas as sombras triplicavam, e um flashe lhe transpassou com um segundo de lucidez, então ela lembrou do interruptor de luz, correu até ele, bateu uma, duas, tres vezes e nada, não havia luz...
Depois de esmurrar o interruptor, olhando por todos os lados, foi até a escada que dava acesso ao sótão, subiu rapido, abriu lentamente a porta, e ja no empoeirado sótão, nada, não viera dalí o grito, tinha a certeza, e seu coração acelerado cada vez mais...Foi até a janela, e viu la na rua a solidão da madrugada vazia, ninguém na rua e sentiu algo sinistro a observá-la, este era seu pensamento, o que seu cérebro corroído pelo alcool e pelas drogas, imaginava...
Caiu de joelhos, encolheu-se em posição fetal, estava abandonada a própria sorte, entre um trovão e outro escutava desesperada o silencio para ver se poderia ser
quebrado por um outro grito, mas a chuva que batia no telhado dava o tom do terror em sua mente conturbada.
Silvia ergueu-se, num lapso de lucidez, fez menção de revistar cada canto da casa, e controlando o tremor de medo, abriu a porta do sótão e começou a descer, mais
uma vez no subconsciente pedindo para ver algo, alguma resposta, para seu desespero, calafrio sobre calafrio, gelavam sua espinha, e um choro convulsivo desencadeou uma vontade louca de fugir dali, de morrer...
Lembrou soluçando da escuridão exterior e do grito, arrepiou-se, e olhando tudo em volta foi para o unico lugar que ela achou que poderia ter alguém, o banheiro...
Suas pernas enfraqueceram pelo medo, arrastando-se chegou ao banheiro, a falta de ar entrecortava o som dos soluços, chegou perto da porta fez o sinal da cruz e entrou, agarrou-se na pia e com muito custo pôs-se de pé, pela larga clarabóia a claridade dos relâmpagos iluminavam todo o pequeno banheiro, e confusa ela visualizou no espelho em sua frente uma sombra negra se movendo atras de si...
Fechou e abriu os olhos diversas vezes, repetiu-as, mas não conseguiu rever a sombra negra, chegou ao ápice seu desespero, esticou a mão direita, abriu o armárinho do banheiro e entre escovas e creme dental apalpando achou
uma gilete, e da mesma maneira que seus dedos envolveram a gilete, a mão direita a trouxe para o pulso primeiramente e depois para a jugular que foi transpassada várias vezes, escorrendo abundante o sangue quente, corpo abaixo...
Depois de minutos, ainda viva, rastejando, ela abriu a porta, com muito esforço foi ensopando de sangue o carpet camurça, e quando chegou perto do sofá onde
estava dormindo na hora do grito, algo impediu a sua incursão inconsciente, jogado no chão, o controle remoto...
E em um último esforço lembrou que qdo foi dormir assistia um filme de terror, e que programou a TV para desligar meia hora depois...
O grito, o tremendo grito que a acordou, foi no filme a 1 segundo antes de desligar a TV...

 Malgaxe

 

 

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 13/12/2011
Reeditado em 14/12/2011
Código do texto: T3387536
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