O Bolero da morte

//Seria cômico se não fosse fúnebre...
Uma, duas, três voltas no salão e o longo bolero levava e trazia os corpos grudados de Laura e seu par, e o gosto de wiski era o hálito que a madrugada trazia...
Impregnava a música tudo até que fizesse parte das horas, direcionando os corpos,
no imenso salão decorado com flores, como um enorme velório...
Laura, ergueu as mangas longas de seu vestido, e mirou os olhos, no reluzente Tissot suiço...4 horas...
O cansaço embassava a visão, e os olhos pousavam, no ombro do par, num misto de sono e desperto sobressalto, até que olhando a dois pares para a esquerda ela vislumbrou num belo smoking negro...Ele, Fabricio Contes, olhou para ela e de perfil sorriu, seu rosto de um branco pálido, deixava antever a tudo os dentes amarelados, do antigo hábito de fumar cachimbo...
Ela rodou, mais uma, duas vezes, e como uma serra fita a corroer a madeira,
seu cerebro era agora um turbilhão, como ele estava ali...?
Ali, onde dançavam, sob 2 metros de terra e depois o piso é que deveria estar
Fabrício... Era escárnio o sorriso de Fabricio, e como ele escapou se Laura o vira ser enterrado sob o novo piso do salão, naquela noite?
Avançava a madrugada e as generosas doses diminuiam o impacto sobre Laura, que até sorria para Fabrício, que a cada olhar mais parecia um habitante do além...
Pálido e olhar fixo...
Num rompante de lucidez, Laura olhou-se no grande espelho do banheiro, e o refazer do efeito do alcool,
a fez chegar a seguinte conclusão:...O maldito viera do inferno para buscá-la, rebuscou na bolsa uns comprimidos engoliu, os assentou dentro de si com água da torneira, e 10 minutos depois, 2 metros de boa corda de sisal seguravam a meio metro do chão, o corpo de Laura, ela que mandou matar o marido e enterrar sob o piso do salão, para ficar com a sua fortuna...Agora tomava o mesmo caminho...
Quando o silencio do dia quase amanhecendo esvaziou o lugar, e somente o corpo dependurado de Laura, enfeitava o ambiente, uma fina fumaça, saiu detrás de uns arbustos...
Sentado numa pedra, com o rosto carregado de pó de arroz, e tinta amarela nos dentes, Fabricio ainda de smoking, ouvia
o velho capataz de sua fazenda...
___Pois é patrão, aquele "tuner" que nóis cavamo, foi muito bão né?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Malgaxe

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 29/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T3363681
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.