A FAZENDA MALDITA

A FAZENDA MALDITA

Fernanda foi com a parentada visitar a fazenda vizinha a de seu avô. Era distante. Caminharam pela mata por mais de uma hora. Finalmente chegaram. Avistaram algumas casas senhoriais, verdadeiros palacetes, erguidos nas encostas dos morros. Parecia uma paisagem distante perdida no tempo. Ventava levemente, as folhas secas das árvores subiam pelo ar, enquanto o sol de outono queimava a pele dos visitantes, e avermelhando os pedaços de terra seca onde pisavam.

Estava tudo deserto. Mario um dos tios de Fernanda, ouvindo o grito de um gavião no ar, resolveu atirar. Não conseguiu acertar na ave e o tiro acabou degolando o pobre galo vermelho que ciscava no terreiro. Deixando pelo quintal marcas de sangue e uma estranha cena onde a cabeça do galo com os olhos arregalados jazia no chão enquanto o corpo decapitado ficara encostado em um à lata grande com água.

Os visitantes não ficaram lá por muito tempo. Tinham ido fazer uma visita ao novo capataz que se chamava Hugo. Este era um homem nervoso que vivia com medo de tudo, e logo após sua chegada para trabalhar na fazenda tivera várias visões estranhas. Sempre ouvia vozes , passos, e via muitos escravos indicando-lhe lugares para escavar. Hugo no inicio, não dera asas a imaginação, mais depois de certo tempo, começou a escavar, e só encontrava ossos humanos nos lugares que lhe eram indicados pelos antigos escravos.

No dia seguinte a visita de Fernanda e os parentes dela, o corpo de Hugo foi encontrado numa espécie de caverna que ficava na fazenda. Ele não aguentara as perseguições que sofria dos espíritos que tomavam conta daquele lugar, e cada vez mais assustado, resolveu por fim à sua vida.

Algum tempo depois Mario comprou a fazenda e escutou os relatos da companheira de Hugo. Hugo ficou mais doido ao ver o corpo do galo de um lado e a cabeça do outro, e as constantes escavações que ele fazia próximas a caverna e só encontrava ossos. Mario resolveu escavar também ali por perto, primeiro encontrou como Hugo somente ossos depois persistiu e encontrou em lugares diferentes vasos cheios de moedas antigas de ouro.

Certa manhã quando uma de suas empregadas foi ao quintal dar comida para as galinhas, encontrou o corpo de Mário caído ao chão. Ela saiu correndo para contar a quem encontrasse pelo caminho a expressão horrorizada dos olhos do patrão. Estavam esbugalhados, seu pescoço todo mordido, parte de seu rosto desfigurado por garras e unhadas, um verdadeiro horror.

Nas sombras que cercavam aquele lugar, olhos maliciosos, espiavam os movimentos dos moradores apovarados e davam gargalhadas infernais que podiam ser escutadas por ouvidos mais sensíveis. E certamente enchiam de terror quem pudesse visualizar as cenas que se desenrolavam através da penumbra. Um misto de festim entre escravos antigos, e patrões, como se fossem espectros nefastos disputavam o corpo astral de Mario que tentava se desvencilhar dos parasitas fantasmas que lhe castigavam por ter ousado desvendar seus mistérios.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 10/12/2011
Código do texto: T3381359
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.