A Rainha dos Monstros - capitulo IV - Afrodite ou Vênus
Elisa estava sentada no chão daquele cemitério olhando para suas mãos, ela estava inerte enquanto Heitor segurava Claus em seus braços. Nescuro em sua forma de cão abocanhava um osso que de certo pertencia a um dos esqueletos que eles acabaram de enfrentar.
- Claus, agüente firme amigo! Dizia Heitor. Mas Claus havia perdido muito sangue e suas forças esvaiam-se cada vez mais.
- É meu fim amigo! Dizia Claus. Guie Elisa até o castelo e detenham o Senhor das Feras.
- Mas amigo!
- Eu não posso viver mais, não tenho forças, amigo. Ela está muito confusa ainda, precisa faze-la lembrar rápido, ela precisa aprender a controlar seu poder. Dizia Claus em meio a uma crise de tosse, o sangue saindo junto com o ar que escapava de seus pulmões. Foi muito bom lutar com você Heitor! Heitor olhou na direção de Elisa, ela agora estava de pé, Nescuro ao seu lado, ele pareceu reconhecer aquele olhar, aquela expressão no rosto de Elisa, as serpentes de seu colar estavam vivas, seus olhos negros, e suas línguas acariciando o pescoço de Elisa.
- Elisa? Ela caminhou até Claus, Nescuro sempre ao seu lado.
- Você é um grande guerreiro Claus, um amigo.
- Elisa, desculpe!
- Preciso de você Claus.
- Mas não tenho forças, use minha capa e minha espada Rainha! Proteja-se.
- Posso te proteger agora, você será nossos olhos. Elisa olhou para o alto, Heitor viu o que ela avistava, era uma águia linda, uma harpia voando destemida pelos céus. Ainda não podemos descansar Claus pois a batalha final se aproxima. Ele a olhou e assentiu com a cabeça.
- Faça o que tem que fazer! Ele disse.
Heitor a olhava, sua mente ainda confusa. Será que ela se lembrou de tudo? Ela voltou? A nossa Elisa se lembrou?
- Prepare-se Heitor. Eles precisam morrer na mesma hora. Quando eu te disser já a acerte com a flecha. Heitor pareceu não ouvir nada do que Elisa havia o dito.
- Heitor? Ela o chamou mais uma vez.
- Sim, Elisa?
- Acerte a Harpia agora!
- Heitor rapidamente pegou uma de suas flechas, beijou rapidamente a pena, empunhou o arco com sua mão direita já que era canhoto, visualizou o alvo com seu olho esquerdo, e armou com a sua mão esquerda, a Harpia pareceu encara-lo nos olhos no momento que a flecha foi disparada como se sentisse o presságio de sua morte e numa questão de segundos ela estava caindo.
- Belo tiro! Disse Claus ofegante num ultimo suspiro.
- Claus!!! Gritou Heitor enquanto Elisa estava de olhos fechados, seus lábios se movendo como se pronuncia-se algum feitiço.
- Salve-o Elisa! Elisa abriu seus braços, seus pés juntos no chão, seus olhos se abriram, estavam completamente brancos, era como se a gravidade de repente começa-se a trabalhar a favor dela, seus cabelos pareciam ser puxados para cima pelo vento, um enorme tufão que a circundava, sua origem parecia ser do solo, seus pés estavam a cerca de vinte centímetros do chão.
- Elisa? Sussurrou Heitor. Mas ela parecia estar em outra dimensão, o corpo de Claus de repente começou a se decompor, Heitor viu seu amigo de repente sumir, o mesmo acontecia com a harpia, ambos se tornaram cinzas, Elisa de repente caiu, seus olhos voltaram ao normal. Heitor correu na direção dela. Elisa, você está bem?
- O que aconteceu comigo Heitor?
- Você não se lembra?
- Sim,mas o que aconteceu? O que significou tudo isso? É como se eu fosse uma quarta pessoa aqui. Ela vem e se apossa de mim como se não fosse eu, e assisto a tudo sem entender o que estou fazendo. È algo realmente louco Heitor.
- Se é rainha, mas o que aconteceu com Claus? No que o transformou Elisa?
- Não me lembro elfo.
- Então precisamos continuar. Logo descobriremos. Demora um certo tempo para acontecer a fusão.
- Pra onde vamos agora?
- Vamos para a floresta negra.
- Luna? Elisa pensou alto. Mas quem é Luna?
