Um Encontro com o Terror – Parte Final - capitulo I

“Lá fora”

Algo sombrio se manifestava naquela noite, o céu estava negro como nunca, trovões bradavam como deuses do universo, era um show de luzes e sombras, como se o mundo estivesse próximo de seu fim. De Joelhos o Magista continuava seu ritual satânico, o grimório em suas mãos, seus olhos perdidos na imensidão de um branco profundo. Lá fora uma tempestade devastadora destruía tudo que encontrava enquanto um enorme buraco negro se formava sob a casa.

- Todos eles pagarão mestre!!! Ele gritou em meio ao ritual, mas o grito era abafado pelas paredes.

...

“Dentro da casa eles ainda procuravam respostas...”

- Diga logo Jr! Afinal como sabe de tudo isso? E que livro é este? Perguntou Mauro.

Jr. sorriu. Um sorriso estranho e assustador. Tirou a capa que estava usando, deixando – a cair no chão. Um amontoado de símbolos estranhos estava tatuado em seu corpo. Imagens dos monstros que eles haviam visto. Sidney então pegou a arma de Anilto que estava caída no chão e apontou na direção dele.

- O que está fazendo Sid? Perguntou May.

- Maldito! O que são estas tatuagens? Quem é você afinal? Perguntou Julio.

- Eu sou... Uma voz estranha saiu da boca de Jr. Uma voz estranhamente conhecida. Um grito então assustou á todos que se viraram para a direção de onde ele havia partido.

...

- Aaaaaaaaaa! Gritou assustado Anilto acordando de repente. Seu braço ardendo em dor. Ele piscou seus olhos e olhou na direção de sua mão. Um pano estava enrolado ali completamente manchado de sangue, o seu próprio sangue. Aquilo o assustou ainda mais. Era tudo real.

- O que era aquilo??? Ele perguntou assustado. Todos olhavam para ele. And e Faby estavam ali. Ele as reconheceu imediatamente. O que é que vocês fizeram aqui? Aquilo era um demônio?

- Sim. Disse Faby. Há algo muito errado aqui capitão. E parece que o nosso amigo Jr. tem as respostas. Não é mesmo Jr?

- E onde ele está? Perguntou o capitão. Todos se surpreenderam.

- Ele está aqui! Disse And virando se na direção de Jr., mas ele não estava lá, apenas sua capa caída no chão.

- Filho da mãe! Esbravejou Mauro. Um trovão pareceu ter rachado a terra ao meio na mesma hora.

- Que tempestade estranha é essa! Perguntou May.

- Vou parar de escrever contos de terror por algum tempo! Disse Julio. Isso está cada vez mais assustador.

- Isso se sairmos vivos deste lugar! Respondeu And.

- É o seguinte! Temos que encontrar o Jr, ou quem quer que seja que está evocando estes demônios. O idiota não deve saber o que está fazendo! Disse Faby.

- Como assim? Perguntou Mauro.

- Simples! Os demônios estão diferentes, mais fracos que o normal. E ás vezes aparecem de uma forma estranha. Completou Faby.

- Como assim estranha? Perguntou And.

- Estão distorcidos, aparecem com características diferentes. Puxando características de outros demônios. É como se ele estivesse dizendo palavras erradas.

- Afinal Faby, que demônios são esses? O que é isso tudo? Perguntou May.

- Bem. São as chaves de Salomão. A chave maior de Salomão e a chave menor Goetia. A chave maior de Salomão contém instruções de magia, orações, conjurações e pentaculos para cada um dos planetas. Enquanto a Goetia que é a chave menor e é dividida em cinco partes. Ela contém comentários detalhados sobre a natureza dos espíritos evocados na magia cerimonial, bruxaria e necromancia.

- Quem é o idiota que ta mexendo com uma coisa dessas! Perguntou Sidney.

- Isso só é legal em contos de terror! Disse May.

- Ah... droga! Concordo com vocês. Odeio monstros! Disse Julio. Todos olharam pra ele neste momento o encarando.

- Ta certo! Nem tanto! Mas estes assustam de verdade! Ele disse.

Anilto estava de pé. O sangue pingando de sua mão, ainda fazia caretas devido a dor. Ele estava próximo a janela.

- Meu deus do céu! Ele disse.

- O que foi? Perguntou And. Todos olharam na direção que ele mirava.

- Caramba! Disse Mauro. É o fim do mundo! Eles viam o enorme buraco negro que se abria girando feito um furacão, raios e trovões guerrilhavam no céu, a chuva caia forte, O som do mar parecia cada vez mais próximo como um Posseidon enfurecido.

