A valsa do além

Convida-se a nobreza para um grandioso baile...

Esvaziava-se do dia as cores, uma leve brisa espalhava o crepúsculo no condado de Longsville, respirava-se a noite do grande baile, e ao cair da noite quando as primeiras luzes eram acesas no antigo castelo, de todo o vale podiam ser vistas.

O passado sombrio daquele pedaço de estranho mundo, fora durante anos temido pela horda de vampiros que povoavam as florestas e pântanos ao redor e que tinham o velho castelo como o reduto maldito, de onde saíam para buscar o alimento para suas miseráveis vidas...

Foram verdades talvez, que dividiram-se em sonhos de alguns e lendas para outros e ao entreolharem-se os habitantes, não sabiam a quem olhavam, haviam mistérios escondidos em nas entranhas centenárias de Longsville...

Haviam ódios adormecidos, vinganças terrenas e outras que mesclavam o irreal, o imaginário, e a realidade ainda com gosto de sangue...

A noite-se partia-se ao meio, quando a leve musica medieval preenchia o silencio sepulcral do vale, nas sombras que podia-se ver nos vitrais os confrades esboçavam amistosidade, mas pulsava em cada um a desconfiança milenar que domina a alma preparada para a contenda surreal...

Primeiro um, depois outro e outro casal, deslisavam pelo grande e legendário salão numa apurada dança antiga, flâmulas de veludo vermelho desciam nas paredes, 4 candelabros de cristais astecas brilhavam na extensão da sala, e ao fundo em curva, descia uma escada em mármore branco de bordas acinzentadas, encravando um ar de mausoléu àquele monumental salão.

Exatamente haviam 7 casais naquele evento especial, onde apenas a elite da realeza se achava, vidas sombrias e impenetráveis, e a maneira formal como se comunicavam deixava claro que não havia nenhuma intimidade.

Na madrugada esvaíam-se os lumes das grandes tochas e pouco a pouco o salão ia adquirindo um tom meia luz, até que a escuridão se fez total...

O silencio absoluto trouxe a manhã, e o cenário que se apresentava, não necessitaria mais da claridade, e sem excessão, retalhados como a força de adagas longas jaziam, sob o brilho do chão, 14 corpos...

Subtraidos das cabeças...

O fundo musical, executou durante toda a madrugada uma valsa chorosa... Com cheiro e gosto de fatalidade, com a morbidez que anima a vingança de quem voltou do além, reuniu seus desafetos e levou suas almas...

 

Malgaxe

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 26/11/2011
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