abertura no tempo

Toda vez que eu entrava no banheiro de minha casa algo estranho acontecia desde que troquei a Lãmpada e coloquei uma dessas modernas, que diziam ser mais econômicas.

Eu entrava e já batia no interruptor e trancava a porta, mas a luz não acendia imediatamente me deixando por alguns segundos em total escuridão. Mas coisa de segundos. E por fim acabei me acostumando com isso.

Mas numa noite, a cena não foi bem assim.

Como de costume, entrei, toquei no interruptor e tranquei a porta mas a luz não se acendeu em segundos. Rapidamente tentei abrir a porta mas para minha surpresa e espanto não consegui, parecia estar trancada por fora.

Enquanto tentava abrir a porta senti um tranco como se estivesse dentro de um elevador, e depois senti que o banheiro onde eu entrava todos os dias estava descendo a uma velocidade assustadora. E tudo era uma escuridão só.

Me encostei na parede e fiquei ali. A sensação que tive não consigo expor em palavras.

De repente senti um tranco e notei que o "elevador" havia parado.

Meu medo e dúvida era onde exatamente havia parado.

Ouvi acima de minha cabeça barulhos de cabos de aço rangindo.

Tateei procurando pelo interruptor sem esperanças de que acendesse. Mas para minha surpresa, acendeu. Tive medo de abrir a porta e do que estava lá fora.

Mas não podia ficar ali dentro do banheiro pelo resto da vida e a porta não se abriria sozinha.

Criei coragem e trêmulo puxie a maçaneta e a porta se abriu.

O que eu vi me deixou travado ali. Meus pés não saiam do chão.

À minha frente um grande corredor branco se estendia a não sei quantos metros.

Era todo branco e cheio de portas. Pude imaginar que aquilo era um hospital.

Senti medo. Aquele cheiro de porduto de limpeza barato misturado com cheiro de sangue e de morte.

Segurei no batente da porta de meu banheiro que havia se transformado em elevador e agora era um quarto de hospital. Um hospital muito antigo a notar pelos móveis e toda a decoração.

Fiquei ali parado bem no meio do corredor. O medo me paralisou.

De repente para meu desespero vejo pessoas vestidas de branco saindo de um quarto e empurrando uma maca. Sobre a mesma um corpo coberto com um lençol branco.

Um cadáver com certeza. Duas mulheres e dois homens, todos vestidos de branco vinham em minha direção.

Pararam bem próximos de mim e me perguntaram:

- Quer ve-la pela última vez?

Dei dois passos para trás. Eles se aproximaram.

Corri de volta para meu quarto, elevador, banheiro ou fosse lá o que fosse.

Apavorado, entrei e fechei a porta. Acendi a luz, que como sempre não obedeceu ao comando de imediato.

Desespertado e tentando acordar daquele pesadelo, me agachei e abracei meus joelhos ficando nessa posição por algum tempo.

Senti na total escuridão que o "elevador" se movia como se estivesse subindo em alta velocidade até para com um tranco seco.

A luz se acendeu. A porta de destrancou sozinha.

Apesar do medo, abri a porta e saí.

Estava em casa. Mas algo estava diferente.

Algo havia mudado. Fui até a janela da sala. Olhei para fora. Tudo normal.

Olhei para o relógio. Estava marcando 21:00.

Estranho. Muito estranho.

Quando me levantei para ir tomar banho eram apenas 18:00 h.

Onde eu estive durante essas três horas??

Eu nunca soube.

Três horas.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 14/11/2011
Código do texto: T3336033
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