"O Golpe do Baú".
Antonio era um homem falido. Seus últimos bens foram penhorados por dívidas. A situação era tão feia, que em sua grande casa vazia, até comida faltava. Os amigos fugiam dele, pois sabiam que haveria um pedido de empréstimo; sem volta... O desespero era grande, que a única solução era trabalhar. Ótimo, mas de quê? Em todos seus trinta e cinco anos, sua única façanha foi acabar com os bens da família e praticar esportes, isto ele fazia, equitação, esgrima, boxe, e condicionamento físico. Não era um rapaz feio, mas a vida desregrada já havia feito suas marcas nele. A única saída para seu problema seria o casamento. De preferência que ela tivesse um belo dote. Conseguindo este milagre a situação pelo menos temporariamente, estaria salva. Ele até se propunha ao sacrifício, mas casar com quem? Todas que tinham dote já o conheciam, e os pais jamais deixariam efetuar este casamento que seria um desastre financeiro. Casar com pobre seria acrescentar zero a zero. Por isso estava difícil. Um amigo malandro igual a ele no intuito de ganhar algum falou:
- Só resta a condessa.
- Credo! Aquela deve ter mil anos! Correção, dois mil anos... Mas tem dinheiro.. E muito!
A contra gosto foi visitar a condessa, dizendo que precisava fazer uma pesquisa, queria consultar sua biblioteca. Ela era mais velha do que ele pensava, parece que gostou dele. Seu amigo com uma desculpa qualquer foi embora. Aí vieram os chás e muita conversa. Ao invés dele atacar, foi atacado. A condessa rata velha mais sabia do que ele, pensava. Ela viu a possibilidade de comprá-lo com algumas moedas. Mostrou sua coleção de quadros, de moedas, e algumas jóias de família. Antonio se apaixonou perdidamente, não pela mulher, pela possibilidade de despojá-la, de seus bens. Então o namoro, noivado e casamento, não duraram dois meses. No afã de casar com a condessa não leu o contrato, onde ele só usufruiria em caso de morte. Sabedora do interesse do marido, tudo foi chaveado em um quarto cofre, cuja chave não saia de seu pescoço. Ela usou-o ao seu bel prazer, fez valer cada pedaço de carne que ele comeu, ou cada café que tomou. O que era aversão virou ódio e vendo que não conseguiria nada apelou para segunda hipótese: a morte da condessa.
Antonio era azarado, a condessa só não ficou bonita, rejuvenesceu, parece que sua carência era sexo, e isto ela exigia a cada segundo. Com medo de perder os direitos, virou um garoto de programas. Mesmo para ele, de uma compleição física privilegiada, era difícil cumprir a obrigação. Estudando todos os meios possíveis e imaginários, descobriu o único infalível, O Arsênico. Vendeu o que tinha e algumas coisa que conseguiu furtar da casa. Com uma sorte, que ele não tinha, conseguiu ministrar doses letais. A condessa despediu desta vida satisfeita, pois sua abstinência de anos de vida sexual, foi recuperada com juros e correção. No enterro todos entenderam, ela não agüentou um macho daqueles, ela que era só o pó. Antonio rapidamente fez um inventário, estava rico, conseguiria pagar tudo que devia, e ficaria ainda com dinheiro para viver nababescamente por muito tempo. No testamento da condessa já tomou uma paulada. Só seriam liberados seus bens após seis meses da morte da esposa. Teve que concordar para não levantar suspeitas. Dispensou os empregados e foi liberada uma pequena quantia para as indenizações. Ficou sozinho. A maldita da chave do cofre havia desaparecido. Não conseguiu entrar no quarto cofre. Como estava sozinho agora seria fácil. Quebraria até as paredes e pegaria tudo que era seu por direito. Fez grandes progressos, mas não conseguiu entrar. Foi dormir para logo de manhã nem que precisasse explodir a parede, pegaria seu merecido prêmio.
Zero hora, não conseguia dormir, talvez a ansiedade por no dia seguinte resolver seus problemas. Não, não era, e aquele frio o incomodava. Um calafrio na espinha, e seu cabelo arrepiaram.
"Senhor alguém me abraçou e está gelado!" - A condessa gelada, fétida, o agarrava, e ele querendo se safar arrancava pedaços dela, que não o soltava. Seu desespero foi tanto que o coração não agüentou.
Dias depois descobriram os cadáveres.
História que o povo conta:
Antonio realmente gostava da condessa.. A tal ponto que cometeu necrofilia, desenterrando a mulher e levando para cama com ele.
Comentários:
Vá ter mal gosto assim na China!
Que lindo! Parece Romeu e Julieta! Se amaram até depois da morte...
E outros que não vale a pena contar...
Mas em algum lugar, talvez, Antonio esteja correndo de alguém se despedaçando e dizendo vem cá amorzinhoooo!!! Credo!
OripêMachado.