- Você se lembrou de Luna. Isso é bom, você realmente está voltando. Mas ao mesmo tempo você não se lembra. Disse Heitor dando um suspiro.
- Não. Ela consentiu confusa.
- Ela é uma espécie de sereia que você aprisionou na floresta, vive as margens do pântano.
- Uma sereia em um pântano? Eu aprisionei?
- As sereias foram amaldiçoadas por Afrodite e condenadas a viver em uma ilha isolada. Luna é uma delas porém é uma sirene, um ser metade ave e metade mulher, filha do deus-rio Aqueloo e da musa Terpsícore ou filhas dele com Estérope. Elas habitavam os rochedos entre as ilhas de Capri e a costa da Itália, eram tão lindas e cantavam com tanta doçura que atraiam os tripulantes dos navios que navegavam por ali e faziam com que eles colidissem com os rochedos e afundassem. Elas provocaram a ira de Afrodite e foram condenadas a viver em total isolamento.
- Mas e daí? O que tenho a ver com esta Afrodite? Disse Elisa completamente perdida.
- Elisa, o seu colar é que tem a ver. E não é “esta Afrodite”. É a Deusa Afrodite.
- O meu colar? O que tem ele a ver com essa Deusa.
- O colar da Vênus! Disse Heitor para Elisa. Entendeu agora. Ela é para os romanos a Deusa Vênus.
- Que coisa mais confusa elfo. Uma Deusa com dois nomes?
- É, concordo com você. Enquanto que para os gregos Afrodite simbolizava a beleza e a paixão sexual para os romanos ela era Vênus, a divindade dos jardins e do crescimento. Uma das sirenes amaldiçoadas por Afrodite, Psinoe que agora tem o nome de Luna, nome que ela adotou após conseguir fugir da ilha usando este colar que roubou do famoso pirata Edward Teach, conhecido popularmente como o Barba Negra. Bem isso pra ela foi bem fácil visto que ela era uma sirene controladora de mentes, ela descobriu que ele tinha em sua posse o colar da Vênus que estava junto com o grande tesouro, e fez ele apaixonar-se por ela e presenteá-la com o colar. Com o colar da Vênus, ela tomava forma de mulher de verdade e a maldição era quebrada. Após isso ela fugiu com ele, mas quando chegaram em terra firme ela o rejeitou e fez com que ele lhe desse todo seu ouro utilizando-se de seu poder. Mas Barba Negra era muito astuto. Teach encheu seus ouvidos e de cera e fingiu ser controlado por ela até que conseguiu tomar-lhe o colar. Depois disso, amordaçou-lhe para que não pudesse cantar e cortou-lhe as asas e a abandonou na sarjeta, e quanto ao grande tesouro enterrou num lugar secreto na ilha das sereias exceto o colar é claro que foi entregue a um marinheiro para que o mesmo sumisse com ele e depois regressasse, quando o Marinheiro regressou Teach o jogou aos tubarões e mesmo que Luna quisesse não poderia forçar ninguém a dizer onde o colar estava, pois ninguém mais saberia. O tempo passou e o colar reapareceu no pescoço de uma criança, você Elisa. Um presente de sua mãe. As noticias de que havia surgido uma menina com poderes extraordinários logo se espalhou, e é claro que até o que ela vestia, seus trajes, seu colar, cada característica sua. E ela logo que soube que o colar estava com você ela tentou roubá-lo, mas você lançou um feitiço nela e a aprisionou no pântano e lá ela está desde então.
- E agora vou passar por lá com o colar que ela tanto quer. Disse Elisa.
- Sim Elisa. Nós vamos.
- Que aventura hein! Disse ela sorrindo. Vamos andando então Nescuro! Nescuro levantou suas orelhas e fez sinal com a cabeça para cima. O que foi Nescuro? Elisa perguntou. Ele fez novamente o gesto e latiu.
- Ele quer nos dar uma carona Elisa. Disse Heitor. A caminhada é longa, com ele estaremos logo lá.
- Mas como assim? Ele ainda é um cachorro.
- Transforme-o na forma de monstro. Isso que ele quer que faça.
- Mas... Eliza estava insegura em como fazer.
