O MISTÉRIO DO VELHO CASTELO - PARTE 8
Armand estremeceu. Aquele som que não escutava há muito tempo era vagamente familiar.
-Quem está ai? – perguntou Josh.
Por um momento, o lugar havia ficado silencioso como uma tumba. Apenas o ruído baixo do vento no corredor respondia... Josh seguiu na direção de onde tinha escutado o barulho com passos firmes, porém, cautelosos. O fato do gerador não ter ligado era estranho, mas escutar um barulho como aquele, excedia a qualquer expectativa.
-Fique aqui ok? Vou ver o que aconteceu.
-Melhor você não ir, não conheço esse lugar, é escuro, não posso ficar a...
Antes que Armand terminasse a frase, um forte estrondo ecoou do outro lado do corredor, uma voz embaraçada e rouca gritava. O som quase ensurdecedor, de alguém esmurrando uma parede, como se estivesse enclausurado, dentro dela.
Josh sentiu seu sangue gelar. Por um momento ficou sem saber o que fazer, então se lembrou do quarto 42. João Armário ficava ali. O instituto não tinha muitos pacientes conhecidos, mas aquele era famoso por ser um ex-lutador profissional de boxe que enlouquecera por causa do uso constante de drogas. Seu fraco? As alucinações.
-Calma, venha comigo e sem barulho. Acho que sei o que está acontecendo. Vamos voltar em direção ao seu quarto, e quando chegarmos no meio do corredor, subiremos até o terceiro andar, pelas escadas.
Josh e Armand seguiam lentos e apreensivos. O único som que escutavam agora era o de João Armário implorando para sair do quarto.
-Me tirem daqui!! Seus loucos imbecis, não podem me deixar aqui embaixo! Quero meu livro, me dê o meu livro! Vou processar vocês quando sair daqui, eu tenho advogado!!!!...
O corredor era grande, e à medida que se aproximavam da escada, a voz de João Armário ficava para trás. A escada era larga o suficiente para que duas pessoas pudessem passar lado a lado por ela. Como ficava no meio do corredor, era completamente escura, até mais do que o breu que já enfrentavam no corredor, cuja única luz, emanava fracamente do quarto de Armand, que havia ficado com a porta aberta. Estavam quase chegando, quando ouviram alguma coisa, não muito distante deles se levantar ruidosamente.
O som sôfrego de alguém caminhando era incomodo, e se tornou perturbador, quando o barulho de uma foice estalou contra o chão. Um cheiro de podridão invadiu o ar, e eles puderam sentir uma respiração ofegante a caminho deles. Em seguida veio o chiado. O chiado de carne queimando era mais alto do que podiam suportar. Ou só Armand podia? Não, não era ele que apenas podia. Pouco mais a sua frente Josh estava parado, imóvel.
-Dr.?
O mundo parecia ter parado. Sons de passos ruidosos correndo ao encontro deles começaram devagar e ficaram mais rápidos. Armand já havia se virado, algo avançava contra eles, ali, na escuridão.
-Corra Armand!!!!! Josh sentiu um impulso contra seu corpo e saiu em disparada pelo corredor. Armand sentiu que o que quer que o esteja seguindo o tivesse alcançado. Soltou um grito de horror, quando as luzes se acenderam, e caiu no chão. A luz forte ofuscou seus olhos. Os dois mal podiam enxergar.
Conforme se acostumaram à claridade, olharam em volta e estarrecidos, constataram que não havia ninguém, ali, naquele lugar, a não ser eles dois. Josh se sentia tonto, buscou Armand ao seu redor. Encontrou-o sentado, trêmulo no chão, e com as mãos no rosto, ele apenas sussurrava:
-Está acontecendo de novo. Eu devia ter morrido... Não posso acreditar...
-Já chega!! Vamos sair daqui! – berrou Josh pegando Armand pelo braço – Nós vamos subir e você vai me contar que merda é essa que aconteceu aqui!
Armand ainda trêmulo, apenas balbuciou:
-Sim.
Continua