A filha de Lilith

Me chamo Lilith, excessivamente bonita e uma das mais respeitadas demônio feminino.

Perigosíssima, sou a própria treva.

Sou excomungada por todos os Deuses, por ser eu o próprio veneno contra o amor. E só tenho homens porque arrecado os espíritos perdidos e os escravizo como criados.

Os Deuses recomendam a não me convocar ou citar meu nome, pois sou a enganação! Mais certa vez, puni severamente uma bruxa, servindo de exemplo, para que outros não me prometam nada.

A FILHA DE LILITH

Tive uma grande seguidora, essa bruxa tinha uma filha moça, bonita e má, porem muito infeliz no amor. Um dia, a mãe fez-me um pedido para que a filha casasse com um homem bonito e rico. Disse-lhe que atenderia ao pedido se ela me desse o primeiro filho dessa união. Com a promessa feita, tudo aconteceu e a moça casou-se com o homem que queria. Logo depois engravidou e teve a menina mais linda da região, seus olhos eram lindos como os meus. A alegria foi tamanha que a avó feiticeira esqueceu-se do pacto firmado. Esquecida em minha grandeza, olhei aquela criança com ódio e repulsa!

Os dias iam passando e eu trabalhando sobre a recém-nascida, tratando-a com muita crueldade! Numa noite escura, lancei-me sobre ela e com dias de nascida a fiz falar. Nunca esquecerei as primeiras palavras que disse através da sua boca:

-Cozinharei meus olhos e selarei meus ouvidos!

A mãe aterrorizada soltou a menina no chão e todos que estavam presentes correram apavorados. Mais não parei de falar! Em determinado momento, disse que a criança estava com fome e deixei à recém-nascida chorar. Com medo, a mãe se aproximou da filha, pegou-a no colo e deu o seio para que fosse sugado. Com minha força, transformei o leite materno em sangue. O bebê mamava o sangue com gula, ao mesmo tempo em que ele saia por seu nariz e ouvidos. Isso se repetiu todas as vezes que a mãe tentava alimentar a filha. Como aquela mãe sofreu por não conseguir ajudar a filha que padecia em minhas garras.

Em seguida, tratei de retirar o brilho dos seus olhos, já que lembrava os meus. Deixei os olhos esbranquiçados, com um aspecto horrível! Mais não parei por ai, com o passar dos dias comecei a moldar a recém-nascida conforme meu desejo. Transformei sua língua deixando-a grande e pontuda, não cabendo mais dentro da boca. Os pais ficaram horrorizados, pois a menina enfia a língua dentro do nariz e dos ouvidos. Também fiz com que seus dentes começassem a crescer como presas de felinos. Retirei a cor natural de sua pele e deixei arroxeada, as unhas ficaram inflamadas e vertiam sangue.

A feiticeira tentou me acalmar, me dando muitos agrados para que a neta sobrevivesse... Nada adiantou!

Inutilmente, eles tentaram esconder os acontecimentos, mas boatos passam por frestas e em pouco tempo se ouvia rumores por todo o local, sobre uma criança possuída pelo demônio. Com dez dias, enlouqueci os pais e a avó por não terem me dado a menina no nascimento.

Tomei conta daquele bebê, que com poucos dias de vida, já falava e andava com o umbigo dependurado. Depois da loucura dos pais, levei o pequeno ser, em corpo e alma, a conhecer os abismos infernais onde habita ao meu lado ate hoje.

Assim assombrei toda uma região e criei meu próprio demônio!

Leonardo Athayde
Enviado por Leonardo Athayde em 30/07/2011
Código do texto: T3127817
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