- Ele está convocando todos eles! Disse Faby, seus olhos estavam arregalados. Foi quando algo então atravessou a janela abruptamente. Eles mal puderam ouvir os estalos do vidro se quebrando. Um demônio de três cabeças flutuando sob uma serpente entrou furioso, seus olhos eram frios e maquiavélicos. Atrás dele um demônio na forma humana, dentes enormes, chifres e uma espada afiada em suas mãos.

- Corram! Anilto gritou. May e Sidney correram na direção das escadas sendo perseguidos pelo velho com o ferrete na mão, suas três cabeças se mexendo estranhamente. Mauro e Faby correram na direção dos quartos do primeiro andar. And e Julio ficaram ali. Julio fascinado com o monstro mal se moveu.. And tentava o puxar.

- Vamos Julio! Vamos logo. O note book deslizou por seus dedos e caiu espatifando-se.

Anilto tentou correr, mas foi seguro pelos cabelos, o monstro na forma humana o levantou cerca de trinta centímetros do chão.

- Saiam daqui! Saiam logo! Ele gritou dando um murro no rosto da estranha criatura. Ela então mostrou sua verdadeira forma, sua cabeça humana de repente se transformou em uma estranha cabeça de serpente, a mesma serpente que havia comido parte de seu braço. Ela expôs suas presas parecendo sorrir, ele vendo a morte á sua espreita fechou seus olhos enquanto a víbora demoníaca abriu estranhamente sua boca e abocanhou sua cabeça esmagando-a entre os dentes com uma força descomunal. O corpo de Anilto caiu desfalecido, sua cabeça esmagada no chão, um de seus olhos saltou para fora de sua órbita bisonhamente. Julio permanecia ali paralisado. O monstro caminhou na direção dele, a espada em uma de suas mãos. Ele levantou-a. A lamina encontrou a cabeça de Dosan, o sangue escorreu de sua testa e ele caiu. And olhou para Dosan sem entender o que havia acontecido, o demônio foi na direção dela.

...

May estava encurralada, Ela e Sidney subiram as escadas. No ultimo degrau ela tropeçou e caiu no chão do segundo andar. A criatura voando sobre a serpente a observava, o ferrete em suas mãos. Ela estava apavorada. O demônio em forma de velho a atacou quando Sidney pulou na frente dela. O ferrete afundou na pele de Sidney cortando sua carne, a arma de Anilto caiu no chão. Sidney deu um grito de dor. O velho forçou ainda mais o ferrete contra a carne de Sidney que gritava de dor, a criatura agora o segurava pelo pescoço, suas unhas tocando a pele dele.

- Aaaaaaaah! Aaaaaaah! Maldito! Gritava Sidney em total desespero. May via Sidney. A expressão em seu rosto! Ela então começou a repetir pra si mesma. Eu posso com este monstro! Eu posso com este demônio! Ela então se levantou abruptamente e correu na direção do demônio. Ele mal pode ver May chegando. Ela bateu contra seu corpo e a surpresa foi tanta que ele não pode se defender, o ferrete ficou cravado ao lado do ombro do Sidney, May e o demônio bateram contra a grade de madeira que quebrou-se. A víbora voadora ficou para trás e eles desceram em queda livre na direção do piso.

- Mayyyyyyyyyy!!! Gritou Sidney arrancando o ferrete e descendo as escadas.

...

Faby e Mauro estavam dentro de um quarto estranho. Eles se assustaram ao ver no chão os corpos de Dany e Michele. Ambas estavam mortas.

- Meu Deus! Disse Mauro.

- Temos que voltar pra ajudá-los! Disse Faby.

- Espera aí! Não foi você mesma quem disse que temos que encontrar o Magista que controla estes demônios? Perguntou Mauro.

- Sim. Mas... Ela dizia.

- Não podemos voltar. Temos que pegar esse idiota Faby. Ele deve estar aqui em algum lugar. Pense Faby! Onde ele pode estar? Faby logo se lembrou de quando ainda brincava de esconde – esconde naquela casa quando ainda era criança.

- A casa tem cômodos secretos. Eu me escondia dentro da biblioteca Mauro.

- Como fazemos para entrar lá? Ele perguntou. Foi quando o demônio de repente se manifestou na frente deles.

...

Sidney olhou na direção do demônio. Ele estava no chão sua cabeça havia espatifado-se, um dos braços quebrados deixando o osso a mostra, mas estranhamente ele estava se reconstituindo. Caída sob ele estava May.

- May? Sidney a chamou. Ela deu um gemido de dor, mas estava viva, o corpo da criatura havia amortecido sua queda.

