Fábulas Modernas - A Triste História do Dr. Raposo

Dr. Raposo, assim como era conhecido. Era um advogado muito filho da puta, disputava processos caros e defendia os frascos e comprimidos. Um dia, Dona Abel Abelhuda foi lhe procurar, transtornada e com os olhos cheios de lágrimas.

- Dr. Raposo, você precisa me ajudar – dizia a mãe chorosa – meu pobre filhinho foi preso. O senhor tem de tirar ele de lá – secou as lágrimas em um lenço de papel que estava em suas mãos.

- Quanto à senhora esta disposta a pagar? – Entrelaçou os dedos.

A mulher lhe colocou a frente de uma maleta de dinheiro bem recheada, e vendo uma oportunidade rentável, Dr. Raposo, não se atreveria a recusar, não importa o quão difícil à causa lhe parece-se. Ao ver aquela soma de dinheiro tão grandiosa, os olhos de Dr. Ficaram tão grandes quanto dois ovos estalados.

Logo o Dr. Raposo, sem muito esforço. Já havia libertado o marginal, sem se importar com as conseqüências de tal ato.

Mas será que o Dr. Raposo, passaria impune segundo ás leis terrenas? Provavelmente, a resposta é sim. Mas e quanto às leis divinas, eis o grande mistério.

Foi uma noite chuvosa, que lhe veio a notícia. Seria mais uma fatalidade televisiva, mas aquela era a sua própria trágica história. Sua filha havia sido morta, degolada e brutalmente violada. Não é possível descrever a dor que ele sentira, quando teve de reconhecer o corpo no necrotério, até mesmo um coração insensível e egoísta como o seu, haveria de sentir.

O criminoso fora preso, e com o ímpeto da vingança, queria fitar o monstro nos olhos. Mas quando encarou o brutamontes, seu coração quase parou, o ar tornou-se denso, e o sangue parecia ter afinado em suas veias. Era ele, o mesmo olhar frio e inexpressivo. O mesmo que ele havia fornecido a liberdade pelas lágrimas de uma mãe chorosa e alguns bolos de dinheiro.

O destino havia cobrado o seu preço, pois tudo tem um peso. O peso da culpa, que o Dr. Raposo iria sustentar em suas costas, até a fatídica noite em que socaria o cano da trinta e oito pela boca e efetuaria o disparo, espalhando miolos no banheiro de sua casa.

Moral da História

Todo o mal que semeamos, um dia a nós retornará.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 03/10/2011
Reeditado em 10/10/2011
Código do texto: T3256072
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