O VELHO DO ÔNIBUS.

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O VELHO NO ÔNIBUS

Escondendo-se da chuva no apertado ponto de ônibus, Emerson aguardava sozinho a chegada da condução. A solidão lhe torturava; ele adorava falar, contar, perguntar, mas não havia ninguém ali. Aliás, nem todos gostavam de sua falação e muitos também se assustavam com sua deficiência que ele aparentava não ter conhecimento,

Não tardou, o ônibus o acolheu com ar úmido e abafado; tão comum nos dias chuvosos. Havia somente um lugar desocupado. Emerson cumprimentou o motorista como de costume, pulou a roleta como de costume e sentou-se rapidamente já perguntando algo ao seu companheiro de tráfego; tudo também como de costume.

- Acho que essa chuva não para hoje não! Num é?

O velho Senhor que trajava roupas sujas e com uma longa barba respondeu sem olhar para Emerson batendo suavemente sua imunda bengala no chão.

- Talvez daqui alguns minutos ela cesse.

Durante algum tempo Emerson ensaiou iniciar outra pergunta, mas se recolhia procurando com dificuldade achar um bom assunto.

A chuva rapidamente cessou e um sol espremido pode ser visto entre os carros no imenso congestionamento, logo as janelas foram abertas e um ar mais suave dominou o local.

-Nossa, você sabe mesmo de chuva! Disse Emerson rindo estrondorosamente.

-É uma das poucas coisas que sou bom. Respondeu o velho fixando seu branco olhar para Emerson.

Emerson sorriu e continuou:

-Nossa; devagar desse jeito vou chegar muito atrasado!

-Onde estamos? - Perto da ponte? Perguntou o velho após uma breve pausa.

-Deixa eu ver. Emerson levantou, pôs a mão sobre os olhos em forma de continência, fez algum esforço e finalmente disse enquanto sentava:

-Sim!

-Talvez daqui alguns minutos o trânsito se normalize. A bengala estalou novamente.

Não tardou dois minutos e o trânsito já se movimentava.

-Nossa, você é bom de trânsito também! Disse Anderson rindo ainda mais alto.

O velho sorriu limpando a boca que escorria uma densa baba amarelada.

-Eu gostaria de ver um barco hoje na ponte, papai e mamãe gostavam de barcos, eu gosto deles, tenho saudades deles... – Eu adoro barcos, e você?

-Sim, é uma das poucas coisas que gosto. -Acredito que hoje possa haver alguns barcos. Complementou o velho após novamente a velha e suja bengala estalar sobre o metálico piso do ônibus.

Enquanto trafegavam sobre a ponte, puderam ver centenas de barcos de diversas cores e tamanhos que desfilavam no grande lago por algo que parecia ser algum evento local.

Emerson deu um grito de alegria e de pé gritou até perder os barcos de vista: “olha aquele. Olha aquele outro. Lá! Olha o tamanho. Nossa.”

Após o êxtase de alegria Emerson sentou-se desavontade e claramente triste.

-Sente saudades dos seus pais?

Emerson respondeu afirmativamente com a cabeça e complementou:

-Eles foram morar com o papai do céu e nunca mais voltaram...lá...deve ser muito bom né? – Nem quiseram voltar!

O velho ficou em silêncio.

- É o meu ponto! Gritou Emerson.

Contudo antes que ele levantasse o velho agarrou-lhe a mão e aproximou-se com seu hálito podre sussurrando em sua orelha:

-Talvez dentro de algum tempo... Você vai visitá-los. A bengala estalou uma ultima vez naquele dia.

Emerson saiu acenando um adeus infindo enquanto o velho novamente limpava a asquerosa baba amarelada.

Ele não estava atrasado, nem tinha aonde ir. Aos seus 36 anos, Emerson há tempos fazia questão de ficar longe de casa. A saudade dos pais era grande demais para suportar muito tempo naquele local.

Ali estava Emerson novamente voltando para aonde não gostaria de ir...Mas havia algo diferente.

Em frente à velha casa havia alguém acenando para ele e uma voz que há tempos não era ouvida; agora lhe enchia o coração.

-Filho; venha filho...

J V I C T O R

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