"O Cachorro do Vizinho"
Quando chegava em casa, sempre tinha o desprazer de cruzar com o infeliz do cachorro do meu vizinho. Ele tinha uma oficina, no quintal, e realmente precisava do cachorro, para evitar que alguém mexesse nos carros, ou até roubasse peças. Mas eu não ia mexer em carro algum, nem roubar peças. Então porque eu? Quando fui reclamar, o vizinho que era enorme, ainda gozou com minha cara, “Morde ele”. Com uma onça daquelas não tinha argumentos. O cachorro era bravo e eu já estava ficando louco a ponto de: Pegar meio quilo de carne assada, e rechear de anzóis, garatéias, pregos, taxinhas. Amarrei tudo isto do outro lado de minha casa que é um terreno baldio em uma árvore. Quando o monstro apareceu, fiz com que ele me seguisse. Ao ver a carne esqueceu de mim e praticamente engoliu tudo. Quando quis voltar para sua casa, estava preso e começou a fazer escândalo. Com uma pedra, depois com uma barra de ferro, devolvi com juros tudo que ele tinha me feito. Abri uma cova rasa e o enterrei. O vizinho quis saber do cachorro.
"Comi ele ontem, jantei cachorro quente." O desgraçado trouxe a policia, direito dos cães, sei lá mais o que. Um monte de gente para ver se eu tinha matado o cachorro. Vasculharam minha casa e nada encontraram. A viatura ficou estacionada no terreno baldio. Foi muito azar, quando manobravam o carro para ir embora, enroscaram na maldita corda que ainda estava amarrada na árvore. Na outra ponta, estava o coitadinho do falecido. Conforme saíram, a corda foi esticada e arrancou o animal de seu túmulo. Aquela coisa estava viva, com a cabeça esfacelada, a barriga rasgada pelos anzóis e pulou em mim. A última coisa que lembro, foi sua enorme bocarra, me pegando pelo pescoço. Ouvi tiros, mas já estava passando para o outro lado.
Final de cena:
O cão morto com um pedaço de minha garganta na boca, eu morto e o vizinho de boa. Mas eu vou voltar à noite e vou infernar a vida dele, vai pagar por isto!
OripêMachado.