Dama de Copas: Reencontros

Naquela noite após Damien sair, me arrumei e me preparei para poder encontrar Christine.

Fazia muitos anos que não a via, a ultima vez foi alguns dias após Lorde de Copas ter sido morto, foi um encontro rápido, apenas alguns dias, mas Christine estava muito mudada, em nada se parecia com a mulher que conheci, quando Lorde de Copas e eu passamos algum tempo na Escócia.

Foi lá que nos conhecemos, Lorde de Copas e eu vivíamos em uma comunidade aonde haviam muitas wiccas, e foi com elas que aprendi a controlar mais meu dom de influencia, elas me ensinaram alguns conjuros e feitiços, que me ajudariam a ampliar meu poder e direcioná-lo com mais precisão, também me ensinaram a lidar com um conjuro que produzia fogo, que era o que eu usava para poder ascender ou apagar as velas em minha residência, é claro que sendo uma criatura da noite, não podia aprender muito mais do que isso, mais elas me ensinaram a fazer chás e infusões que ajudavam na recuperação tanto de humanos como de não humanos, era incrível como que essas bebidas podiam fazer tanto efeito em criaturas da noite quando a comida humana nos fazia mal. Christine não gostava muito das wiccas, dizia que elas não eram dignas de se fazer amizade, mas ela sabia que eu havia aprendido o máximo possível com elas.

Após me arrumar, me preparei para procurar Christine, comecei a tentar sentir sua presença nos lugares aonde eu sabia que ela poderia estar, e tive sucesso Christine não estava muito longe, estava em um casarão um pouco afastado da cidade, o mesmo local que ela estava na última vez que nós nos encontramos.

Me certifiquei de que eu realmente não tinha me confundido e tinha localizado realmente Christine então eu sai ao seu encontro, não demorou muito e cheguei à casa aonde eu me recordava que Christine havia me oferecido um repouso após a morte de Lorde de Copas. O local continuava o mesmo, uma casa enorme bem ao estilo que eu me lembrava de minha antiga casa na Inglaterra do século dezenove. Uma onda de nostalgia me invadiu, me lembrando de que antes de tudo o que eu mais queria era morar em uma casa como aquela, ter minha família, ver meus filhos crescerem, meus netos, e envelhecer ao lado de alguém que eu amasse.

Respirei fundo, guardei essas lembranças e subi as escadas até chegar à porta principal, assim que cheguei na porta e ia levantar a aljava para bater, a porta se abriu e uma jovem humana abriu a porta e me recebeu.

- Boa noite!

- Boa noite!

- Entre por favor, minha senhora Christine a aguarda...

- Por favor me siga, irei acompanha-la até onde minha senhora se encontra.

Não sei porque me surpreendi, Christine sempre gostara de seus servos humanos, não sei porque me surpreendi ao encontrar aquela jovem ali. Pude perceber que na casa haviam outros humanos, mais todos sobre a influencia de Christine, nenhum deles realmente vivia uma vida completa. Fui acompanhado a jovem até chegarmos a uma porta dupla muito grande, aquele provavelmente havia sido os aposentos dos senhores da casa. A jovem bateu levemente na porta e de lá de dentro pude ouvir a voz de Christine convidando-me a entrar. Assim que adentrei no recinto pude ver que havia uma falsa felicidade em seu rosto, ela levantou-se de um grande sofá e veio ao meu encontro.

- Danielle, quanto tempo não nos vemos!

- Sim Christine, faz muito tempo mesmo.

- Você está maravilhosa, essa roupa fica muito bem mesmo em você!

- Obrigada Christine! Você também está muito bem.

- Mas ao que devo a honra da visita da reclusa Dama de Copas em minha casa?

- Vim apenas tratar de assuntos que interessam a ambas.

- Negócios...

- Bem, me acompanhe, vamos nos sentar e tomar um chá ao estilo inglês.

Nos dirigimos a uma sala em anexo ao recinto principal, uma sala toda decorada em motivos rosa e amarelo, provavelmente aquela sala era usada exatamente para isso, uma reunião entre a dona da casa e suas amigas, para um chá e conversas que chocariam seus maridos se esses soubessem os assuntos que eram tratados nessas salas. Sorri com a lembrança da ultima vez em que havia participado de um momento desses, havia sido naquela tarde antes de minha transformação e havia uma grande expectativa de que lorde Woodhouse pediria a minha mão, haviam varias moças presentes e eu seria a primeira naquela party house que teria a mão pedida em casamento e a expectativa de todas era enorme.

Sentamo-nos e Christine fez as honras, e após servir o chá, ela já foi logo ao assunto

- Então querida Danielle, o que a traz aqui?

- Bom, apenas queria saber de você e como ouvi rumores sobre sua estada na cidade, não pude deixar de vir vê-la

- Apenas isso? Ou tem alguma coisa a ver com o seu novo convidado, Lorde Damien.

- Bom, não posso negar que sim, vim também para saber qual seu interesse em Lorde Damien.

- Lorde Damien...

- Ele já causou muitos problemas, por aqui.

- Que tipo de problemas?

- Não se faça de inocente minha querida Danielle. Posso sentir o cheiro dele em você.

- Pode mesmo, ou um dos seus lacaios te contaram isso?

- Porque toda essa agressividade Danielle, nem parece que nos conhecemos a tempos.

- Sim, nos conhecemos a muito tempo, mas é justamente por isso que eu sei do que você é capaz.

