O grito no silêncio

O grito no silêncio

Um vento gelado uivava lá fora. Apesar de todas as janelas e portas da velha casa estar fechadas, os uivos provocavam arrepios de medo nos ouvidos. A escuridão era total. Não dava para ver nada através dos vidros sujos. A energia há muito fora cortada. As folhas que eram varridas faziam um pequeno redemoinho no jardim completamente abandonado. Passava da meia-noite. Um grito agudo ecoou no silêncio, penetrando profundamente a noite sombria.

Era a voz desesperada de o pequenino ser escondido por trás das paredes da casa. Ao ouvir o grito no silêncio da noite, a velha enfermeira que por ali passava sacudiu a cabeça em sinal de reprovação e pensou em voz alta! – Pobre criança, sofre muito desde que veio ao mundo. A mãe bêbada que é deve estar desmaiada com o copo de aguardente ao lado!

Na manhã seguinte, o corpo da velha enfermeira foi encontrado ao relento. Estava frio, morto e duro. Ao lado o retrato desbotado de um bebê no colo de sua jovem mãe. No fundo da foto tinha uma mesinha, uma garrafa de aguardente, e um copo. Do outro lado da vida, o pequeno bebê já não mais gritava, encontrara sua mãe e com ela sobrevoava a pequena multidão que se reunia em volta do cadáver. Já não sentia mais as dores do seu corpinho queimado pelas chamas do incêndio que o atingiram, quando dormia em seu berço, naquela noite fatal. Sua mãe estava muito embriagada e deixara cair o cigarro ainda aceso. Labaredas se formaram rapidamente, ela tentou retirá-lo do berço, mas desesperada, tropeçou nas próprias pernas, ´caindo e se levantando. A cena das chamas dançando à sua frente, impedindo-a de se aproximar do berço, fizeram-na sair correndo do quarto em direção à rua, a procura de ajuda. Na rua ela caiu de novo e rapidamente as chamas engoliram tudo que encontravam pela frente.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 28/11/2011
Reeditado em 25/07/2015
Código do texto: T3360437
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