- Concentre-se Elisa, pense no que quer e seu poder se manifestará, você precisa controlar seu corpo, catalise toda sua energia no colar, será mais fácil para você assim no começo. Para isso serve o colar. Elisa concentrou-se, fechou os olhos, pensou em Nescuro, na primeira vez que o havia visto, como ele a salvou naquele beco. De repente ela sentiu-se leve, era como se ouvisse as batidas de seu próprio coração, seus cabelos começaram erguer-se com o vento, pareciam dançar sozinhos, Heitor sorria vendo-a progredir, ela parecia ter parado de respirar, as serpentes começaram a mover-se em seu colar, os olhos de Nescuro se voltaram para o pingente do colar de Elisa, e ficaram completamente brancos, de repente Nescuro crescia desproporcionalmente, era algo assustador, uma transformação horrenda, mas rápida. Elisa abriu os olhos e lá estava o enorme lobo negro, ele então se abaixou para que eles montassem.
- Vamos nessa elfo?
- Vamos Elisa! Disse Heitor ajudando-a a subir. Nescuro então saiu em disparada com os dois montados nele.
- O que mais há nesta floresta que eu precise saber?
- A floresta negra hoje é território do Senhor das Feras Elisa, mas antes foi refúgio de muitos seres, pode haver qualquer coisa lá, seres que eu mesmo nunca tenha visto.
- Isso é mau! Disse ela.
- Esteja preparada Rainha! Elisa então olhou para espada que carregava e para capa de Claus e então suspirou. Droga Heitor! Foi quando ouviu um grito ensurdecedor vindo dos céus.
- O que é aquilo Heitor? Elisa passou as mãos na cintura de Heitor. Corra Nescuro. Mais Rápido. Heitor olhou para cima e viu as feras vindo na direção deles, eram duas criaturas horrorosas e completamente estranhas. Imagine um animal com a cabeça de um gorila, dois chifres, corpo de leão e calda de escorpião além é claro de uma língua de serpente. Deveria ter três metros de comprimento e pêlo ruivo.
- Droga Elisa, é uma espécie de mantícora, estamos em campo aberto, temos que sair logo daqui. Foi quando um deles girou no ar e sacudiu sua calda de escorpião lançando uma saraivada de espinhos na direção dos três. Abaixe-se Elisa! Gritou Heitor. Nescuro desviou rapidamente e começou a correr em ziguezagues. Elisa olhou assustada para os espinhos que caíram na terra.
- O que era aquilo? Ela perguntou.
- Espinhos envenenados Elisa! É melhor nos tirar daqui logo. Elisa tentava se concentrar, mas era impossível encima de Nescuro que corria feito um louco escapando das feras. Esqueça Elisa, não dá mesmo, e eu também não conseguirei atirar nenhuma flecha daqui de cima e se pararmos seremos alvos fáceis. Foi quando Heitor olhou para as manticoras e viu que elas voavam uma em direção a outra fazendo um “X” no ar, mas ele percebeu a tática delas tarde demais. Estamos fritos Elisa! Elas então lançaram outra chuva de espinhos, Heitor sabia que não daria para desviar desta remessa e por reflexo se abaixou, mas Nescuro era mais rápido do que Heitor pensava e deu uma meia volta incrível, passando abaixo das manticoras, os espinhos caíram a centímetros dele enfileirados, justamente onde ele pisaria, ele corria agora na direção inversa para floresta negra. Heitor estava abismado com a velocidade de raciocino de Nescuro. Boa Nescuro! Ele gritou, mas as feras continuavam a persegui-los e estavam agora emparelhando-se a ele, cada vez mais próximas.
- Eu tenho uma idéia Heitor!
- Diga Elisa!
- A capa! Ela disse. Mas Heitor não percebeu de imediato. Elisa então jogou a capa sobre ele, e assim Heitor desapareceu. As Manticoras ficaram aturdidas por um instante mas o foco era Elisa e não ligaram para ausência do Elfo. Cada vez mais próximas elas se preparavam para atacar, ergueram suas caldas, estavam a metros de Nescuro, quando Elisa ordenou: Pare Nescuro! Ele parou e elas passaram direto, a da direita ainda lançou seus espinhos que foram na direção da outra que esquivou-se velozmente sem ser atingida, ambas contornaram e partiram na direção de Nescuro enfurecidas. La vem elas! Disse Elisa. Está pronto amigo? Ela disse com a mão sobre a orelha horrenda e visguenta de nescuro. Ele assentiu com um breve uivo e eles voltaram a fugir das feras. Nescuro estava exausto mas era um amigo realmente dedicado e se esforçava ao máximo, mas era em vão as feras emparelharam-se uma a esquerda e outra a direita, elas pareciam tramar o ataque. Foi quando Elisa viu a capa caindo no chão e revelar Heitor vinte metros à frente, uma flecha armada. Foi muito rápido, as manticoras prepararam – se para lançar os espinhos quando a da direita recebeu uma flechada e caiu rodopiando no chão, mas Heitor não era tão rápido, seria impossível acertar as duas antes que elas atacassem e a da esquerda não titubeou e lançou seus espinhos, Nescuro saltou lateralmente protegendo Elisa e os dois espinhos o acertaram em cheio, Elisa caiu no chão.
