.:: Desafio... - Andhromeda ::.
RESPOSTA AO DESAFIO PROPOSTO POR LUCAS DE ZAN (vide “Desafio... – LucaSt” na página do Lucas De Zan).
Sair da cama foi mais difícil do que imaginei que fosse ser. Sentia-me muito fraco, física e emocionalmente falando. Meu corpo estava debilitado; eu não fazia a mínima ideia do porquê, mas meus membros pareciam pesar uma tonelada cada um. Havia sangue em minhas roupas e nos lugares que elas não cobriam, tais como as mãos e o meu rosto. Havia sangue grudado por todo o meu queixo. Se eu não tivesse batido com os olhos naquela monstruosidade acima da cama – acima de mim! -, poderia ter achado que todo aquele sangue era meu. Mas não havia dúvida de que ele viera dela, da pobre mulher imolada. Meu Deus! Será que um destino semelhante estava reservado para mim? Eu não podia ficar e esperar, ainda mais sob o olhar baço da morta pregada no teto. Que loucura! Como era possível ela permanecer lá em cima? Seus braços estavam abertos, cada um sobre uma ponta do pentagrama. Como Cristo pregado na cruz. Só que eu podia ver que não havia prego algum ali. A pele alva não tinha qualquer sinal de violência. Exceto, é claro, pela espada enterrada até a metade naquele ventre suavemente arredondado. O sangue ainda escorria preguiçoso em direção ao punho da lâmina mortal. Se eu me esforçasse mais do que era capaz, dadas as minhas condições nesse momento, poderia ver a trama de órgãos internos, ensaguentados, dentro daquele corpo delicado e arruinado. Mas eu não tinha tempo para perder apesar de que a cena me atraía muito. Foi com algum esforço que desviei a atenção do teto. Imprimi uma força considerável para escorregar pelo lado da cama e firmei os pés no chão também manchado de sangue. No mesmo momento uma vertigem quase me fez desistir. Era como se eu estivesse drogado. Talvez fosse isso mesmo. Drogado para ser abatido mais tarde. Meu coração bateu forte, quase na garganta. Pensei numa espada rasgando o meu próprio abdômen e isso foi o meu maior erro. E enquanto eu perdia tempo me acalmando, ouvi a morta despertar de seu sono e emitir um suspiro através dos lábios descorados. Ao olhar, novamente, para cima, deparei-me com seus olhos a me encarar, vazios, mas cheios de algo que me fez pensar em janelas de casas assombradas, donde espíritos malignos espiam o mundo dos vivos. Espíritos ansiosos por nova vida.
Agora, eu jogo a granada no colo do Sidney Muniz.