O acidente.
Havia uma faixa preta estendida sobre o chão e nela havia também duas faixas fininhas e amarelas, nela faltavam algumas faixas brancas curtas e repetidas e foi pela falta delas que aquele dia foi assim.
Minha mão estava segura, apertada, cuidadosamente guardada, sedentamente coberta, apaixonadamente protegida, por outra, outra de outra coisa. Eu não olhava para os lados perigosos, onde vinham e iam pequenos e grandes elementos maus, correndo apressadamente em favor dos seus protegidos. Eu estava protegido e não entendia que o que me protegia podia estar em risco por simplesmente não ter o que ou quem lhe proteger. E eu despreocupado olhava ao meu redor e só via elementos coloridos, tudo tingido de falsas misturas do vermelho, do amarelo e do azul; o branco era a luz, o que me fazia ver. A ausência do branco eu veria sem querer. E os ruídos furiosos, altos, estridentes, exalavam cheiros estranhos ao perfume das flores, da chuva na terra, do bafo que saia da minha boca todo dia de manhã. Eu não entendia daquilo quase nada, mas adorava. E conhecia para primeiro aprender e depois compreender.
E, tive, então, o primeiro sentimento: e que sentimento pior não poderia ser! A mão que me segurava firme soltou-se de repente e me deixou só.
Passei a não ver mais o colorido que havia ao meu redor. Só vi um vermelho cor de escarlate terrivelmente abundante próximo de mim e esta cor saía da mão que antes me protegia. E o calor sufocante me fez atormentado e meu soluço me engasgou. Eu havia perdido a única proteção que conhecia. E ver aquilo era muito para mim.
E, por todos os presentes que ali estavam, ficou constatado, ela morreu porque não tinha medo de morrer.