Hospital Horror Apresenta: A Lenda da Loira do Soro

Andavam pelo corredor a noite, ele, um homem branco, alto e careca, havia começado a dar plantão naquele hospital como clinico geral havia três dias, e ela, morena e baixa, de cabelo preso, era cirurgiã ali há uns cinco anos. Conversa era jogada fora quando ela resolveu contar a lenda:

- Você já sabe da lenda loira do soro, Dr. Carlos? – ele fez um sinal de negativo com a cabeça – Então contarei pra ti. Numa época que não havia tantos médicos bons assim como nós aconteceu algo terrível nesse hospital, em um parto, por descuido o obstetra acabou cortando o bebê com o bisturi na hora da cesariana, e ele morreu de hemorragia. A mãe ficou sabendo do erro e ameaçou processar o hospital e o médico, ai tiveram um puta idéia de jerico, deram KCL* direto na veia dela, e falaram que o óbito foi por depressão pela morte de seu filho. Desde então a jovem mãe loira anda pelos corredores se arrastando com aquele ferro que segura o soro e uma seringa pronta pra furar o primeiro médico que vê pela frente. É a famosa loira do soro.

- Nossa Dra. Roberci, que história tosca, eu achava que a loira do banheiro era ridícula, mas essa foi pior. Bom, você tem que ir pro centro cirúrgico, então cuidado com a loira. – disse ele.

- Cuidado você, ela prefere os homens, você deveria temer - respondeu ela.

- Eu não temo lendas, Doutora – retrucou-o.

E seguiu seu caminho, virou um corredor e foi reto até o fim, ouviu um barulho atrás dele, era um som de ferro sendo arrastado, olhou pra ver o que era, mas não tinha nada. Quando voltou os olhos para frente, levou um susto, a menos de três metros dele estava lá parada, com a cabeça baixa fazendo os cabelos loiros penderem, sua camisola branca tinha sangue na região da barriga, em uma mão estava lá o ferro enferrujado com o soro pendurado e na outra uma seringa.

- Então estava tudo combinado, se acha que eu vou me assustar se enganou Roberci – e foi andando em direção a “loira do soro”. – Eu não temo lendas.

Esticou o braço pra relar na loira, mas os movimentos dela foram mais rápido, hora que se deu por si estava com o ferro atravessado em sua barriga, ele cambaleou pra trás, mas a loira já estava em cima dele, com a seringa bem perto de seu rosto, ela ergueu a cabeça, não tinha olhos e seu rosto estava em decomposição, seu hálito era podre quando ela abriu a boca e disse com uma voz dupla, na qual se mistura a doce voz de uma garota e choros de bebê:

- Mas eu não sou uma lenda, cético. – e enviou a agulha em seu olho esquerdo, o médico caiu ao chão e agonizou por uns vinte minutos até a morte.

* - KCL: - Cloreto de Potássio.

Renan Pacheco
Enviado por Renan Pacheco em 09/08/2011
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