- Nescuro!!! Ela gritou. Foi quando a fera foi na direção dela, Heitor então atirou outra flecha mas ela esquivou-se, era rápida demais. Então Elisa pegou sua espada, mas ela tinha outro problema, a manticora que havia caído estava de pé, a flecha presa na sua asa esquerda. Droga! Ela pensou, vendo a fera andar em sua direção, uma enorme cauda de escorpião balançando acima de seu corpo de leão. Heitor correndo e lançando flechas na manticora que ainda voava, ele não poderia salva-la. A manticora se aproximava cada vez mais de Elisa, Nescuro parecia estar inconsciente ou morto, Heitor bastante ocupado e suas flechas acabando, a capa deixada para trás estava caída no chão. Elisa tentava se concentrar, fazer algum feitiço que os salvasse, usar seu poder, o mesmo que a havia salvado do exército de mortos mas ela não conseguia. A fera então estava a dois metros dela quando algo impossível aconteceu. Heitor havia atirado sua ultima flecha, Elisa empunhando com dificuldade enorme a espada que pertencera a Claus, e as feras agora indo em direção as suas presas, ambos puderam ver as bocas das manticoras abertas e três afiadas fileiras de dentes de ferro. De repente um grito enorme cortou os céus e em um vôo rasante o animal foi na direção da manticora que atacava Elisa. A manticora tentou ataca-la com seu rabo, mas as garras da criatura simplesmente cortaram a cauda da manticora ao meio. Elisa pegou a espada e correu na direção de Heitor, a Manticora pronta para meta-lo.
- Heitor estava acuado, Elisa então jogou sua espada para ele , a fera pronta pra mata-lo, a espada arrastou o chão e parou na mão de Heitor, mas a fera acertou sua calda na espada e lançou-a longe. Elisa olhava para Nescuro mas ele permanecia lá inerte, o animal parecidocom uma águia lutava com a manticora, e a outra agora encurralara Elisa e Heitor. Elisa então fechou seus olhos, o pingente de seu colar brilhou, mas uma luz fraca. Heitor viu aquilo atônito.
- O que houve? Ela disse.
- Não sei Elisa. Foi quando a criatura atacou com sua calda Heitor jogou Elisa noi chão e a calda bateu com violência no local onde estavam.
- Que animal é aquele? Perguntou Elisa.
- É um grifo Elisa! Talvez o animal mais difícil de ser domesticado, mas por que ele está nos ajudando? A manticora voltou a ataca-los, Heitor sabia que estavam prestes a morrer. Foi quando a manticora preparou para lançar seus espinhos, Elisa e Heitor ficaram estáticos, a calda da criatura ergueu-se, a outra manticora ainda lutava contra o grifo. Elisa então fechou seus olhos, Heitor correu na direção dela. O grifo bateu suas asas e suas garras afundaram no peito da manticora mas ele não os salvaria a tempo. A fera então os atacou, mas inesperadamente uma flecha adentrou no pescoço da manticora, Elisa caiu no chão, Heitor foi na direção dela, as manticoras estavam mortas. O grifo voou até eles, Heitor levantou-se e viu uma mulher aproximando-se, um arco e flecha em suas mãos, mais seis mulheres atrás dela apontando as armas para eles.
- Heitor? Ela disse. Esta é Elisa?
- Ela foi atingida! Precisa nos ajudar! Ele então olhou para o Grifo que pousou a sua frente, de repente transformando-se em um homem. - Claus? Claus estava bem, mas cansado pela batalha.
- Acho que ela deu um jeito em mim. Mas estas aí são ...
- Sim, matadoras de homens! Disse Heitor, olhando para a mulher trajando uma vesti grega, um de seus seios simplesmente não existia, parecia ter sido cortado, todas as outras mulheres carregavam as mesmas características.
- Como vai Pen?
Continua...
Leiam meu conto Pena de morte - publicados sete capitulos.
Espero que estejam gostando!
Abraço a todos que me leêm!