"O Segredo de Úrsula."

Daniel era um moço rico. Havia estudado no exterior, embora não tenha se formado, era chamado de doutor. Apenas os mais chegados sabiam que o miserável havia comprado todos os diplomas, desde o primário até a FACUL. Para todos os efeitos ele provava por a+b, que realmente era um doutor. Mas coitado de quem se propusesse, a encarar seu bisturi, seria morto na certa. Quando pairava alguma dúvida, Dr. Alencar, seu pai, arredondava com dinheiro. Quem morreu não reclamou, quem ficou, preferiu pegar uma polpuda quantia para calar a boca. Isto era apenas uma parte da negra história do doutorzinho. A pior, embora fosse um acúmulo de coisas ruins, era um desmancha lares. Daniel era um rapaz bonito, tinha um porte atlético, e uma cara de malvado, o que atraía muito as mulheres da época. Seu maior prazer era dar esperanças às mulheres mal-casadas e depois expô-las ao ridículo, deixando-as geralmente grávidas. A maioria das vezes, pois era um garanhão. Se fossem só as mulheres casadas, embora não justifique a separação de casais, embora que a culpa não fosse só dele. Muita mulher que se enamorou dele, quando se viu perdida e execrada pelos comentários, desistiam da vida, hora tomando veneno, hora se jogando de um penhasco existente próximo, ou ainda pulando na via férrea, à frente de um trem. Foram vários casos, e o salafrário se vangloriava disto. Meninas menores que caíam na lábia do sedutor, depois eram obrigadas a se casar, com qualquer um, sempre existe um coiote a procura de carniça. Era comum ver velhos casados com mães novinhas. Desfilavam pela praça exibindo seu triste troféu. A maioria dessas mães se prostituíam, ou se tornavam viciadas em bebida ou drogas em geral até chegar ao fundo do poço e se libertavam pelo suicídio. A alma negra, ao invés de se condoer com a sorte delas, ria deslavadamente contando bravatas. Sua caça era maior nos fins de semana. Não sabia ele que um anjo do mal, o seguia passo a passo:

- Brrreve, você será meu! Ahhh! ...

Este anjo do mal se chamava Úrsula e foi vítima do crápula logo que começou sua vida de crimes. A culpa não era totalmente dele pois assediava sim, fazia promessas que não cumpria, mas acho que a maioria dos rapazes fazem isto até hoje, boba da moça que acreditar. Bem vamos aos fatos. Sexta Feira à noite. Daniel não estava bem, parecia febril. Mas tinha uma missão a cumprir. Desgraçar mais uma família. Rodou pela pequena cidade e pensou que realmente aquela noite iria dormir sozinho. Com seu estado febril, induzido, começou dirigir sem destino. Quando viu as pequenas cruzes teve um arrepio. Ele nunca estivera por aquela parte da cidade, detestava cemitério. Não tinha medo, simplesmente não gostava. Quando viu aquela moça, de vestido social longo, e aquela capa preta com forro vermelho pensou: "Vai a algum baile de fantasia..." A moça era lindíssima, até lembrava alguém, não se importou, conhecia tantas. Seu espírito conquistador

não percebeu nada de errado. As coincidências, cemitério, mulher de preto sozinha, bonita. Parou o carro oferecendo carona. A moça sentou a seu lado e ele já partiu para a conquista. Aquela cantada barata. "Como é possível se sempre venho aqui, me lembraria de você." Ela sorria enigmaticamente. Após rodar cinco minutos, convidou-a a ir a um lugar mais interessante.

- Se gosta, eu tenho um lugar interessante... Você tem medo?

- Sou vacinado. Não tenho medo de nada e topo qualquer parada.

- Então volte para onde me pegou.

- Mas lá é o cemitério.

- Entendi você falar que não tinha medo de nada.

- Vamos voltar já! - Retornou e parou na porta do cemitério. - E agora só falta você me falar que mora aí.

- Moro mas não vou falar, vou mostrar e estou excitada.

Esquecendo de tudo ele mergulhou na aventura. Dentro do cemitério tinha uma espécie de capela, ela disse vamos pra que entrassem mas em silêncio para não atrapalhar os demais.

- Estou ouvindo, é uma missa negra, maçonaria, ou feitiçaria?

- Você verá. Vamos entrar.

Só que ninguém ligava para eles. O chefe que parecia o líder estar discursando. A linguagem parecia inglês, que ele dominava, mas era misturado com latim, esquisito.

- Finalmente nosso convidado chegou. Nossa querida rainha Úrsula conseguiu trazer o famoso príncipe negro! Vamos nos banquetear.

- Puxa sou esperado e importante! Príncipe negro... Legal, sou um príncipe, e você rainha, já que somos nobres, nada demais se formos íntimos não?

- Sim, nós já somos íntimos, todos somos íntimos.

Ele começou a desconfiar da situação e sacou o revolver que carregava na cintura.

- Vou embora daqui! Rainha de merda! Talvez você seja rainha morta!

- Sim sou. Não se lembra?

- Lembrar de quê?! Piranha!

- Eu era filha de um colono e você me estuprou nas margens do açude. - Ah então você não morreu? Você não tinha pulado no precipício?

- Irônico não é Daniel? Eu morri aquele dia e sei de todos que você prejudicou, aliás, estão todas aqui. Nós entregamos nossa alma pelo prazer de tê-lo conosco. Vamos fazer uma brincadeirinha com você amor.

Ele acionou o gatilho e as balas atravessaram o peito de Úrsula. Ela ria e ele estupefato percebeu que seu fim chegara. Quis negociar, mas foi em vão. Ficou preso a quatro argolas fixadas no chão, e as moças suas vítimas começaram a ficar como realmente eram verdadeiros zumbis. Daniel gritou desesperado mas não evitou que se arrancasse sua genitália, depois os olhos, orelhas, mãos, ficou só um pedaço de carne que chorava. As ninfas pegaram seus pedaços e comiam em macabro festim. Depois dele morrer iriam se entregar à morte, pois sua missão já estava cumprida. Já haviam se vingado do Dr. Estuprador.

- Espere vocês se vingaram, mas ainda falta o coronel, que fez igual ou pior que o filho. Também têm outros que abusaram de empregadas, meninas que faziam colheita e eram agarradas no mato. Morriam sangrando e sem auxilio, depois os lobos as devoravam. Vão buscar todos, tragam para cá, depois abaterei suas dívidas e poderão descansar em paz. Formou-se naquela hora a patrulha fantasma e finalmente as mulheres e crianças da vila puderam trabalhar em paz.

Esta história é verídica e foi contada por um amigo de um amigo meu.

OripêMachado

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 31/10/2011
Reeditado em 13/11/2011
Código do texto: T3309807
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