A casa

Desde que nos mudamos para aquela casa, alguma coisa aconteceu.

Minha esposa começou a me dizer que a casa era estranha, que tinha uma negatividade no ar e que ela gostaria de se mudar.

Apesar de também sentir isso algumas vezes nunca admiti.

Mas algumas coisas realmente aconteciam e que não eram digamos assim, normais.

Várias vezes durante a madrugada eu acordava e ouvia barulhos no forro da casa, pareciam vozes, sussurros, coisas batendo ou se arrastando.

E pareciam que notavam que eu estava ouvindo e silenciavam.

Um certo dia quando saímos e deixamos nosso filho sozinho em casa, ao chegarmos algumas horas depois, o encontramos sentado na calçada com expressão de medo njo rosto, e disse que havia visto vultos pela casa.

Entramos e não havia nada. Nada.

Esse evento não mais ocorreu.

E com muito mais frequência ficávamos doentes nessa casa.

E minha esposa sempre acusava a casa. E eu sempre dizia que não.

Mas na verdade eu sentia que ela tinha razão. Havia algum problema com a casa.

Certa noite ao nos deitarmos minha esposa me olhou apavorada e me perguntou:

- Você viu aquilo no banheiro??

- Oque tem lá? Respondi.

- Vá lá e veja. No teto, uma mancha vermelha, a casa está sangrando.

Confesso que me arrepiei ao ouvir isso e ver o pavor estampado no rosto dela.

Fui até o banheiro e olhei, não vi nada. Tudo normal.

Voltei ao quarto. Ela já havia dormido. Agarrada ao travesseiro.

Achei que essa história de casa estava deixando minha esposa louca e sugeri que procurasse um médico.

Por alguns dias ela parou de falar sobre o assunto.

Mas 2 meses depois ela me disse que a casa havia voltado a sangrar e que ela estava com medo. Medo do que a casa queria fazer com ela.

Naquela noite tive um pesadelo terrível, via a casa se fechando e trancando dentro de si minha esposa que gritava desesperada por minha ajuda.

No sonho eu ficava ali paralosado, sem reação, apenas vendo minha esposa ser arrastada para dentro aos gritos.

Da janela da casa saia uma fumaça espessa e escura. E junto um cheiro de corredor de hospital, um cheiro de morte.

E das paredes da casa começava a escorrer um liquido vermelho escuro. Sangue.

Os gritos paravam e a porta se abria deixando minha esposa cair desfalecida e extremamente pálida no chão.

A casa sugara seu sangue todo.

A partir desse dia, quase todas as noites esse sonho me perseguiu por um bom tempo

Até que um dia ao voltar do trabalho e chegar em casa, fiquei surpreso ao ver minha esposa sentada na escada que dava para a entrada sa sala.

Ela estava muito bonita e com um sorriso diferente no rosto.

Quando eu me aproximava, notei que a casa estava se afastando cada vez mais.

Ela se levantou e foi entrando. Quando de repente vi que ela foi puxada e me olhou com o medo e desespero no rosto.

Ela gritou por ajuda. Mas eu não podia alcançá-la.

Gritei seu nome mas foi em vão.

O pesadelo estava acontecendo. A casa a sugara.

As paredes estavam ficando vermelhas, manchadas de sangue.

O cheiro e a fumaça no ar.

De repente a casa tomou forma de um rosto demoníaco e parecia me encarar.

Senti o medo tomar conta de meu ser. Aqueles olhos enormes e vermelhos a me fitar.

E como no pesadelo, a porta de entrada se abriu e minha esposa cai lentamente.

Pálida, branca como vela. Morta. Sem sangue algum.

Corri para ela mas já não tinha mais vida.

A casa a matou deixando marcas como se fossem facadas.

A cena nunca mais saiu de minha mente.

Passo noites em claro tentando entender o que foi aquilo, o que aconteceu.

Me arrependo de não ter dado ouvidos à ela. Se tivessemos nos mudado ela ainda estaria viva. Ainda estaria comigo.

E eu não estaria aqui preso nesse hospício com outros assassinos e doentes mentais.

Mas afinal eu a matei. Quando não ouvi o que ela me dizia.

Eu mereço estar aqui.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 04/08/2011
Código do texto: T3139919
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