- Bom, mais vamos deixar esses assuntos chatos de lado e vamos ao nosso chá em tranquilidade;

Enquanto apreciávamos o chá Christine foi conduzindo a conversa por assuntos sem a menor importância, falando como se fossemos duas jovens apenas apreciando a hora do chá na Inglaterra do século dezenove, fofocando sobre os melhores rapazes da temporada e outros assuntos sem grandes importâncias. Quando finalmente aquele ritual acabou, Christine se ajeitou na cadeira, como se finalmente estivesse disposta a conversar, sobre o assunto que realmente importava. Antes de começarmos a conversar, fiz um pequeno conjuro para manter minhas emoções o mais estáveis possíveis, assim Christine não seria afetada pelas minha mudanças de humor.

- Agora me diga querida Danielle, o que realmente te trouxe até aqui

- É simples Christine quero apenas saber qual seu interesse em Lorde Damien.

- Bom, meu interesse é bem simples, quero apenas matá-lo, quero ele fora do meu caminho.

- E porque?

- Para acabar com essa interferência, e toda essa bagunça que ele está causando.

- Muito interessante, Christine, mas acho que seus planos estão falhando um pouco, não estão?

- Não, os que morreram até agora foram somente peões sem importância nenhuma, esses são fáceis de conseguir.

- Que bom ver que pelo menos nesse aspecto você não mudou nada em todos esses anos.

- É claro que não. E vai ser muito difícil eu mudar, afinal quem não gosta de poder?

- Se você pensa assim, muito bem, mais eu só quero viver a minha vida.

- Sim, claro, a mesma filosofia do seu pobre Lorde de Copas, foi tão fácil tirá-lo de você e matá-lo.

Nesse momento, foi como se meu mundo tivesse se desmoronado, não contive minha reação e me lancei sobre Christine apertando com força seu pescoço, e com um movimento quebrando sua coluna vertebral, em um ponto que a deixou paralisada da cintura para baixo. Nesse momento Christine se pôs a rir.

- Você não mudou nada Danielle, quem você acha que criou aquele jovens que atacaram seu querido Lorde de Copas?

- Foi você... Mais com que propósito?

- Simples Danielle, eu tinha planos, e queria vocês dois ao meu lado, mais Lorde de Copas, recusou-se a aceitar a minha oferta então não tive outra alternativa.

- Mas você me abrigou, e me amparou após a morte dele...

- Sim, mais apenas para tentar convencê-la de que deveria juntar-se a mim.

- Nunca, nunca iria me juntar a você nessa guerra sem sentido nenhum.

- Minha querida, não é sem sentido, estamos apenas eliminando aqueles que causam confusão e que nos prejudicam.

Não me contive e chegando mais perto de Christine fiz vários cortes pelo seu corpo, e a deixei sangrando, em alguns pontos fui deixando pequenas queimaduras e uma pequena queimadura em seu rosto, sorvi um pouco do seu sangue e saí correndo da casa de Christine, ainda muito confusa e me sentindo dolorosamente angustiada como se alguém estivesse me enfiando pequenas agulhas por meu corpo, me dirigi rapidamente para a minha própria casa e me tranquei em meus aposentos.

Assim que consegui me acalmar um pouco, comecei a me lembrar dos acontecimentos da morte de Lorde de Copas, realmente agora fazia mais sentido a morte dele, não havia sido um ataque qualquer, aqueles renascidos ainda que muito novos deveriam estar sobre a influencia de Christine, pois eles atacaram decididos, a matar Lorde de Copas, por mais que eu tivesse tentado ajuda-lo, não tinha sido suficiente, eles estavam determinados a matá-lo.

As emoções de Christine se espalhavam pelo meu corpo juntamente com o seu sangue, pude ver que ela não desistiria enquanto não matasse Damien, e ela estava confiante que conseguiria isso. Eu não a havia matado, mais havia deixado uma marca em seu corpo, corpo esse que ela valorizava tanto.

Essa morte, eu não iria interferir, mais de agora em diante eu lutaria ao lado de Damien, e o ajudaria a ganhar essa batalha.

Foi então que eu percebi, havia um cheiro diferente em meus aposentos, me levantei da cama e percebi que o cheiro estava por todo o quarto, sai do quarto e vi na sala um rastro no chão como se alguém tivesse colocado fogo em algum combustível. Voltei aos meus aposentos aonde o cheiro era um pouco mais forte, então a verdade veio como um baque em mim, a hora que vi uma pequena rosa negra em meio as travesseiros. Evra...

Um arrepio me subiu pela espinha, Evra havia estado em minha casa, ele sabia aonde me localizar, e se ele tinha me encontrado, isso significava que também poderia ter encontrado Damien se acaso ele tivesse chegado antes de mim, e talvez fosse essa a razão do rastro de fogo na sala, me desesperei ao saber que poderia ter colocado Damien em um perigo ainda maior.

Estava tentando me acalmar o suficiente para tentar localizá-lo mais estava muito nervosa e temerosa, não tinha ideia do que havia acontecido e Christine havia me desestabilizado ao confessar que havia matado Lorde de Copas, havia muita coisa que eu ainda não conseguira entender e agora Evra havia entrado em minha casa, não conseguia me concentrar para localizar Damien.

Foi quando percebi que alguém saia do banheiro em minha direção, me virei pronta para atacar, já conjurando chamas, quando me deparei com Damien vindo em minha direção, fiquei feliz e aliviada, ele estava vivo e bem, mais havia algo de estranho em sua atitude...

CONTINUA...

Dani Moranguinho
Enviado por Dani Moranguinho em 13/10/2011
Reeditado em 22/10/2011
Código do texto: T3273385
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