- Que bom que está bem! O monstro então abriu seus olhos. May se levantou e correu na direção de Sidney. O monstro praticamente curado. Ele então andou na direção deles, sua serpente ainda flutuando lá em cima, ela parecia agir somente ao seu comando. Seus dentes afiados e podres a mostra. Ele então mostrou suas garras e atacou. May viu a velocidade em que o demônio se movia. Sidney o esperou imóvel, May deu dois passos para trás e pode ver o sangue jorrar e respingar em seu rosto.

...

- Aqui está ela mestre! Disse o demônio. Colocando-a no chão. Ela estava desmaiada.

- Que ironia! Disse o Magista rindo sarcasticamente. Só você mesmo para ser a virgensinha da turma! Ele riu mais alto.

...

- Amon? Disse Faby.

- Que diabos é isso? Perguntou Mauro assustado.

- Ele é um demônio do dia. Pode aparecer como um lobo com calda de serpente vomitando chamas de fogo. Ou até mesmo como um homem de traços caninos e cabeça de um corvo.

O demônio a frente dos dois tinha a forma de um lobo horrendo. Ele acompanhava cada movimento de Mauro e Faby que permaneciam sem ação.

- O que vamos fazer Pituco? Perguntou Faby.

- Você é que é a perita em demônios por aqui!

O monstro caminhava vomitando sua gosma em meio as chamas que saiam de sua boca. Seus olhos eram de um assassino, ele estava sedento por sangue.

...

May olhou na direção do corpo que caia desfalecendo-se. Sidney respirava aliviado. Olhou para sua mão e sentiu sua pele gelar onde o sangue daquela fétida criatura havia se derramado. O demônio se decompunha de uma maneira asquerosa. Sidney foi rápido o bastante para enfiar o ferrete na no pescoço do velho demônio, o sangue jorrou longe e ele caiu, um feixe de luz negra saiu de dentro do corte feito pela sua própria arma mística.

- Sid, você matou ele! Disse May aparentemente feliz.

- Se não fosse por você eu teria morrido May. Obrigado!

- De nada! Ela respondeu.

- Agora temos algo que pode matar um demônio. Melhor irmos ajudar os outros. Eles então escutaram um barulho de algo batendo dentro da estante que ficava á esquerda deles, era um móvel velho. Eles então se aproximaram, as portas estavam fechadas mas dava para ver que tinha algo lá dentro tentando sair. Sidney e May entreolharam-se. O ferrete na mão de Sidney que estava pronto para atacar. Foi quando a porta se abriu como um estouro.

- Aaaaaaaaaaaaaaaaa! Gritaram May e Sidney ao mesmo tempo.

...

A criatura estava prestes a ataca-los. Faby e Mauro ainda pensavam em uma maneira de dete-la. Eles então ouviram gritos. Gritos de seus amigos. Muitas coisas passaram por suas cabeças naquele momento, mas nada que eles pudessem pensar poderia ser de alguma forma agradável.

- Pro armário! Gritou Mauro. Faby correu, a criatura avançou. Mauro fez que ia entrar com ela, mas simplesmente trancou Faby lá dentro.

- Salve eles Faby! Eu cuido deste aqui. Disse ele voltando-se para criatura que se aproximava ferozmente.

- Mauroooooo!!! Gritou Faby batendo a porta, mas não havia como sair dali, a chave estava lá fora. Ela então virou-se para trás e pode ver a fresta que dava para biblioteca secreta e então entrou.

...

Era como se legiões de espíritos circundassem a mansão, fantasmas dançando seguiam o vento, imagens estranhas de monstros horrendos apareciam como flashes na noite.

- Tudo está pronto para meu mestre! Tudo! Vai saber o quanto eu o respeito e estes insolentes pagaram por ter se comparado a você. O Magista olhava para a mulher a sua frente, suas mãos estavam presas, ela estava amarrada, imóvel, seus olhos inchados, seus lábios cortados, um de seus dentes quebrados. Ela então despertou. Tentou gritar, mas uma mordaça a impedia. Andhromeda estava nua no chão. O demônio segurava uma espada em uma de suas mãos. O Magista proferia palavras malditas em latim. Algo estranho começou a acontecer naquele cômodo sinistro.

...

Ele surgiu como uma bala, mas ao invés de sair de um revólver, saiu de um armário feito um estouro. O sangue escorria por sua testa.

- O que aconteceu comigo? Ele perguntou aturdido.

- Julio? Disse May.

- O que estava fazendo no armário? Perguntou Sidney.

- E que galo é esse na testa Dosan? Perguntou May.

- Droga! Não sei. Lembro-me apenas do Demônio vindo em minha direção, ele ergueu sua espada. E de repente eu apaguei.

- Cadê a And? Perguntou May.

- Não sei. Disse ele parecendo completamente confuso.

