O psicólogo

Ela sempre foi uma menina estranha. Nunca teve muitos amigos.

Mas sempre foi muito bonita.

Na infancia sempre ficava sozinha pelos cantos.

Quando entrou na adolescência a situação era a mesma.

Solidão.

Isso começou a preocupar seus pais que a levaram a um psicólogo renomado.

O tempo foi passando e sua frequência às sessões de análise começaram a ser mais próximas.

E ela parecia outra pessoa até.

Mas interiormente ela sabia que algo ainda estava errado.

Algo muito estranho acontecia.

O psicólogo parecia conhecer cada sentimento dela, cada sensação e isso a incomodava ao mesmo tempo que a intrigava.

Com o passar do tempo ela começou a sair e andar pelas ruas durante a noite, entrando pela madrugada afora.

Em uma dessas madrugadas ao virar uma esquina deu de frente com uma cena que sua mente jamais conseguiria imaginar. Num canto escuro ela viu seu psicólogo de cócoras e de costa para ela.

Ela ficou ali imóvel, mas quando tentou se virar para ir embora, ele notou sua presença e virou-se.

Ela levou as mãos à boca para não gritar. Ele estava todo sujo de sangue e tinha nas mãos um pedaço de carne. Na sua frente um corpo destroçado, com as visceras arrancadas.

Ele se levantou e foi até ela. Sua aparencia era terrível. Sua fisionomia era assustadora.

Ele a cheirou como se fosse um animal, rodeou ao seu redor. E com o olhar indicou o corpo caido no canto. Ela entendeu a mensagem.

Se aproximou do corpo e o psicólogo também se aproximou e ficaram ali de cócoras devorando o cadáver ainda fresco.

Ela notou que seu psicólogo não falava mas só emitia alguns sons e ela ao tentar falar também não conseguiu. Ficaram ali e para seu espanto outros apareceram e ajudaram a devorar o corpo, deixando apenas os ossos.

Depois cada um foi para seu caminho.

Ela voltaou para casa, tomou um banho e se livrou das roupas sujas de sangue.

Sentia-se bem. Como nunca se sentira antes.

No dia seguinte foi para o consultório. O médico não apareceu.

Mas ela recebeu um recado para que ela se encontrasse com ele e os outros no mesmo lugar do dia anterior.

Seria a vez dela prover o alimento.

E ela não faltaria por nada.

Ligou para um amigo e o convidou para tomar um chopp à noite.

Ela havia se encontrado finalmente.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 05/12/2011
Código do texto: T3373264
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