O Odor
Por Ramon Bacelar
Como um dente-de-leão de estranha plumagem soprado pelo vento, o odor invadiu os espaços vazios e atormentou suas narinas por horas a fio. Olhou, procurou, vasculhou, suspirou... não encontrou. Meditou, percorreu mas não percebeu que as suas costas, uma lâmina reflexiva prateada de superfície lisa, denunciava a origem da inquietação nasal na forma de um inchado e macilento corpo que aos poucos abandonava as juntas e articulações contribuindo na proliferação da substância nauseabunda.
FIM