- Temos que procurar o pessoal. O Mauro, a Vanessa, a Faby... Deve ter alguém vivo! Eles não podem estar mortos!

- Tomara que não! Disse Julio passando a mão sob o enorme galo que estava em sua testa, o sangue ainda escorrendo de uma ferida naquele mesmo local e seguindo a trilha, escorrendo ao lado de seu nariz e encontrando seus lábios, donde passava para o queixo e de lá se perdia no ar em direção ao chão.

Eles então escutaram um novo grito. Era o barulho de um animal que uivava como um lobo.

...

A fera investia contra Mauro, seus dentes eram algo realmente muito afiados. Mauro se protegia como podia, mas era quase impossível. Ele sabia que sua hora logo chegaria. O monstro então uivou e atacou-o sem piedade.

...

Faby lembrava-se de cada detalhe daquele corredor escuro. Ela o descobriu por acaso entrando dentro do armário escondendo-se de sua mãe. O local estava escuro, baratas passavam apressadas como transeuntes que tinham hora marcada em algum lugar. Um rato gordo comia algo no chão bem na sua frente. Ela pode ver o sangue na boca do animal. Mal sabia ela que era sangue de seu amigo Don. Um pedaço de carne que o rato insistia em carregar de um lado para o outro. Ela continuou caminhando. Pôde então avistar uma luz e logo viu a porta da biblioteca.

...

Mauro encolheu-se e fechou os olhos pronto para ser morto. O lobo então parou no ar bem na hora do ataque. Sidney, May e Julio arrombaram a porta e puderam ver a cena. O lobo demônio rosnando e uivando como um cão louco, mas incrivelmente ele parecia estar preso em algo, mas não havia nada. O pescoço de Mauro a cerca de 30 centímetros da boca do animal. Dentro do banheiro apontando sua mão para criatura estava nada mais nada menos que Jr. Segurando aquele estranho livro nas mãos.

Mauro abriu os olhos e viu a criatura, mas o que mais o deixou espantado foi a imagem de Jr á sua frente.

- Foi você! Você os controla! Mauro se levantou e atacou Jr. Os dois caíram no chão, Mauro o socando, o livro caído ao lado.

- Façam alguma coisa! Disse May olhando para Sidney e Julio. Eles então viram o monstro cair e de repente se levantar correndo em direção á Jr. e Mauro. Os dois arregalaram seus olhos. Julio então fez a coisa mais louca que podia fazer. Arrancou seu sapato e jogou com toda força no lobo que se virou furioso na sua direção salivando.

- Droga! Disse Julio. O animal correu na direção dele. Ele ficou estático. Sidney tentou ajuda-lo, mas era tarde demais. Algo então cortou o ar e o demônio foi decepado pela lâmina de uma espada.

- Ele o salvou? Mas...

Foi então que eles viram o demônio em forma de homem novamente. Mas agora ele estava apenas com a cabeça de uma serpente.

- Ele a levou! Onde está And seu monstro? – O demônio então partiu com toda sua fúria na direção deles. Julio gritava alucinado.

Sidney recebeu um golpe e foi lançado contra a parede, Julio caiu mais a frente. May estava sendo segura pelas mãos fortes do demônio. Ele a segurava pelo pescoço, o ar dela faltando, a cabeça da serpente pronta para devorá-la. Sidney ainda caído no chão, não conseguia se mover, a queda foi muito forte. Ele fez a única coisa que lhe passou pela cabeça.

- Mauro! Ele gritou. Mauro olhou na direção dele no mesmo instante. Ele então jogou o ferrete para Mauro. Mate-o! Isso pode matá-lo. Mauro então correu na direção do monstro e enfiou o ferrete em suas costas. Mauro e May foram jogados em sentidos opostos.O demônio inflando de repente como um enorme balão até que se explodiu.

Sidney gemia de dor enquanto se levantava.

- Essa pancada foi forte hein amigo. Disse May.

- E vocês dois? Estão bem? Perguntou Julio.

- Sim. Disse Jr.

- Não por muito tempo! Disse Mauro indo em direção a ele de punhos cerrados.

- Acalme-se Mauro! Disse May. Se explique Jr!

- Já ta na hora de saberem. Chamo-me Salomão.

- Como disse? Perguntou Mauro completamente confuso.

...

Faby adentrou naquele lugar, a luz cada vez mais intensa. Ela então pôde ouvir vozes mais á frente.

- Entre Faby! Disse uma voz estranha. Ela então entrou mesmo que esta parecesse ser a pior idéia.

- Você?

...

Esta foi a primeira parte do final do conto...

Mais tarde postarei a parte II que é o final...

Abraços!

Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 04/09/2011
Reeditado em 05/09/2011
Código do texto: T3200286
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